segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A propósito do Orçamento da Câmara de Seia para 2015


O meu discurso na Assembleia Municipal de hoje

Depois de termos debatido internamente nos órgãos próprios do PS, o Orçamento da Câmara e outros documentos relevantes para o concelho, como é habitual, gostaria de partilhar convosco, aqui e agora, algumas ideias que considero pertinentes, relativamente a este documento que vai nortear a vida do município no decorrer do próximo ano.
O que ressalta desde logo, é a continuidade da contenção orçamental, por contingências internas e das obrigações a cumprir no quadro do PRF e PAEL, e ainda sob vigilância da DGAL, baixando de um montante de 21 milhões do ano passado para 19,5 milhões de euros.

Um emagrecimento que mantém no entanto o investimento possível e necessário, tendo em conta outra contingência, que é o facto de nos situarmos entre dois quadros comunitários – um que ainda não fechou em definitivo e outro ainda em preparação.
Neste quadro de dificuldades, o município dá-nos confiança de conseguir conciliar a necessidade de investimento com o esforço suplementar de diminuição da divida, cumprindo as suas obrigações, como entidade de boa-fé e de boas contas.
Por isso, e muito para além da aritmética dos números, que qualquer um de nós já leu e percebeu, importa falar do rumo político e das opções seguidas no quadro autárquico para 2015.

Uma linha, onde teremos de continuar a dar estímulo e ânimo ao executivo para que possa continuar a promover a procura de desenvolvimento económico como tem vindo a fazer, com parcimónia e persistência. Com a noção de que nem tudo surge de uma hora para a outra. Já começaram as obras da barragem de Girabolhos, que vem dar algum dinamismo temporário, mas é preciso persistir e alargar o esforço nos outros domínios de busca de investimento. Um caminho e um esforço que tem de ser ancorado na disponibilidade de todos, de quem governa e de quem é oposição. E o que se tem verificado, permitam que o diga, é que se instala em Seia, uma espécie de obscurantismo, por parte de alguns setores, do chamado Banco Mau, que persistem na maledicência e no permanente bota-abaixo, como se o pior para o concelho seja o melhor para o mundo deles.

espírito crítico não pode ser confundido com bota-abaixo, porque só um espirito de discussão franca e construtiva pode fazer mover montanhas e neste caso ser benéfico para o concelho. Estimulo, bom-senso e boas palavras é o que é preciso também!
Voltando ao documento, é importante frisar o empenhamento redobrado nas funções sociais do município, seja na área da educação, saúde, habitação e ação social, sempre na perspetiva de que as pessoas estão em primeiro lugar.
Que as pessoas não são números.

É preciso lembrar os financiamentos para refeições e transportes escolares, a reconstrução de habitações, o apoio e encaminhamento de famílias carenciadas, apoio na compra de medicamentos, isenções de taxas, licenças, etc., etc. Nesta área a Câmara substitui muitas vezes aquele que devia ser o papel do governo no apoio aos mais desfavorecidos.

Naturalmente que compreendemos que as maiores fatias vão para saneamento, resíduos sólidos, água, luz pública e operações de divida e salários, mas isso não impede que a ação social e outras necessidades primárias sejam salvaguardadas.

Num tempo tão difícil, a área cultural tem também contribuído e deve continuar a contribuir para dar notoriedade a Seia, promovendo a inclusão, participação, formação e valorização cultural dos nossos munícipes, reforçando a nossa auto-estima e devolvendo em simultâneo o orgulho da nossa identidade e matriz cultural, um caminho que deve continuar, para que o marasmo nunca se instale no nosso concelho. E sobretudo a ideia de que só o conhecimento e a Inovação são decisivos para a valorização da pessoa e desenvolvimento dos territórios.

Assim como no Turismo, uma área que não aparece nos documentos como rubrica própria, mas que surge disseminada em vários domínios, o que não quer dizer que seja uma aposta menor, pelo contrário.

Quando falamos na melhoria de uma estrada ou na reivindicação de melhorias para o maciço central da Serra da Estrela, falamos de turismo.

Quando falamos de feiras e realização de outros eventos – das aldeias de montanha, das aldeias do baixo concelho e de festivais culturais, falamos de turismo.

Quando promovemos produtos e empresas hoteleiras e de outros ramos do concelho, falamos de turismo.

Quando articulamos com várias entidades, ações promocionais do nosso território, ou quando fomentamos intercâmbios ou promovemos na comunicação social as boas práticas que se realizam no nosso concelho, falamos de turismo e valorizamos este importante setor económico.

Quando reforçamos a marca Seia nas ações desenvolvidas, assim como as valiosíssimas marcas - Serra da Estrela e Queijo da Serra, estamos a apostar no Turismo. Não é por acaso que quando se fala de Seia no exterior, se associa logo ao Queijo da Serra e à Serra da Estrela.

