segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Balanço politico em Seia


Durante 2012 tudo o que correu mal a Seia, veio de fora.
Colapso e mais colapso, austeridade e mais austeridade, impostos e mais impostos e decisões erradas, que aos poucos vão esvaziando este interior cada vez mais “esquecido e ostracizado”, como na rábula do Herman José.
Durante o ano que agora termina, o Estado não fez obra nenhuma. Retirou investimentos que estavam assegurados, como sejam a remodelação da Escola Secundária e do Centro de Saúde.
Neste ano o governo lançou povos contra povos, ao querer “casar” freguesias à força, numa putativa reforma administrativa que tem tudo para não dar certo.
Lançou o IMI às cegas, obrigando o cidadão a desembolsar ainda mais do seu bolso, atirando o odioso da questão para cima das Câmaras Municipais, já de si condicionadas pelos sucessivos apertos financeiros. E para cima dos Municípios lançou também o odioso de ter que encerrar Empresas Municipais e lançar assim centenas de trabalhadores no desemprego, sem acautelar os interesses dos trabalhadores e a continuidade das acções que vinham a ser desenvolvidas. E agora, bem mais recentemente, quase na clandestinidade, lança a reforma das Comunidades Intermunicipais (CIM) e “agrega” municípios sem lançar o grande debate junto das forças vivas das comunidades. No caso de Seia, que até aqui integra a CIM da Serra da Estrela, com Gouveia e Fornos, vai juntar-se aos municípios da Comurbeiras, da qual fazem parte mais 13 municípios, entre eles, Covilhã, Guarda e Fundão. Ou seja, uma reforma com implicações tão importantes para a vida das pessoas em matéria de saúde, educação, planeamento, mobilidade de trabalhadores, etc. é feita quase pela calada. Não basta ao Presidente da CCDRC falar com os Presidentes das Câmaras e dar-lhes um prazo de uns dias para se pronunciarem!
Mas nesta senda de atropelos, o governo ainda esvaziou de competências vários serviços da administração central situados em concelhos como o nosso, como é o caso do Centro de Emprego e do Tribunal. Tentou entregar o Hospital à Misericórdia e só o facto da Câmara ter saído a terreiro em tempo oportuno, impediu que tal viesse a acontecer.
Nomeou uma Administração da ULS da Guarda que foi um desastre, não tendo contribuído nada para a dignificação da saúde no distrito e do Hospital de Seia em particular, acabando por ser demitida há pouco tempo. E na sequência da substituição dessa administração desastrada, não foi integrado nenhum quadro de Seia, o que também não augura nada de bom, na perspectiva de acautelar interesses do nosso concelho em matéria de saúde.
Além das extensões de saúde nas freguesias, já encerradas, o governo não avançou com um único km de estrada, nos troços dos IC’s. E se não havia dinheiro do orçamento de Estado, também não aproveitou nada, ou quase nada dos fundos do Quadro Comunitário de Apoio, o chamado QREN, que acabará em 2013. Espera-se no entanto que pelo menos neste ano que agora vai começar, Seia ainda beneficie de algumas verbas deste QREN.  Senão teremos de esperar pelo QEC, que é assim que será designado o próximo Quadro Estratégico Comum, que vai de 2014 a 2020.
Como se constata, 2012 não foi um ano fácil para Seia, uma vez que o governo em vez de ajudar só criou problemas e atirou para cima do município o ónus de muitas das suas decisões.
Mas isso não nos deve esmorecer. Devemos ser positivos e acreditar. E dentro dos poucos recursos que temos, devemos continuar a apostar no incremento de novas actividades produtivas e de serviços. Na valorização dos nossos recursos e na dinamização de actividades culturais e sociais, numa perspectiva integrada, num espirito colectivo e de empenhamento comum. E com uma certeza, de que acima das politiquices, está o interesse do concelho de Seia, porque o que for bom para uns, será bom para todos.
Desiludam-se aqueles que se julgam senhores das verdades e dos desígnios que vão salvar o concelho. É que as realidades de hoje não são iguais às do passado, nem nos meios disponíveis, nem nos propósitos a seguir. Independentemente de alguns “azelhas” que vamos vendo na praça.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Partir daqui a partir de agora


Uma espécie de criativa

Bate a incerteza no parapeito de uma qualquer vontade que sabemos, nem sempre dominamos e isso basta-nos para perceber que nem sempre vamos onde queremos, nem como, nem nada! Sobra sempre a imprevisibilidade dos nossos atos, atando ou desatando nós de sensibilidades, tantas vezes retraídas, como que a quebrar um galho qualquer de uma qualquer indiferença.


