segunda-feira, 24 de março de 2014

Os que dizem que não se passa nada aqui


Os que dizem que não se passa nada em Seia são aqueles que não vão a nada e quando por raríssimo fenómeno vão, é para apontar defeitos. Não os vemos no cinema, num concerto, num espectáculo de teatro ou dança, numa festa, num bar, etc. , mas dizem que não se passa nada.

Esses tais, que felizmente são poucos e a gente pouco liga, mas que se alargam em considerandos e mesquinhices, são os mesmos que ao verem um evento num qualquer concelho vizinho, correm logo a alvitrar que ali é que é bom e se faz bem e que aqui é tudo um marasmo. Mas dizem que não se passa nada, admitindo mais tarde, quando confrontados, que haver até pode haver, mas não se sabe, porque não é bem divulgado. Não dão com um cartaz em montras da cidade, nem com outdoor’s ou mupis, ou notícia de jornal, nem rodapé de tv, nem sequer sabem onde fica uma agenda cultural digital do município. E quando dão por ela, num site ou num facebook bem perto deles, é quase sempre para dizer coisas do género, - de que é pobre, que é pouco – e quando há de facto um evento maior, - que é muito e se gasta dinheiro e que o melhor é não fazer.

Esses mesmos que nunca viram um filme do CineEco, um concerto de Jazz & Blues, mas que falam, por falar. Que desconhecem que há exposições permanentes em vários espaços da cidade e nunca se vêm por lá. Esses mesmos que nunca entraram no CISE, mas que o criticam, ou porque lá não se faz, ou porque o que se faz não presta. Nem uma entrada deles alguma vez foi registada, num qualquer museu de Seia. Esses mesmos que provavelmente nunca passaram de Valezim para lá, não conhecem Loriga, Teixeira ou Vide e todas aquelas belezas naturais do concelho. Esses que só foram à Cabeça, porque ouviram falar que este ano foi Aldeia Presépio e porque provavelmente viram e enalteceram o programa que a RTP transmitiu de lá em direto com muita música pimba. Porque sim, porque dá nome á terra e coisa e tal!

Esses que falam por falar, nunca pegaram num poema e o leram num qualquer espaço cultural da cidade. Nunca entraram numa biblioteca, ou se entraram foi para virem dizer que entra lá pouca gente. Esses mesmos que não contam em qualquer registo numa das mais de 30 mil entradas anuais na Casa da Cultura de Seia. Esses tais que não sabem da felicidade de disfrutar de arte em estado puro, de descodificar mensagens ou de alinhar uma conversa em torno de um qualquer objecto artístico usufruído por cá. Esses mesmos que não conhecem um palco, mas a localização de todas as lojas de marca num qualquer shopping de Viseu, Coimbra ou Lisboa. Que não gastam dinheiro num bilhete de cinema mas o derretem num qualquer comestível supérfluo, ou em farturas e foguetório em festas populares, que eles também desconhecem mas que frequentam e ninguém tem nada a ver com isso.

Não vão onde há eventos e por isso não sabem que todos os fins de semana há acontecimentos culturais, sociais e desportivos, mais ou menos relevantes no concelho. Que há muitos homens e mulheres envolvidos em projectos criativos e significativos no nosso concelho. Muito voluntariado, muito profissionalismo, pedagogia e excelência, a que muitas instituições e particularmente escolas, emprestam brilho e dedicação.

Como nós os compreendemos e como tão bem os descreveu Camões, sem os conhecer, quando os apelidou de “Velhos do Restelo” ou quando ao terminar os Lusíadas, lhe atribuiu esse terrível defeito, que é sempre dos outros - a inveja. Daí a critica, de que, se se faz é porque se faz e se não se faz, é porque não se faz.

Os que dizem o que dizem e felizmente são poucos, pensam que dizendo o que dizem, denigrem, mas julgamos estarem enganados, porque deles não haverá réstia de incómodo, nem propagação de má-onda, pela má-língua permanentemente afiada. Deles virá, antes, estimulo e entusiasmo, para todos nós, enquanto agentes da comunidade e atores do desenvolvimento local, nos envolvermos redobradamente pela positiva, para dar cada vez mais dinamismos à nossa terra e fazer das fraquezas paixão e inovação.



terça-feira, 18 de março de 2014

Partido Socialista de Seia lança debates no âmbito dos projetos para o próximo quadro comunitário de apoio até 2020



O Partido Socialista de Seia, nas suas várias reuniões recentes de Secretariado e Comissão Política, em sintonia com o Município, tem proporcionado o debate em torno das questões relativas aos projetos e ideias a lançar para o desenvolvimento de Seia no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio 2014-2020.