Mas claro, é sempre pouco, porque este setor é vital para o nosso concelho, por isso necessitamos de captar mais investimento privado nesta área;

Necessitamos de melhorar o que está a ser feito, sobretudo através de projetos que contribuam para a diferenciação, acrescentando novos valores;

Necessitamos ser ambientalmente ainda mais cuidadosos;

Necessitamos de ter um site exclusivamente turístico de Seia, em complemento ao site da Câmara; de continuar a valorizar a rede de museus e espaços culturais, reforçando a promoção das nossas potencialidades, à medida que desenvolvemos mecanismos que aperfeiçoem a qualidade dos serviços que prestamos.

Para além da aposta no Turismo, é imperioso seguir o rumo do desenvolvimento económico noutras áreas e isso está espelhado nos documentos:

Quando se criam mecanismos de incentivo e atratividade para instalação de novas empresas;

Quando se requalifica a zona industrial, se disponibilizam lotes, se faz levantamento de antigas fábricas para poderem vir a receber novas indústrias;

Quando se elaboram dossiers de investimento e de atratividade concelhia;

Quando se prosseguem ações alinhadas com os parceiros sociais locais – Associação Empresarial, Associação de Artesãos, ADRUSE, etc.;

Quando se preparam projetos para o novo quadro comunitário de apoio, através da CIM das Beiras e Serra da Estrela, num espirito intermunicipal, de modo a podermos potenciar várias infraestruturas, como sejam – o Aeródromo da Serra da Estrela, um Living Lab no CISE, um Cowork nas antigas instalações da MRG, a reconversão do Planalto da Torre, o modo de funcionamento da limpeza de neve nos acessos à serra, etc.;

Uma palavra também para os Presidentes de Junta, que têm sabido interpretar o esforço do município, procurando também eles contornar as dificuldades com imaginação e empenhamento. As Juntas de Freguesia e demais instituições do concelho – Escolas, IPSS, coletividades, etc. são e devem continuar a ser molas impulsionadoras de progresso, ancorando a ação da Câmara, independentemente das cores partidárias de cada dirigente.

A dureza da realidade não permite grandes veleidades nem demagogias balofas. Este não é o Orçamento que todos queríamos, é o Orçamento possível, dentro da realidade que se nos depara. Por isso, resta-nos que o município continue a ser governado com sentido de responsabilidade e rasgo político, para ultrapassar barreiras e enfrentar desafios, procurando o melhor para o concelho, numa lógica de proximidade e de verdade. Só se diz o que se faz e só se faz o que se pode, sem falsas demagogias e reivindicando, reivindicando muito junto do Poder Central, esse monstro insensível que não tem dado sinais de sensibilidade para os problemas do Interior do país.

A realidade é dura e nenhuma conjuntura ajuda! E não há varinhas mágicas para resolver grandes problemas em poucos minutos. Por isso, e com base no que li na imprensa local, acho que a coligação Pelo Valor da Nossa Terra ou futuro Movimento Autárquico Independente de Seia - MAIS, como já vão insinuando, tem de ser realista e apresentar propostas concretas para a solução dos problemas financeiros da autarquia. Só isso!

Nós acreditamos nas pessoas e nas potencialidades do nosso concelho, assim como acreditamos que o PS é o Partido mais preparado para continuar a governar o nosso território.

Precisamos por isso, de continuar a trabalhar afincadamente, cada um no seu patamar e grau de legitimidade, porque Seia tem futuro e nós esperança em dias melhores!

Seia, 24 de Novembro de 2014
Mário Jorge Branquinho, PS


domingo, 23 de novembro de 2014

Tempo livre dedicado à politica, acreditando em melhores dias



Nos tempos livres estou na política. Ainda estou, porque desde pequeno acredito na nobreza da política, do espírito de missão que deve nortear os agentes políticos. Estou até ir embora! Mas enquanto estou e não desanimo, procuro responder aos desafios, na putativa esperança que isto melhore. Quase numa utopia a dissipar-se, mas pronto! Pelo menos até ver.


Assim, e num momento particularmente negro para o sistema político português, irei estar nestes dias em vários palcos, modestamente a ver e a contribuir, para a dignificação dos lugares que ocupo e valorização das acções que se entendem ser as melhores para levar à prática.

Esta semana estarei em duas Assembleias. Segunda-feira, dia 24 na Assembleia Municipal de Seia, que decorrerá no CISE a partir das 9:30 horas, para discussão e votação do Plano e Orçamento do Município de Seia para 2015, entre outros pontos e sobretudo Regulamentos Municipais. Num momento de grandes constrangimentos, em tempos difíceis, que se exige dinamismo, criatividade e persistência e ânimo.