Percebe-se, nos dias de hoje, que planear é quase um ato de contrição, tal é o estado da vida, no desconcerto da arte de viver, com tanta incerteza por toda a parte, tanta indiferença e tanta volatilidade que enxameia e polui a onda da criatividade que nos impele e do querer que nos anima. Não é fácil, como não fácil é perceber a encruzilhada do certo e do errado, de tanto valor enterrado e de tanta doutrina mal compreendida e desatualizada. Só podemos dizer que estamos a perceber, sem podermos dizer que não percebemos bem, porque fomos formatados para um desígnio, de moral e boa conduta e afinal vemos que vamos sem desígnios, rumo a uma bolsa de poucos valores radicada em lugar incerto e sem nada em concreto. E não é numa reta que seguimos, nem em círculo, nem semicírculo; talvez assim-assim, a fazer andar à meia-volta, a andar ao redor, meio à tona, tontos a ver e a rever cenários, a esperar e a rodopiar em contemplações, à espera da nossa vez, se tivermos vez. Nem sempre temos vez para dizer, para intervir, assumir, interpretar, desatar ou até partir. Sim, sempre podemos partir e ir, ir por aí. Até podemos partir, mas quem nos recebe?

Atrás de tanta pergunta de que nem fazíamos ideia, sobra a inquietante incerteza de também não sabermos se amanhã vamos estar de acordo com hoje e se afinal hoje partimos para onde sonhamos estar amanhã. E se o verbo partir, poderá afinal conjugar-se com a realidade que cruzamos, nesta onda de amizade que ainda cultivamos, apesar do tempo, apesar de tudo. E essa realidade, dura realidade, conjuga-se e desconjuga-se nos impulsos da ida, nas certezas da saída e da falta de alternativa, porque afinal o país não dá e os pais já deram.

Na terra onde o nunca acaba e o inconformismo se apodera dos que afinal não ficam, sobra a coragem de partir e assumir que aqui tanto faz, como tanto fez, por isso o melhor é partir de vez.

Nas veias de quem parte, corre sangue novo dos avós, desses que desbravaram outros rumos, por mar ou por terra, nos tempos que o tempo ditava regras e leis, na linha da luz ao fundo do túnel, buscando certezas, sonhos e realidades. Porque hoje, hoje mesmo, o que há mais são banalidades e nessa linha, nem sabemos se o que dizemos tem cotação no mercado. Se as palavras, outrora carregadas de simbologia ou de significado concreto, têm aceitação, ou se afinal, não passam disso mesmo – meras palavras. Se afinal, tudo não passa de paleio, como das intenções de que está o inferno cheio e nós aqui a engonhar, por entre vírgulas e inquietações, quando há mais que fazer e sem tempo a perder.


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Assembleia aprova orçamento do município



A Assembleia Municipal de Seia aprovou hoje o orçamento do município para o próximo ano, com 8 votos contra da bancada do PSD.

A este propósito fui lá dizer que este orçamento é marcado pela contenção, dadas as fortes restrições orçamentais decorrentes do fato do município se encontrar numa situação de reequilíbrio financeiro.

Aproveitei para dizer que não bastam os números apresentados, que praticamente não dão margem de muita manobra, uma vez que vai quase tudo para encargos fixos e para o tratamento de águas e resíduos. É preciso que o governo aprove projetos apresentados e incentive investimentos. Que não corte cegamente na ação dos municípios e não esvazie de serviços os territórios do interior, como tem acontecido em matéria de saúde, justiça, emprego, etc.

Que o tempo agora não é para construções, mas para contenções. Para se apostar na inovação e na criatividade. Por isso, lancei o desafio ao PSD para que ajude o concelho de Seia, reivindicando junto do governo PSD / CDS a pelo menos manter em Seia o que é de Seia. Porque o que tem acontecido tem sido mau de mais. Este governo está a acabar com as freguesias, está a fechar empresas, como é o caso da Empresa Municipal, está a esvaziar serviços e a comprometer o futuro.

