sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Imagem de Seia

Busto de homenagem ao Dr. Guilherme, em frente ao Solar dos Botelhos, em plena praça da República, defronte para a capela romana de S. Pedro.
Este ilustre médico, que foi um verdadeiro "João Semana" tem também o seu nome associado á Escola EB 2,3 de Seia.

Imagem de Seia de outros tempos, com neve

Aguarda-se queda de neve na serra para voltarmos a ver imagens como esta, de outros tempos, nas pistas de ski de Loriga - Seia - Capital da Neve.
Os leitores do blogue que tenham imagens de neve de outros tempos, podem enviar.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

E se deixar de nevar na Serra?


O clima está mesmo a mudar, de forma drástica e com consequências altamente preocupantes. E não é só nos filmes!
Aqui na serra da Estrela os efeitos são bem visíveis, no dia-a-dia e a cada ano que passa. O tempo já não é o que era e neva cada vez menos. Faz frio no Verão, aquece cada vez mais no Inverno e até as andorinhas andam baralhadas. Este ano, por exemplo, estamos quase no Natal e ainda não nevou a sério. Havia anos em que começava a nevar fortemente no início de Outubro. Há poucos anos atrás, a cidade de Seia autodenominou-se inclusivamente a “Capital da Neve”!


Agora é o que se vê. Ou melhor, que não se vê. Não neva na Serra.
No Sabugueiro, a minha aldeia, há 25 anos atrás, por exemplo, tínhamos que abrir “carreiros” para se passar de umas casas para as outras e às vezes não podíamos vir para o Liceu de Seia porque a neve impedia a passagem. O Sabugueiro está a 1.050 metros de altitude. Agora, quando neva, normalmente é para cima da quota dos mil e quinhentos, ou seja, para cima da Lagoa Comprida.


Os comerciantes queixam-se que não neva, logo que não vendem. Até os pastores cá de baixo, da “terra chã” se queixam que não têm pastos verdes para dar ao gado.
Isto está mesmo mau e cada vez pior. Até o tempo! E quem está fortemente a pagar este descontrolo é o comércio em geral e o turismo em particular.
E nesse propósito, estaremos nós a preparar-nos para estas alterações? Não estará na altura de deixar cair certos mitos de que “a serra é só neve”? É que, segundo sei, o trimestre com maior ocupação de hotelaria na região é o terceiro, ou seja, Julho, Agosto e Setembro. Isso quer dizer que muitos visitantes e turistas querem da serra outras coisas que não o frio e a neve. Por isso, torna-se cada vez mais imperioso lançar outros tipos de actividades para oferecer aos turistas, sem contar apenas com a neve.


Pode parecer fastidioso dizer isto, mas a saída pode estar cada vez mais em projectos de animação turística e cultural. Já há bons exemplos, mas estes precisam de se multiplicar.
A vinda do residente da República por estes dias ao Interior, relançou a discussão sobre a importância do turismo e da cultura para o desenvolvimento da região. É bom que se tenha esta preocupação presente e se faça mais do que tem sido feito. A serra da Estrela não pode ficar para traz.
O Alentejo, por exemplo, está a renascer das cinzas, para o turismo, e como marca pode estar á beira de nos ultrapassar.


Isto não pode continuar assim. É preciso mudar, porque até o tempo já mudou. É preciso fazer alguma coisa mais!