Na sexta-feira, dia 28 de novembro estarei a presidir à Assembleia da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE) que decorrerá no Auditório da Casa Municipal da Cultura de Seia, a partir das 15 horas, e para a qual, todas as pessoas interessadas estão convidadas. Ali será apresentado o Plano Estratégico de Desenvolvimento Integrado da CIM-BSE e discutido e votado o Plano e Orçamento para 2015, entre outros assuntos. Um momento importante, numa altura em que estão a ser alinhavadas as principais linhas dos projectos que serão financiados pelo próximo quadro comunitário de apoio e que será por ventura a ultima grande oportunidade para a nossa região se desenvolver.

No sábado e domingo serei um dos congressistas do PS em Lisboa, onde espero que António Costa anuncie uma “varredela”, para limpar o partido e dar oportunidade a outros fora de esquemas, negociatas e vícios. Para dar a Portugal um novo rumo e concretizar uma esperança, num dos tempos mais negros da política portuguesa, minada pela corrupção, à esquerda e à direita.

No fim-de-semana seguinte integrarei uma comitiva socialista da Federação da Guarda ao Parlamento Europeu, para reivindicar ajudas para esta região Interior do país. Um Distrito marcado pela desertificação e permanentemente ostracizado pelo Poder Central.

E assim vou continuar, uma espécie de voluntário político, que vive do seu salário e que nos tempos livres ainda sonha poder dar pequenos contributos para a política, local, regional e nacional. Pelo seu próprio pé e convicção sua. Assim vou, pelo menos, por enquanto. Enquanto não desisto e vou na ilusão de melhores dias.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O CineEco de Seia na Amazónia



O CineEco como imagem de marca de Seia, na qual o município tem vindo a apostar, contínua o seu percurso de afirmação no mundo, consolidando-se como festival de cinema ambiental de referência. Por ser assim, continua a ser convidado para realizar mostras de filmes das suas secções competitivas em vários pontos do globo, porque como temos vindo a dizer, juntamos em Seia “o melhor da produção mundial”. Isto deve orgulhar-nos, enquanto senenses, enquanto pessoas que vibram com as vitórias. E por tão pouco, poupando o erário publico. Mesmo assim, o CineEco de Seia continua a disputar a “champions”. Ainda recentemente foi convidado para assumir a liderança da rede de festivais que fundamos - GFN e aceitámos apenas continuar a dar contributos no núcleo duro dessa rede networking de 26 festivais de todo o mundo.



Desta vez chegou-nos o convite do FestCineamazonia e dos seus diretores Fernanda Kopanakis e Jurandir Costa para integrar o Júri da competição e para realizarmos uma pequena mostra de filmes CineEco. E o resultado foi muito positivo. Por aqui tivemos oportunidade de ver um festival “impactante”, pelos filmes exibidos na competição e nas Mostras, assim como pelas atividades paralelas desenvolvidas – Debate sobre poesia, concertos, animações, homenagem ao ator Osmar Prado, etc. Várias atividades culturais com enfoque no cinema, com sessões para as quais também é mobilizado público escolar e público em geral. 




Enquanto em Seia o símbolo do festival é a campânula hermínii – planta endémica da Serra da Estrela, aqui o símbolo é o Mipinguari, uma criatura que faz parte de uma lenda da amazónia. Mipinguari cujo grito foi várias vezes entoado pelo apresentador Cácá Carvalho nas sessões de abertura.
Foi bonito ver a reação do público ao filme de Jorge Pelicano Ainda há Pastores?, e de ter o grato privilégio de ter sido portador de um filme que passados 8 anos continua a ser muito solicitado e debatido.



Foi igualmente gratificante estabelecer contatos com responsável do Instituto de Cinema Cubano, na perspetiva de realizarmos uma Mostra em Seia. Ou de estabelecer contatos com diretores e realizadores peruanos, diretores e jornalistas brasileiros, actores e diversas personagens do mundo das artes. Porque, como dizia há dias o Xavier, “vale mais um bolso de contatos que um bolso de dinheiro”! E no FestCineamazónia, valeu muito também pelos contatos, além de termos constatado que o CineEco é conhecido, reconhecido, estimado e admirado.




Com trabalho e saindo do nosso pequeno universo, conseguimos valorizar e alargar horizontes. Como se impõem em qualquer projeto, para valer a pena, porque a alma não é pequena. Nem pode! Para crescer, quase sem limites, como se faz nos grandes eventos, como fazem os festivais, como fazem os responsáveis do FestCineamazónia.



O festival decorre em Porto Velho, capital da Rondónia, que faz fronteira com a Bolívia, uma cidade com cerca de 500 mil habitantes e um clima muito quente e muito húmido, quase sempre acima de 80%. Durante 5 dias, e depois de uma longa e atribulada viagem de quase dois dias, tive oportunidade de estabelecer contatos, ver filmes, ver como se faz, falar do que fazemos, e sobretudo falar do CineEco e de Seia. Da tarefa bonita de explicar onde fica Seia, na Serra da Estrela, no Centro de Portugal. Um festival que não se realize em Lisboa!