Agora a última tem a ver com a criação das Comunidades Intermunicipais, que vão passar a ter muitos poderes, que são depositados nas mãos de pessoas nomeadas, muito provavelmente de Presidentes de Câmara que já não se podem recandidatar. E em contrapartida, retiram poderes às Câmaras que são eleitas. Um verdadeiro atentado à democracia local. E sobre isto o PS de Seia já reagiu em comunicado, denunciando e repudiando mais uma forma encapotada de fazer uma reforma da administração, sem dar a voz ao povo.

Como se vê, o tempo não se afigura de grande esperança, mas mesmo assim, temos de fazer das fraquezas força. E foi isso que transmiti hoje na Assembleia Municipal, onde se discutiu muito sobre o futuro e das dificuldades que este governo teimosamente nos atira.

O concelho de Seia está a ser fortemente penalizado por este governo e isso é preciso dizê-lo. Mas vamos ter esperança e viver este Natal em paz e harmonia.

Governo esconde reforma das populações


Comunicado do PS de Seia


O Partido Socialista de Seia manifesta o seu mais veemente repúdio por, mais uma vez, o governo da coligação PSD / CDS, relativamente às Comunidades Intermunicipais, fazer por decreto e sem ouvir quem os elegeu, uma das reformas mais importantes dos últimos anos que, certamente, trará muitas consequências para as pessoas, nomeadamente as do interior do país.

O concelho de Seia, juntamente com Gouveia e Fornos de Algodres, integra, atualmente, a Comunidade Intermunicipal da Serra da Estrela que, em comparação com outras estruturas deste tipo, possui pouca representatividade e necessita de se agregar a outros municípios para ganhar maior escala.

No entanto, todo este processo deveria ser debatido com a seriedade devida, por forma a serem acautelados os interesses das populações, já que, a nova lei em perspetiva, altera substancialmente as atribuições, quer dos municípios, quer das Comunidades Intermunicipais.

Contudo, o governo escondeu esta reforma das populações e tenta impor soluções aos municípios. O modelo proposto a Seia inclui a integração da Comunidade da Serra da Estrela na COMURBEIRAS, juntamente com os municípios de Almeida, Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Figueira de Castelo Rodrigo, Fundão, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel, Sabugal, Trancoso e Penamacor.

Sem ouvir, de uma forma oficial, os órgãos eleitos, o governo, mais uma vez, a partir dos gabinetes de Lisboa, traça a régua e esquadro um novo desenho da região centro. Todavia, o município não aceita esta solução sem que, todas as demais sejam estudadas e todas as contrapartidas equacionadas.

Num processo que foi mal conduzido, sempre na sombra e ocultação, num processo que necessitava de tempo e amplo diálogo, verificou-se por parte do governo PSD/PP uma pressa desmesurada e um apelo à não informação, como de resto vem sendo a sua matriz. O povo tem o direito de participar e de ser ouvido. O povo tem o direito a que o governo lhe diga o porquê das opções tomadas e quais as suas consequências.

Neste contexto, o PS de Seia, reafirma o seu repúdio e condena esta forma antidemocrática de criar modelos de governação supramunicipal, baseados em nomeações, em detrimento da legitimidade democrática do Poder Local, que leva mais uma forte machadada, com consequências imprevisíveis.

Embora concordando com a necessidade de uma reforma administrativa ao nível das NUT III e das comunidades intermunicipais, o PS de Seia tudo fará para ajudar o Município a salvaguardar os interesses do concelho.

Conscientes da necessidade da articulação destas novas unidades com o próximo quadro comunitário de apoio 2014-2020, asseguramos que a Câmara Municipal, apesar destas contrariedades, conseguirá que a construção dos itinerários da Serra da Estrela (IC6, IC7 e IC37) sejam colocados na mesa das negociações do envelope financeiro a negociar com Bruxelas, e que Seia possa criar as condições necessárias para albergar um novo mecanismo de desenvolvimento a ser criado: os Investimentos Territoriais Integrados. Com base nestas premissas o município vai prosseguir as negociações, garantindo, igualmente, que o nosso maior ativo territorial, a Serra da Estrela não desapareça. A manutenção da unidade, da marca e da individualização da Serra da Estrela é algo pelo qual nos iremos bater, não permitindo o seu desmembramento ou a beneficiação de apenas alguns dos concelhos que a rodeiam. Neste novo enquadramento Seia terá de ter o papel que sempre lhe esteve reservado, na gestão da Serra da Estrela.