Crónica de Seia, M.J.B. in Jornal Terras da Beira - 28 de Novembro de 2007


terça-feira, 27 de novembro de 2007

Politica sim, mas saudável

Em Seia por norma há um défice de debate político no verdadeiro sentido do termo.
Normalmente passa muito tempo sem que os responsáveis dos partidos políticos apareçam a dizer alguma coisa, a produzir ideias e depois, quando surge uma ou outra opinião, costuma cair o “Carmo e a Trindade”, ás vezes a roçar quase para o insulto gratuito ou a virar para a gincana política.
A política é a arte de esgrimir argumentos para satisfazer os problemas às populações e criar-lhes melhores condições de vida. Para isso há os partidos, que têm pessoas, eleitas para os seus órgãos, para trabalhar e trabalhar nos aparelhos políticos é, além de procurar mecanismos de manutenção do poder, provocar o debate das ideias e o confronto de opiniões, para depois o povo escolher os melhores. E é aqui que julgo que há um grande défice e chega a ser confrangedor, não ver os debates públicos, a decorrer de forma saudável.
Não quer dizer que não haja debate, mas é pouco e o pouco ás vezes é trauliteiro. Veja-se o recente comunicado do PSD sobre o Hospital de Seia, além de vergonhoso é demagógico e desproporcional. Estando a decorrer, como está o debate sobre as valências para o Hospital de Seia, o que seria curial e que merecia aplausos, seria o PSD manter uma posição mais institucional, e colocasse as suas propostas e não partir logo para o insulto barato, dizendo que o “poder socialista mata o hospital de Seia”.
Valha-nos Deus!
Discordar sim, mas partir logo para a ofensiva desta maneira, Não.
Eu próprio no seio do meu partido chamei a atenção para algumas situações que julgava não estarem a ser bem encaminhadas, apesar de algumas incompreensões geradas! Mas as coisas evoluem e o governo do PS está a dar sinais bastante importantes de que quer dar o melhor a Seia em matéria de Saúde.
Agora vir o PSD a utilizar logo o verbo "Mata" e "Esfola", é demais!
Mas esta situação é muitas vezes transversal a outros partidos. A sensatez nos discursos também faz falta e as populações apreciam.
Por mim, que estou a procurar dar passos no plano politico a nível local, na medida em que posso, tenho tentado e vou continuar a tentar enveredar por novas formas de acção politica, para humildemente dignificar a actividade. As minhas prestações, encaro-as sempre numa perspectiva de participação activa e em espírito de missão. Procuro dar á comunidade, através da política, contributos válidos, como já o tenho feito ao longo dos anos, noutros planos.
A vida é assim e sem medo de me expor, porque estar na politica é isso, é estar mais exposto, é subir ao palco e falar, á vista de todos, quer gostem, quer não!
Por isso, aqui estou e estarei neste blogue como em qualquer outro palco.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Imagem de Seia, há 74 anos

Imagem de Seia, em 1933, pintada pelo saudoso Mestre Tavares Correia.

Imagens de Seia 3

Fonte das 4 Bicas. Ex-libris da cidade, ao pé da porta para a serra da Estrela.

Imagens de Seia 2



Estátua Afonso Costa, em pleno centro da cidade, para recordar que este ilustre republicano era natural de Seia, uma cidade que forneceu ao país, ao longo dos anos, várias "estrelas" de constelações diversas.




Imagens de Seia

Imagem do tear, em plena praça Joaquim Fernandes, em Seia, bem perto da ex-Fisel, simbolo de um passado em que o sector têxtil foi actividade predominante no concelho.

Governo aposta na saúde em Seia


A Santa Casa da Misericórdia de Seia já tem “luz verde” da Administração Regional de Saúde do Centro para avançar com a construção de uma Unidade de Saúde, que engloba unidades de internamento de Cuidados Continuados e Centro de Recuperação Global. A referida Unidade, que deverá ficar situada na Folgosa do Salvador, irá possuir a Unidade de Cuidados Continuados, com 30 camas, em quartos individuais. O Centro de Recuperação Global terá as áreas de reabilitação, fisioterapia, terapia ocupacional e de reintegração.
Esta é uma boa noticia que vem de encontro ao que tenho defendido e que é o facto de uma instituição particular de solidariedade ter este tipo de valência, como complemento ao Hospital de Seia. Agora o que se espera é que o Hospital, para além de dever ter também 12 ou 15 camas para este tipo de "cuidados profundos", possa reforçar a cirurgia de ambulatório nas várias especialidades, incluindo oftalmologia, bem como o reforço da medicina física e de reabilitação.

Isto é o que eu acho, e vale o que vale.

Contudo, uma coisa é certa, o governo está a dar mostras de querer apostar na saúde no nosso concelho, como dá também noutras áreas. Esse é um dado indesmentível. O que tem sido mais discutivel, e isso é sempre bom, tem sido o debate em torno das supostas melhores ideias para seguir os melhores caminhos, sem medo de delito de opinião e sem partidarite, porque a saúde assim o exige.