No seio desses debates, que o PS quer alargar a todos os seus militantes, mas também à comunidade em geral, estão as preocupações em procurar estruturar projetos e linhas de rumo criativas, capazes de gerar riqueza e estancar o despovoamento típico das zonas do Interior do país. Apostando num crescimento inteligente, para aproveitar os quadros superiores da nossa região, o PS pretende ir de encontro às linhas estratégicas que o município tem vindo a traçar, procurando desde logo implementar “projetos âncora”, que contemplam o capital humano, no âmbito da modernização administrativa; a regeneração urbana e projetos empreendedores, de investigação e com preocupações de eficiência energética.

No centro desses projetos, estará a preocupação de valorização do CISE, através da criação de uma espécie de “Laboratório vivo“ (Living Lab), que consiste em manter a sua matriz de educação e investigação ambiental, reforçando-se a componente de investigação, formação e empreendedorismo, procurando criar-se consórcios com iniciativas empresariais. Dentro do mesmo espirito, está também o município a trabalhar a ideia da criação de um denominado Cowork, nas antigas instalações da MRG. O Cowork, é uma espécie de campus/espaço criativo de desenvolvimento e promoção do empreendedorismo, que permitirá, por um lado, facilitar a emergência do empreendedorismo e, por outro lado, incubar ideias e negócios.

O desenvolvimento de parcerias neste processo é igualmente importante. Para além das entidades locais representantes dos diferentes setores económicos, está a ser equacionado o envolvimento de uma instituição bancária, no plano de ação territorial para a promoção do empreendedorismo para a CIM.
  
Outra das premissas subjacentes ao debate, será a necessidade de se valorizar as infraestruturas existentes, quer no caso do CISE, mas de outros equipamentos culturais, sociais e desportivos, onde se incluirá inevitavelmente o Aeródromo Municipal.

No quadro económico, há uma realidade que pode ser valorizada a partir de um cluster do sector dos lacticínios, já que Seia tem a maior concentração de fábricas de queijo de ovelha, que pode e deve ser valorizado, bem como o incremento das atividades agro-silvo-pastoris.

Muitas destas ideias e projetos entroncarão inevitavelmente na valorização da vertente turística do nosso concelho, no contexto da marca Serra da Estrela, bem como na valorização e reconversão de setores económicos, nomeadamente no setor das lãs e tecidos, agroalimentares e outras.

Estas e outras ideias estão a ser consolidadas, umas para integrarem o pacote de projetos supramunicipais, no âmbito da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE); outras no âmbito do município; outras no quadro das chamadas ITI’s – Iniciativas Territoriais Integradas; outras no Plano Operacional Regional e outras no quadro das chamadas DLBC – Desenvolvimento Local de Base Comunitária, onde se inclui a ADRUSE, ADRESE e outras associações de desenvolvimento local.

Tendo em conta que a estratégia 2020, deve ser assumida por todos os agentes locais, o PS de Seia, em articulação com o Município, está a lançar desafios às pessoas e instituições do concelho para darem os seus contributos, no sentido de valorizar as propostas a apresentar. Propostas para aproveitar os fundos disponíveis e com eles procurar desenvolver as melhores ideias para o progresso do nosso concelho.


Seia, 14 de março de 2014
Nota de Imprensa



segunda-feira, 17 de março de 2014

Eu na política e no movimento de cidadania


Contaram-me que o vereador do PSD e candidato derrotado à Presidência da Câmara de Seia nas últimas autárquicas me terá criticado, em “tom contundente”, pelo facto de eu ser “líder da bancada do PS às segundas, quartas e sextas” e dirigente de “Movimento não sectário nem partidário, às terças, quintas e sábados”. Vejam só, com tanta coisa importante para tratar, sou alvo de atenções destas!

Perante isto, cabe-me apenas dizer a Albano Figueiredo (AF) que qualquer pessoa com responsabilidades políticas, não está impedida de exercer ações de cidadania. E se há pessoas que não dão nenhum contributo para a comunidade de forma graciosa e voluntária, há outras que não param. Por mim, desde o tempo em que fui Presidente da Associação de Estudantes, que não tenho parado de dar o meu contributo como cidadão em várias coletividades. Neste caso, do Movimento MAIS, em defesa dos Itinerários da Serra da Estrela, é uma estrutura que ajudei a fundar em Julho de 2010, no tempo do governo Sócrates. E a energia e determinação que usava na altura, é a mesma que uso hoje.

Fico é espantado que neste caso dos IC’s, o assunto para o PSD seja o meu empenhamento redobrado nesta causa, - no quadro partidário e na esfera da cidadania. Pensei que para AF a questão central fosse a união de esforços para ver se ainda é desta que se consegue que o governo inclua a execução destes troços no mapa de prioridades, no pacote financeiro da comunidade que aí vem.

