“Hoje é quarta-feira em Seia”.
Esta é uma expressão que se usa há muitos anos, para dizer que há feira semanal na cidade. Que há movimento. Febras na feira, feijoada nos restaurantes e muita gente vinda das aldeias para fazer compras e "tratar de papéis".
Este é um verdadeiro fenómeno, uma tradição no sentido em que o povo segue conservadoramente através das gerações, este costume de se deslocar à sede do concelho.
E vendo bem, ainda há pontos nevrálgicos do buliço na cidade, outrora vila de Seia. A zona da Feira e o Mercado Municipal, ligados pela Avenida 1º de Maio. Uma artéria a ligar dois pontos de compra, apesar da quebra nas vendas. Apesar das superfícies comerciais. Apesar da modernidade. Apesar de tudo, a feira resiste como um fenómeno sociológico que importará preservar. Para manter a tradição. Autocarros das aldeias a trazer gente que vem fazer compras, levantar a reforma, que vem ao médico, ao Grémio, à Câmara ou às Finanças. Até o Presidente da Câmara atende às quartas-feiras!
Outros vêm comprar uma camisa nova para a “festa”, para a “Páscoa” ou para o “Natal”, ou simplesmente vêm “à feijoada”, ou porque apetece ver Seia assim, ou porque sim!
Quarta-feira em Seia ainda é o que era, sobretudo em três ou quatro épocas do ano. Natal, Páscoa e Agosto.
E hoje, é quarta-feira em Seia e dia de Feira semanal. Basta ver o trânsito, com engarrafamentos e problemas de estacionamentos. Nem a Variante resolve. Atenua. É a força da Feira e das pessoas que resistem em vir a Seia neste dia de semana.
Já se falou em acabar com a Feira. É uma questão que tem de ser pensada e amadurecida. Tão certo como hoje ser Quarta-feira em Seia.
2 comentários:
E comer uma bifana e beber um branco...Que saudades!
Como referes e muito bem a feira possui um cariz sociologico muito forte, neste e noutros concelhos. Ela encerra uma matriz de relações culturais e humanas unicas, um espectador atento pode perscurtar nesse dia inumeras relaçoes e conceitos que se proponha procurar.
O "boliço" desse dia traduz vivência e dinamismo.
Acabar com a feira,...ainda que se possam construir centros comercias e foruns...que caminho??'...o da organização, do desenvolvimento, de um mundo sem tradiçoes e afectos??'
Eugenio matos
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