Socrates anuncia autoestradas, e nós?

O Presidente da República veio ao Distrito da Guarda dizer aquilo que nós já calculávamos que viesse dizer. No fundo, Cavaco Silva ampliou para o todo nacional aquilo que todos falamos frequentemente, - que o interior está a ficar desertificado, que é preciso aumentar a natalidade, fixar empresas, apostar no turismo, transferir mais competências para as autarquias, etc.
Tudo meras intenções. O pior é o resto, e o resto é mau, muito mau.
Da nossa parte, aquilo que mais se pede agora é a execução dos famosos Itinerários Complementares (IC’s) para nos tirarem deste buraco em que estamos metidos.
Para já o Secretário de Estado tem dado garantias de que os IC’s vão avançar. Temos razões para acreditar, todavia, temos direito às nossas reservas. È que Sócrates anunciou, ele próprio, nos últimos dias Auto-estradas para o Interior e sobre os famosos IC’s não falou nada. Será que ainda vai anunciar?
E se um dia destes o Secretário de Estado Paulo Campos se vai embora numa eventual remodelação do Ministro Mário Lino, não ficará esta pretenção comprometida?
Não queremos ser aves agoirentas, mas seria imperioso que o Primeiro Ministro viesse a Seia inaugurar o CISE, por exemplo e aí anunciasse o avanço das obras?
É só uma ideia.

sábado, 24 de novembro de 2007

Assuntos nacionais da actualidade

Dos assuntos nacionais que estão na ordem do dia, apraz-me destacar aqui um punhado deles.
O primeiro tem a ver com a passagem das estradas para o domínio de uma empresa pública. Está bem de ver que se trata de uma questão de engenharia financeira. Ou seja, o estado não tem dinheiro para as estradas, logo, passa as estradas para uma empresa e assim pode ir á banca!
Nas Estradas de Portugal ficamos mais descansados, quando é anunciado o nome do administrador da empresa a criar, nem mais do que Almerindo Marques, ele próprio, o mesmo que endireitou as finanças da RTP.
Outro assunto da ordem do dia é a profissionalização dos partidos. Luís Filipe Menezes parece que quer profissionalizar o seu PSD. Faz bem e outros partidos deviam fazer o mesmo. É que a sociedade muda, tudo muda e só os partidos parecem funcionar como há trinta anos atrás.
Por fim, tem-se falado muito de Hugo Chavez, mas o melhor que já li nos últimos tempos sobre o assunto foi a crónica de Miguel Sousa Tavares no Expresso de hoje
http://www.expresso.pt/

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

baile de solidariedade


A Associação Equestre "Entre Amigos" vai levar a efeito esta sexta feira dia 23 de Novembro um baile apoiado e oferecido pelo grupo Alta Frequência, com o fim de arranjar um tecto para esta instituição poder dar aulas de hipoterapia às pessoas com deficiências.
Esta é uma iniciativa meritória da Associação incrementada e dinamizada por Mónica Monteiro.
Compareçam, divirtam-se e colaborem.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Cavaco inaugura Museu em Gouveia

O Presidente da República vai inaugurar no próximo dia 24 de Novembro em Gouveia o primeiro Museu de miniaturas automóveis do país.
Cavaco Silva visitará ainda a Fundação D. Laura dos Santos, em Moimenta.
O museu surge de uma parceria entre a autarquia de Gouveia, Clube Escape Livre, Automóvel Club de Portugal e Fernando Taborda, coleccionador que cedeu a sua colecção de automóveis em miniatura ao museu. Este novo museu dispõe de salas dedicadas à exposição de miniaturas automóveis, tendo algumas exposições permanentes e outras temporárias e temáticas, com uma rotatividade que variará entre os três e os seis meses.No total, estarão expostas entre 2.500 a 3.000 miniaturas. Um outro espaço será dedicado ao fenómeno automóvel, em geral, e será dinamizado pelo Clube Escape Livre. Aqui serão realizadas, trimestralmente, exposições, colóquios ou conferências, relativos ao automóvel.
Esta é mais um complexo ao serviço do turismo cultural que se aplaude.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Mergulhadores retiram lixo da Lagoa