Contudo, estaremos atentos e vigilantes para que, ao mais pequeno deslumbre, e sempre que estas premissas negociais não estejam a ser cumpridas, as denunciaremos às instâncias competentes para que os pressupostos iniciais de coesão, alegados para esta nova reforma, sejam cumpridos.

No meio de uma discussão tão decisiva para o futuro da nossa terra convém perguntar onde está o PSD local. Sobre este assunto não lhes é conhecida opinião e mais uma vez reparamos num seguidismo constrangedor em relação às políticas governamentais, sejam elas quais forem. Para quem diz que “o concelho está sempre à frente dos interesses partidários” tem aqui a sua prova. Conhecedores de que esta matéria estava a ser discutida nos corredores de Lisboa nunca promoveram o debate e discussão em Seia colocando mais uma vez as gentes da sua terra em segundo plano. O Partido socialista de Seia continuará a estar atento numa lógica de defesa dos interesses do nosso concelho e das suas gentes que sabem com quem podem contar.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Fundação Vodafone cria projeto piloto tecnológicamente avançado no Sabugueiro



A Câmara Municipal de Seia e a Fundação Vodafone anuncia que vãotransformar a aldeia de Sabugueiro, a mais alta do país, num ícone ao nível da sustentabilidade ambiental, economias criativas, urbanismo,mobilidade e novas tecnologias, fazendo deste território uma “montra de boas práticas e inovação”.


A autarquia refere, em comunicado, que as duas entidades vão implementar o projeto ‘Smart Mountain Village’, que visa a disponibilização de soluções tecnológicas na aldeia de Sabugueiro “que contribuam para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos” e funcionem como “alavanca para a melhoria do desempenho ambiental” daquele espaço rural.


O projeto integra intervenções em áreas como a gestão de infraestruturas (energia elétrica e água), saúde (monitorização de sinais vitais), mobilidade e entretenimento.

O valor global da operação estima-se em cerca de 700 mil euros, inteiramente financiada pela Fundação Vodafone.
 


A sua implementação também envolve a Unidade Local de Saúde da Guarda, a Junta de Freguesia do Sabugueiro, a Associação de Beneficência do Sabugueiro e a empresa Águas do Zêzere e Côa.



Imagem da sessão de apresentação do projeto na sede da Associação de Beneficência do Sabugueiro, na presença de responsáveis da Fundação Vodafone, do Presidente da Câmara, Vereadores, Presidente de Junta do Sabugueiro e da Associação.




quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Assembleia Municipal de Seia reune sexta-feira



A Assembleia Municipal de Seia reúne esta sexta-feira no Auditório da Casa da Cultura.  A sessão começa pelas 9:30h, prevendo-se que a parte da manhã seja preenchida com assuntos do chamado período antes da ordem do dia. Depois disso, a tónica dominante será o Plano e Orçamento do Município para 2013, um ano de fortes restrições orçamentais, apesar de ano eleitoral.
As sessões da Assembleia Municipal têm no inicio um período destinado à intervenção do público, por isso, todos os interessados podem comparecer.
E um dia antes, nesta quinta-feira, dia 20 tem lugar, provavelmente, a última reunião da assembleia da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Serra da estrela, já que esta CIM vai desaparecer. É que esta comunidade só integra 3 concelhos - Seia, Gouveia e Fornos de Algodres, e ao que tudo indica, o governo já a juntou à força a outra comunidade. Mas esse é um assunto demasiado importante, sério e grave e que será noticia nos próximos dias em Seia e no país.

Pavilhão do CACE acolhe este Sábado X-MAS IN DANCE

 
Decorre este sábado, dia 22 de dezembro, no Pavilhão do CACE o X-Mas In Dance.
X-Mas in Dance em Seia é um evento que tem como objectivo proporcionar momentos de entretenimento e convívio no âmbito da comemoração da época natalícia 2012, uma iniciativa que contribui, igualmente, para a dinamização da cidade de Seia (capital da Serra da Estrela), promovendo e valorizando os recursos empresariais e culturais da região.
O evento conta com GLOVE, ORLANDINI, RICHARD, LUIS CAVALEIRO, P∆BLO, NITRO SESSION e CATICA.
Mais informações deste evento que pode ser o primeiro de muitos em: http://xmasseia.wix.com/xmas
INFO: 962894102 / 912042065
é já este Sábado

Filmes 3D no Cinema de Seia



No próximo fim de semana, passa no Cinema de Seia o filme "ASTÉRIX E OBÉLIX: AO SERVIÇO DE SUA MAJESTADE", em versão Portuguesa e em suporte 3D.

