quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Memória das minhas putas tristes


Neste mês de férias, aumenta a diversidade de leitura, tantas vezes diametralmente oposta àquilo que pensamos ou conjecturamos durante o ano. Neste Agosto quente, já li o que não pensava ler e deixei também de lado, depois de começar, outros que julgava devorar ao correr da brisa de fim de tarde, ou principio da manhã.
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Da prateleira tinha retirado “Memória das minhas putas tristes” de Gabriel Garcia Márquez, um génio literário que foi Prémio Nobel da Literatura em 1982. Abri e vi que me tinha sido oferecido em 13 de Maio de 2005, com a seguinte dedicatória: “ Se os teus esforços não forem reconhecidos, não desanimes, pois até o sol ao realizar o seu mais belo espectáculo, a maioria da plateia continua a dormir”.
Na altura não o li, não tive tempo ou porque não me apeteceu e pronto, só agora, passados estes quatro anos, por acaso, o li, depois de outros profundos, regressando assim a Márquez.
E dei de caras com uma história engraçada de um jornalista que no dia em que faz noventa e um anos, resolve dar a si de presente, uma noite de amor com uma virgem. Então liga para Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar os seus clientes, quando tinha uma novidade disponível. Depois a história vai por aí fora, numa narrativa fresca e rica, como só Márquez sabe, ficando a saber-se que o homem percebe que continua potente, mas que tão simplesmente quer um amor, uma companhia. Descobre que nunca é tarde para amar, para ser amado e começar uma vida que nunca havia vivido. Uma vida mais completa, sem a monotonia de só escrever uma coluna dominical. Ou seja, percebe que nunca é tarde para começar.
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... E assim se preenchem os dias, num Agosto cheio de Gripe A, fogos, campanhas e outras monótonas tarefas próprias da silly season".

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