Nos dias 17 e 18 deste mês de Novembro, teve lugar uma acção de limpeza na Lagoa Comprida, em plena Serra da Estrela. A diferença desta acção de limpeza foi ser feita num meio pouco usual. Foi subaquática.
Um grupo de 9 mergulhadores liderados por Francisco Borges e Fernando Cardoso com o apoio da MERGULHOCEANO e CASAS da RIBEIRA, efectuou dois mergulhos com a duração total de cinquenta minutos á profundidade de 15,40 metros, com excelente visibilidade, cerca de 5 metros.
Os mergulhadores, além de serem acompanhados de várias trutas curiosas (!) conseguiram uma recolha de lixo de aproximadamente 6 kg. entre garrafas, latas e sacos de plástico.
Foi com muita satisfação que toda a equipa de mergulhadores e organizadores, onde pontua João Trabuco, das Casas da Ribeira, repararam que a Lagoa Comprida está bem preservada do ponto de vista ambiental, goza de excelente saúde!
Agua de boa qualidade, muita quantidade de vida (peixes) e muito pouco lixo.
Estão todos os utilizadores desta lagoa de parabéns.


A equipa de mergulhadores, convidados de João Trabuco, das Casas da Ribeira, numa acção simbólica de limpeza, nos fundos da Lagoa Comprida.

O (pouco) lixo retirado do fundo da lagoa, com as trutas a acenar, aos mergulhadores,...



Dentro da Lagoa, sem frio...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Itinerários Complementares para Seia e região, já!


Está aí na ordem do dia a discussão lançada pelo governo sobre a questão dos traçados dos futuros IC’s – Itinerários Complementares, no âmbito do Estudo de Avaliação Estratégica para o Desenvolvimento da Rede Rodoviária Nacional da Região Centro Interior.
Para já resulta claro que o governo está a dar sinais bastante positivos do que pretende para o desenvolvimento do interior do país. E o concelho de Seia pode ver finalmente abrir-se a possibilidade de ser desencravado deste buraco em que está metido.
Considerando que o concelho de Seia se situa na confluência de diversos concelhos e no eixo das várias ligações entre si e as principais cidades da região – Viseu, Coimbra, Guarda e Covilhã, não devemos perder tempo e dizer claramente o que queremos. E o que se quer é que o IC6 passe entre a Póvoa das Quartas e Folhadosa, ou Torroselo, iniciando-se aí o IC37 para Viseu e o IC7 para Fornos de Algodres, onde terminará na A25 (Vilar Fomoso-Aveiro).
Nesse sentido, ao governo pede-se a maior urgência na execução destes traçados, cuja falta está a comprometer seriamente a economia regional.
Todavia, entendo que a comunidade local deve por de parte, de forma liminar, a questão dos túneis da serra da Estrela, que em nosso entender apenas servirão como pretexto para se atrasar ainda mais a execução das vias de acesso mais rápido a esta região.
Estas questões devem por isso ser transmitidas ao governo e aos partidos políticos para que se conheça a posição de força de Seia.

Valências do Hospital de Seia


Numa altura em que se discutem as valências para o Hospital de Seia, julgo que é pertinente que as entidades responsáveis saibam ouvir os anseios das populações, antes de serem tomadas decisões que possam não ser as mais adequadas ás necessidades das pessoas.
Para já o que se sabe é que o Hospital vai ser integrado na Rede Nacional de Cuidados Continuados, mas tal decisão pode ser precipitada, podendo por isso ser reivindicadas outras valências mais adequadas e conducentes às expectativas dos cidadãos.
Esta posição resulta do facto de haver em Seia vontade por parte de uma ou mais instituições privadas em criarem este tipo de Unidades de Saúde que englobem unidades de internamento de cuidados continuados, de cuidados paliativos e recuperação global; pelo que não fará muito sentido este tipo de iniciativa no âmbito do Hospital.