A mim toda a gente me conhece, sou o que pareço e se eventualmente não pareço o que realmente sou, sou aquele que se dispõe por causas, que não se acomoda, nem bate a porta e vai para casa quando não interessa. Não sou dos que desistem com facilidade! E nem me zango com facilidade quando me criticam, como neste caso. No entanto, por aqui apenas vou concluindo por estas e por outras coisas menores que ocupam o Presidente do PSD, que afinal o eleitorado de Seia lhe deu a resposta merecida. É preciso estar à altura e saber quando há causas que vão para além dos partidos e dirigir um partido ou ter pretensões a governar um município é ir além do romantismo das palavras. É bater o pé quando tem de se bater. E é preciso ter sentido de responsabilidade, porque há alturas em que é necessário estarmos unidos, numa espécie de “pacto de regime” e nesta matéria dos acessos à nossa região, devia ser um dos casos, independentemente da cor de quem governa. Mesmo criando incómodos e eu tive alguns no governo anterior, não deixei de vestir a camisola política ou de cidadão deste concelho. Com ou sem protagonismo, já que muita da acção se joga nos meios de comunicação, para fazer prevalecer o “empowerment”.

Temos de saber onde empenhar as nossas principais energias e não em fogo lateral e em “não assuntos”.

Cordiais cumprimentos no diálogo politico, para que não arrefeça a estima que deve sempre prevalecer, independentemente de divergências de ideias e pontos de vista.

Mário Jorge Branquinho, cidadão do mundo, com o seu currículo próprio


Nota: depois de escrever este texto, aconteceram as eleições para a Assembleia da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela. Apesar de o PS tem maioria naquela assembleia, pedi o voto do deputado do PSD de Seia e quero registar publicamente o gesto de adesão. Este é um exemplo, a par de outros em que devemos mostrar estar à altura nos momentos certos, sabermos optar pelo interesse do concelho e só depois no partidário.

quinta-feira, 13 de março de 2014

novos caminhos e desafios para Seia


Crónica de Seia *


Está a começar uma nova era do desenvolvimento, no que se refere à aplicação dos Fundos Europeus estruturais e de investimento no quadro da estratégia da União Europeia para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo e da promoção da coesão económica, social e territorial.

Saibamos nós agora organizar-nos no nosso concelho, na nossa região, no quadro intermunicipal, no quadro das associações de desenvolvimento, para fomentar novas frentes de criação de riqueza e dinamização do território.
Agora sim, temos de ser cada vez mais exigentes, inovadores e com influência e conhecimento suficiente para apresentar os melhores projetos, para fazer pela nossa região.

Já o temos feito e temos sido pioneiros nalgumas matérias, mas o concelho de Seia vai continuar a ir na frente, na exigência de programas de investimento. Tirar partido das nossas potencialidades, envolvendo as comunidades, para rentabilizar boas ideias e fazer progredir o concelho.

Os objetivos para a Europa até 2020 definidos pela estratégia “Europa 2020” acentuam a importância do crescimento da economia para debelar recessão económica e social que afeta este continente de que Portugal faz parte.

Para concretizar estes objetivos a UE definiu o quadro financeiro 2014-2020 de fundos estruturais a disponibilizar aos Estados Membros para que estes possam dinamizar projetos de desenvolvimento que permitam alcançar melhores níveis de emprego, inovação, educação, sustentabilidade ambiental e inclusão social.

No caso do nosso território, esperemos conseguir dinamizar os melhores projetos, contando com o apoio do Quadro Comunitário para viabilizar uma estratégia local que nos permita combater os nossos problemas estruturais.

Cabe-nos assim fazer o nosso caminho e exigir que ao governo que faça o seu…

É importante e estamos determinados a isso, a apresentar projetos inovadores no âmbito das chamadas ITI’s - Intervenções Territoriais Integradas, assim como nos chamados Grupos de Ação Local, continuando a juntar vários parceiros agentes de desenvolvimento. Inovação a partir do nosso elevado potencial diferenciador – a paisagem, a silvo-pastorícia, as indústrias criativas, a reconversão do têxtil, a aposta no turismo cultural e em muitos pequenos negócios, numa esfera de efeito multiplicador.

Para além da coesão competitiva, temos de continuar a evidenciar a importância da coesão territorial, para que não aconteça sempre o mesmo, tudo para os mesmos e nada para os mais distantes.

Temos de constituir também o nosso grupo de influência, criando e cimentando uma rede de amigos do nosso concelho, muitos deles espalhados por vários organismos da administração.