E vem isto a propósito do fato do público de Seia e concelhos limitrofes poderem ver filmes 3D, a baixo custo, numa aposta do município, que se tem revelado positiva.

Ou seja, Seia tem um bem precioso para quem gosta de cinema e para quem se queixa de não ter pretextos para sair à rua e encontrar-se com os outros.

O Cinema de Seia é cada vez mais um equipamento dos senenses, cabendo a cada um ajudar a promover a sua programação, no espirito do "grupo dos amigos do cinema de Seia". Amigos que convidam amigos. Pessoas que colaborem na divulgação.

Fica a ideia e,... este convite para a sessão deste fim de semana do ASTÉRIX E OBELIX em 3D, para rir e descontrair, que os filmes também fazem bem à cabeça!

sábado, 15 de dezembro de 2012

Iluminação de natal em Seia sem custos

Este ano, nesta época natalícia, a cidade de Seia não está como no ano passado, nem como há três. Este ano há luzes cintilantes a lembrar a quadra, graças à parceria entre o Município e duas unidades comerciais. A Câmara terá tido receptividade do Intermarché, por isso a rotunda junto aos Martinhos está iluminada e do Muito Menos, daí a rotundo junto àquele estabelecimento também estar “engalanada”.
O Largo da Câmara tem também motivos natalícios, graças ao trabalho dos trabalhadores do Município.
Em tempos de pouco dinheiro, todas as colaborações são louváveis, neste como noutros casos, para haver um mínimo de dignidade naquilo que se faz com espirito comunitário.
Além das luzes natalícias, há ainda a registar o som de rua, garantido pela Junta de Freguesia de Seia e animação pelas ruas da cidade.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Teatro em Seia em véspera de Natal


“Talvez Algo de Natal” é a proposta de teatro de João Simão para o público de Seia nestes próximos dias, direcionado para toda a família.

Trata-se de uma pequena história em que três pessoas se propõem contar a sua versão do nascimento de Jesus. É-lhes confiada a missão de irem a Belém ver o “Deus Menino”. Com percalços e aventuras, percorrem o longo caminho até chegarem ao destino final. Conseguirão cumprir a sua missão? Será “Talvez algo de natal”?

Com encenação, dramaturgia e direção de atores de João Simão e interpretação de Maria Rita Veiga, Joana Melo, Sofia Alves e João Simão, o espetáculo sobe ao palco do Auditório da Casa Municipal da Cultura, esta quinta-feira, dia 6, às 21:30 horas, repetindo nos dias 8 e 9, (sábado e domingo) às 16 horas.


“Talvez Algo de Natal” é um projeto de teatro que se alarga também às escolas, já que vai estar nos centros escolares de Seia e São Romão, escola de Loriga, entre outros, nos dias 10, 11, 12, 13, 20 e 21 de Dezembro. Esta será também a ponte para uma próxima produção do grupo de atores e conta com o apoio do Município de Seia.

João Simão é licenciado em Teatro, professor de expressão dramática e animador.

(Nota de imprensa)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Vencedor do Prémio Lusofonia do Cine’Eco passa na Casa da Cultura de Seia



O Documentário “Fé nos Burros”, de João Pedro Marnoto, vencedor do Prémio Lusofonia / Camacho Costa, no Cine’Eco 2012, vai se exibido esta quinta-feira, dia 6 de Dezembro, pelas 21:30H, no Cineteatro da Casa Municipal da Cultura de Seia.


Pretendendo enaltecer a importância da relação Homem-Animal, com especial relevância para as burras, burros, mulas e machos no concelho de Alfândega da Fé, iremos descobrir facetas do quotidiano dos seus donos, da sua cultura material e tradição oral, modos de pensar, até aos seus sentimentos e emoções.


O filme tem a duração de 37 minutos e a sessão, que tem entrada livre, deverá contar com a presença de alguns membros do júri da lusofonia do Festival para diálogo com o público.

A exibição insere-se na rúbrica "Cine'Eco todo o ano" impulsionada pelo Município de Seia.