De resto, julgo que não se deve correr o risco de se transformar o hospital de Seia num hospital de rectaguarda, ou mais exageradamente, um lar de isosos acamados!
Neste contexto, é também pertinente questionar se vão ser mantidas ou não as actuais valências de Medicina Interna e Cirurgia, porque isso seria ainda mais grave para a satisfação das necessidades dos doentes de Seia e da região.
Por isso e porque se está em fase de discussão de projectos para o futuro do Hospital de Seia, julgo que é oportuno uma posição de firmeza e recomendação de modo a poder dar-se ao concelho e á região os serviços mais adequados em matéria de saúde.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Serra da Estrela. De quem é a marca?


A serra da Estrela como destino turístico tem sido um fiasco autêntico. Isto dito assim de rajada pode parecer cruel e assaz injusto para quem trabalha afincadamente na área, mas a verdade é que, aquilo a que nós assistimos, em matéria de política turística é a uma autêntica manta de retalhos em termos de gestão global do sector.
Vêem-se projectos pontuais de sucesso e pouco mais.
Há 30 anos que se fala que a serra é um gigante adormecido, que tem muitas potencialidades, etc., etc.
Passam os anos e a conversa é sempre a mesma. De quando em vez encomenda-se um estudo, um projecto e o resultado é sempre igual – é preciso avançar com uma estratégia global capaz de dar o dinamismo que o sector merece e carece! O PETUR foi um exemplo recente disso mesmo e é caso para dizer, “tanto trabalho para quê?” É que não deu em nada e gastou-se o dinheiro.
O drama é que os anos passam e não se passa daqui. Da espuma das intenções do colectivo, depressa se vai na onda do “cada um por si”, porque há muita gente a mandar na serra e no sector em verdadeiro espirito de capelinha. São as Câmara Municipais cada uma a puxar para si, é a Turistrela, a AIBT, os Bombeiros, a GNR, e Região de Turismo. Até os Governos Civis – Guarda e Castelo Branco às vezes chocam.
E como é que uma região pode ser vendida se não há uma estratégia global definida! E como é que se define uma estratégia se não há um comando central? Um dono da marca que faz a gestão dessa marca?!
Ainda recentemente o professor Daniel Bessa, que curiosamente está a fazer mais um estudo para a região (?) defendeu, na conferência do Cine’Eco de Seia sobre Desenvolvimento Sustentável, isso mesmo, a existência de uma entidade com plenos poderes e meios para gerir a marca “Serra da Estrela”. E nessa mesma conferência foi dado um bom exemplo prático de como estas coisas funcionam com estratégia e um comando próprio - as “Aldeias de Xisto”, - um projecto de desenvolvimento turístico que abrange 23 aldeias do Pinhal Interior.
A serra da Estrela está farta de palpites e de ideias desgarradas.
A Região de Turismo podia ser a verdadeira gestora da marca “Serra da Estrela” e aglutinar em seu redor todos os outros parceiros, mas não tem capacidade técnica e financeira para o fazer. A menos que a dotem de meios suficientes ou então se crie uma agência que levante esta empreitada do chão.
Tudo isto fica ainda mais complicado quando se ouve dizer que a Região de Turismo da Serra da Estrela irá passar a integrar a Região de Turismo do Centro.
Mas como somos espectadores e não actores deste filme, ficamos a ver da bancada, as cenas deste e de outros capítulos na vã esperança de não andar mais trinta anos a ouvir e a falar do mesmo.

Mário Jorge Branquinho
In Jornal Terras da Beira, Guarda 8 de Novembro de 2007

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Direcção de Estrada, abandono, gargalhada e publicidade