No Ranking “City Brand” recentemente divulgado, entre os 308 municípios, o concelho de Seia surge no lugar 79, dos que têm melhores condições para viver e investir. O estudo terá avaliado as categorias de Negócios na vertente de investimentos, visitas na vertente turística e vivências na vertente Talento.

Quer isto dizer que, segundo este estudo, Seia está inserido num quarto dos municípios com melhores condições para viver e investir. Este facto deve animar-nos a todos e estimular-nos para reforçar o desenvolvimento do concelho, porque como costumo dizer, Seia tem futuro.


Texto publicado no Jornal Terras da Beira, Guarda, 13 Março de 2014

quarta-feira, 12 de março de 2014

Gerir, conservar, reivindicar e abrir novos caminhos



O Poder Local tem sido ao longo das últimas quase 4 décadas uma grande mola impulsionadora do desenvolvimento das regiões do nosso país. Com o passar dos anos, as vicissitudes vão-se alterando. Hoje, por exemplo, governar uma Câmara Municipal, como é o caso de Seia, é em minha opinião, assentar a ação política em 4 vetores fundamentais: gerir, conservar, reivindicar e abrir novos caminhos.

Apesar do município ter um orçamento da ordem dos 20 milhões de euros, face à situação financeira, com pagamento da divida e de outros encargos fixos, como sejam ordenados, águas, resíduos, eletricidade e outros, sobra pouco mais de um milhão de euros. Neste sentido, quase que se pode dizer que o Presidente será um gestor de pouco mais de 1 milhão de euros em Opções do Plano. Ou seja, é preciso procurar fazer muito, com pouco dinheiro e muita imaginação, como se tem visto até aqui.

Outro vetor importante é o da conservação dos equipamentos existentes, bem como a sua dinamização. Essa é uma tarefa complexa, face à escassez de recursos, mas mesmo assim, importa continuar a desenvolver mecanismos de dinamização e de incremento de atividades, para dar vitalidade ao concelho. Falamos de equipamentos importantes no quadro de dinamização cultural e desportiva como sejam museus, CISE, Biblioteca, Casa da Cultura, Pavilhões, etc.

Em simultâneo, julgamos de elementar importância o peso politico na reivindicação junto do Governo para manter serviços da Administração Central, como sejam o Hospital, o Centro de Emprego, o Tribunal, a Escola de Turismo e Hotelaria e outros serviços, com a qualidade que os cidadãos deste concelho merecem. Ou reivindicando vias de comunicação em falta, como os Itinerários da Serra da Estrela ou novos serviços da administração central.

Por aqui o Município de Seia liderado por Carlos Filipe Camelo também tem feito o seu caminho, embora esbarre muitas vezes no muro do silêncio dos vários Ministérios. O que na atual conjuntura se verifica é que os Ministros ou não recebem os Presidentes de Câmara ou nem sequer lhes dão respostas a solicitações, tal tem sido a estratégia de afunilamento de governação do país e em particular do Interior. Não bastava o forte ataque que este governo tem feito ao Poder Local, para se constatar esta falta de abertura ao que é reivindicado, independentemente das cores partidárias de cada município.

Mesmo assim, a luta tem de continuar e as reivindicações devem acentuar-se, em defesa das populações destas regiões deprimidas, pelo seu isolamento.

Por último, cabe às autarquia abrir novos caminhos para captar investimentos e gerar riqueza, face a desafios surgidos num quadro de mudança de paradigmas. As receitas de ontem não são mais as mesmas para os problemas de hoje e os erros do passado devem servir para corrigir estratégias. É preciso captar investimentos e embora a indústria têxtil e calçado deem sinais de solidez no mercado atual, há outros caminhos que devem continuar a ser seguidos, no quadro estratégico rumo ao ano 20. E um dos caminhos será certamente pela via da valorização do setor primário, com incremento de produtos agroalimentares e de pastorícia, associados ao setor turístico, a precisar de novo empurrão. Iniciativas incrementadas numa lógica de partenariado e viradas para o resultado, assentando sobretudo nos efeitos diferenciadores, em lógicas de competitividade saudável e coesão territorial indispensável.

É certo que vamos ter nos próximos 4 anos algum dinamismo na economia local com a construção da barragem de Girabolhos, mas em simultâneo teremos de continuar a procurar novos investimentos, que é quem nos pode salvar, travando a saída de pessoas, fixando-as pelo emprego. Porque hoje, já não é só o Interior do país que sofre o flagelo da saída de pessoas para o estrangeiro, mas o país todo, com a debandada de mais de 120 mil pessoas por ano e uma grande parte com cursos de formação superior.

Neste contexto, de várias frentes de combate, há ainda que ter coragem e resistir, resistindo, para continuar a viver no Interior, para continuar no país!



Artigo publicado na última edição do Jornal porta da Estrela.