quarta-feira, 17 de setembro de 2014

CineEco homenageado no Rio de Janeiro



Testemunho na primeira pessoa

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O CineEco, imagem de marca de Seia, foi por estes dias homenageado no Brasil, pela organização do Filmambiente, festival parceiro na rede Green Film Network. Uma distinção por ocasião dos seus 20 anos, na bela, mítica, complexa, rica, imensa e maravilhosa cidade do Rio de Janeiro.

Enquanto responsável do festival ao serviço do município de Seia e convidado a participar nas iniciativas, apraz-me dar testemunho público da experiência, relatada na primeira pessoa.

A homenagem constou de uma Mostra retrospetiva dos 20 anos do festival de Seia, que decorreu no Instituto Moreira Sales, onde participei no comentário aos filmes exibidos, na presença de alguns portugueses, entre eles o senense José Dinis, a trabalhar naquela cidade brasileira. Um outro senense, a residir no Brasil, Eduardo Pinto, juntar-se-ia igualmente ao festival, por estes dias, revelando dedicação, estima e grande generosidade no acolhimento.

Outro ponto da homenagem foi a realização de um debate sobre a evolução do cinema ambiental nos últimos 20 anos, com o mote lançado a partir da experiência do CineEco. 

Foi para mim uma honra ter sido um dos oradores do referido debate que decorreu no Oi Futuro, um equipamento cultural de referência no Rio de Janeiro. Um momento particularmente importante e impressivo, graças, mais uma vez, ao reconhecimento de Suzana Amado, pelo meu trabalho e pelo desafio que me lançou. Falar no meio de duas grandes referências brasileiras – Paula Saldanha, conhecida no Brasil pelo seu percurso de 40 anos como jornalista da Globo e realizadora de reportagens e filmes ambientais e o professor e economista Sérgio Besserman, um intelectual de renome no Brasil. Num debate moderado pelo também renomado jornalista da Globo, Agostinho Vieira.

Uma jornada rica de conteúdo, valorizada pelo exemplo português de que fui portador, num tempo de grandes preocupações ambientais, e na constatação das apostas necessárias no plano cultural, para a afirmação dos territórios. O exemplo dado por uma pequena cidade do interior de Portugal, onde um município aposta nas áreas culturais e ambientais, à sua medida, com poucos gastos, mas com alcance incomensurável.




Uma admiração partilhada também pelo cônsul de Portugal no Rio de Janeiro, Nuno de Melo Bello e sua esposa, que nos receberam num almoço oferecido a toda a comitiva do festival Filmambiente, em homenagem ao CineEco. Uma surpresa, termos sido recebidos num espaço de Portugal no Brasil e aí reconhecidos pelo trabalho feito na nossa terra, em Seia. Um almoço para o qual foi também convidado o Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio e Industria do Rio de Janeiro, Ricardo Vieira Coelho, a quem falei do festival e de Seia. No meio da surpresa e no momento alto e simbolicamente importante e sem protocolo, aproveitei a oportunidade para lhe transmitir a aposta que Seia faz nos seus produtos regionais e da necessidade de coloca-los noutros mercados, assim como da aposta que está a ser feita para atrair investimentos para este concelho. 


Um pretexto para criar laços e abrir caminho a contactos com o município, à semelhança do que já havia feito no FICA, em Goiás, com o início de contactos com administração de uma grande fábrica de calçado de Franca, do Estado de São Paulo e que lançou os primeiros sapatos biodegradáveis do mundo.

Enquanto director do CineEco, entendo que o festival deve alargar a sua acção à diplomacia e aproveitar as portas que em tempos difíceis se abrem, para que o município possa entrar, procurando capitalizar conhecimentos e acções decorrentes deste seu evento.

Tudo isto pode ser simbólico, vale o que vale, mas é seguramente um caminho a percorrer, fazendo-nos valer de uma marca que temos e do valor que lhe é atribuído no exterior. Porque independentemente das suas debilidades, é um ativo importante do município, e Seia deve orgulhar-se de ter um festival com 20 anos, que é reconhecido no mundo. E não é por acaso que este ano, teremos em Seia uma cimeira de 7 diretores de festivais de cinema de todo o mundo e mais uma vez sem grandes gastos, porque o festival é financiado por programa comunitário. 

Neste contexto, mesmo ainda antes de Seia prestar homenagem ao seu festival pela 20ª edição, que ocorrerá de 11 a 18 de outubro, foi o Festival do Rio de Janeiro, no coração do Brasil, a reconhecer a importância e grandeza do único festival de cinema ambiental que se realiza em Portugal e um dos mais antigos do mundo. Uma homenagem simbólica, pelo que acima se diz e ainda pela integração no Júri Internacional do meu companheiro de jornada neste percurso de 20 anos, Carlos Teófilo. Uma participação de referência na dinâmica do festival, nos laços criados e afetos partilhados.

Por tudo isto e muito mais, reitero enorme agradecimento a Suzana Amado, directora do Filmambiente, pela homenagem ao CineEco, que é uma distinção a Seia e também um agradecimento ao Presidente da Câmara, Carlos Filipe Camelo, por acreditar em mim, na condução do festival que idealizei e ajudei a lançar no longínquo ano de 1995.

http://www.filmambiente.com/