A aldeia do Sabugueiro, foi desde tempo imemoriais, terra de pastores, perdida na serra da Estrela.
Nos finais da década de 1970 começou a despertar para o turismo, com o surgimento de pequenas lojas de venda de charcutaria e artesanato, impulsionadas na grande maioria por pessoas anteriormente ligadas a outras actividades, nomeadamente ao operariado têxtil.
De então para cá nunca houve uma política de planeamento para este sector turístico, que aos poucos foi emergindo.
Por alturas de Inverno o país inteiro ouvia falar dos acessos condicionados à serra, com a queda de neve a partir do Sabugueiro, ou dos engarrafamentos aos fins de semana na estrada de acesso ao maciço central e pouco mais. Ou seja, esta aldeia turística tem estado ao longo destes mais de 30 anos votada ao abandono por parte das várias entidades responsáveis.
Este lado da serra foi sempre esquecido ao longo dos anos sem que ninguém fizesse nada, a não ser criticar os comerciantes, que foram fazendo pela vida. Comerciantes esses que ainda foram os poucos a animar a economia desta zona, mal ou bem, mas sempre entregues à sua sorte.
Tudo tem passado ao lado desta encosta, quando há muitos anos se pede pelo menos, a valorização do eixo Viseu – Seia – Torre.
Para vermos ao ponto que isto chegou, basta olhar para a estrada da serra – EN 339 - parece um autêntico “caminho de cabras”, agora remediado com a colocação de “railes” de protecção e de uma placa a informar “Piso degradado”. Cosméticas essas quase sempre efectuadas uns dias antes de passar a volta a Portugal em Bicicleta.
Neste quadro terceiro mundista, surge então a gargalhada geral para rematar. A Direcção de Estradas da Guarda notifica os proprietários para pagarem as licenças de publicidade dos seus estabelecimentos. Talvez a verba suficiente para pagar os tais railles de protecção agora colocados numa das estradas mais inseguras do país.
Salvo melhor opinião, as referidas taxas serão cobradas pelo Município, que em devido tempo transferiu tal responsabilidade para a Junta de Freguesia.
Posto isto, os cerca de 50 comerciantes fizeram um abaixo-assinado de protesto e indignação que poderá não ficar por aqui.
O minimo que pedem às diversas entidades responsáveis, é que primeiro se façam as obras mínimas necessárias e se proceda depois aos respectivos pagamentos de taxas e outras licenças, a quem de direito, sob pena de se estar a aniquilar o ganha pão de muitas famílias desta zona.
É caso para dizer que este é um assunto sério de mais para a brincadeira ou,... incompetências políticas!

Mário Jorge Branquinho
In Jornal Terras da Beira, Guarda 23 de Agosto de 2007

Associativismo enfraquece e o combate arrefece


Hoje não venho aqui falar de assunto muito sério.
Estamos no Verão e a época aconselha relaxamento e descanso, na frescura dos dias e das leituras ligeiras, em dias quentes de Agosto.
Quem escreve crónicas em jornais, ainda que esporadicamente, chega ao Verão e procura aligeirar a escrita e assim sendo, o melhor é girar em torno desse chavão que se chama “reflexão em tempo de Verão”.
No nosso caso, o exercício tanto nos pode levar ao muito que fizemos nos últimos meses, como ao que nos devemos propor para os próximos, no putativo afã do contributo para a causa pública.
Pode parecer estranho para quem pensa que não podemos fazer muito pela comunidade, no entanto, há sempre um espaço para o nosso dever de cidadania, para o modesto contributo em prol da dita.
E tanto contribuímos fazendo, como fazendo fazer, escrevendo ou brincando nas entrelinhas do que se vê e se pensa.
Do que se tem visto, sobressai um défice de participação cívica em muitos sectores da sociedade, o que não é de estranhar nos dias de hoje, ou porque não estamos para perder tempo, não ganhar dinheiro, evitar “chatice”, ou outra contrariedade qualquer.
O associativismo, já se sabe, enfraquece e até o combate arrefece. “Já nada é como dantes”, cada um trata de si!
Do que se sabe e do que se vê, pouco estimulo também tem sido dado aos poucos que muito fazem pela comunidade – no clube, na banda, no rancho, no jornal, no bairro, na vida e pela vida colectiva.
Quem não cuida dos seus que se cuide e as ditas entidades oficiais, locais, nacionais e outras que tais, têm uma palavra a dizer, que é como quem diz, precisam de acarinhar os seus para uma sociedade mais dinâmica e uma região mais prospera.
No desapego dos que partem e na indiferença dos que ficam, reina a melancolia desta história toda, a ver medrar o marasmo e a marcar no ferrete os mesmos que ainda vão fazendo.
As terras valem pelas pessoas que têm, pela sua valentia, ousadia, dinâmica e acção empreendedora. O pior é quando o espírito de missão se apaga.
Valha-nos a resistência dos que vão pelo seu próprio pé.

Mário Jorge Branquinho
In Jornal Terras da Beira, Guarda 9 de Agosto de 2007