(Nota de imprensa)

sábado, 1 de dezembro de 2012

“A Máquina de Fazer Espanhóis”, de Valter Hugo Mãe

Por estes dias dei comigo a sair das rotinas para entrar noutros universos e dou de novo de caras com a prosa de Valter Hugo Mãe, aquela com quem já me tinha cruzado n’ “O Apocalipse dos Trabalhadores”. Desta vez entrei no universo d’ “A Máquina de Fazer Espanhóis”, que é uma aventura trágica e divertida ao mesmo tempo, sem deixar de ser irónica e que tem como ponto central o sentimento dos mais velhos da vida. Sentimentos soltos, num universo que é um Lar de Idosos, (Feliz Idade) um lugar onde António Silva, de oitenta e quatro anos se repensa para reincidir uma vida ou mesmo mudar, no dia em que violentamente o seu mundo se transformou. É no fundo uma história simples de quem, no momento mais árido da vida, se surpreende com pequenas manifestações sentimentais.
Quase sem se dar por isso, vamos assistindo a um jogo de acidentes e peripécias que desviam a personagem de atingir o seu objectivo, atrasando-o, jogando-o por caminhos e situações insólitas e por sentimentos e estados interiores que lhe são totalmente desconhecidos, forçando-o a ceder ou a resistir, a recuar ou a avançar, a hesitar e a conciliar.
O lugar onde se desenrola a acção, já se sabe, é um Lar de idosos “Feliz Idade”, qual depósito de farrapos, para onde se vai, para não mais sair a não ser pela morte, a caminho de cemitérios diferenciados. Porque até na morte há diferenças de classes! Simultaneamente, ficamos também a perceber, dolorosamente a perceber, como é que é ser velho nos dias de hoje. Como é perder a dignidade, quando a sociedade os chuta para fora do jogo.
Com a entrada de António Silva no Lar, começam a desfiar histórias de vidas, vidas que vão trocando de quartos, numa magnífica metáfora da própria vida, como se os “inquilinos” do Feliz Idade, aos oitenta anos, regressassem ao banco de suplentes depois do aquecimento, não havendo no entanto nada a seguir: nem jogo (a vida?), nem jogadores (os que vão primeiro?), nem sequer o árbitro (Deus?). Apenas o Cubillas na parede do quarto da D. Leopoldina.
A dada altura, o senhor Silva retracta bem o seu sentimento, que é o sentimento central de todo o romance - «pegaram em mim e puseram-me no lar com dois sacos de roupa e um álbum de fotografias. foi o que fizeram. depois, nessa mesma tarde, levaram o álbum porque achavam que ia servir apenas para que eu cultivasse a dor (…). depois, ainda nessa mesma tarde trouxeram uma imagem da nossa senhora de fátima e disseram que, com o tempo, eu haveria de ganhar um credo religioso, aprenderia a rezar e salvaria assim a minha alma.»
Um dos pontos altos do romance é o diálogo delicioso entre o senhor Silva e o senhor Pereira, quais traquinices de dois velhos de oitenta anos, de mãos dadas a espreitarem de madrugada os quartos uns dos outros, como se regressassem a uma infância saudosa. É que, as pessoas sendo diferentes, reagem normalmente de maneira diferente e o medo da morte pode levar a sentimentos semelhantes.
Seja como for, no texto está lá tudo: as memórias de supostos “fantasmas”, da ditadura, do fanatismo do futebol, da igreja, do pessimismo com que os portugueses parecem não conseguir sobreviver. E estão lá os fantasmas dessas memórias, sem lençol na cabeça, bem espremidos, como que servidos num prato em que cada um só come o que quer.
No processo criativo, o autor define o lar como o espaço da acção, de onde emanam todos os rituais, pensamentos e demais orientações e movimentações. De onde partem as simbologias dos objectos e das memórias, e onde as palavras e sons da lida nos quartos e do imaginário ganham fôlego, do pouco que resta da vida.
Neste romance, e para quem leu outros anteriores, nota-se um afinar e consolidar de estilo, de escrita e de tema. E aí não faltam as fatalidades do povo português “fomos sempre um povo de caminhos salgados. ainda somos um povo de caminhos salgados. isto é coisa para nos amargar o sangue…”. Ou seja, apesar do titulo, neste livro, Valter Hugo Mãe escreve sobre Portugal e acima de tudo sobre o que é ser português, ou de “como por vezes Portugal parece ser uma máquina adormecida no tempo e que acordando de um marasmo sonolento só sabe fazer espanhóis”.
No fundo, esta máquina tritura por vezes tudo o que um “bom homem” tem ainda para dar ao seu país, esquecendo por vezes o que devia ter dado quando teve oportunidade.
Contudo, “a máquina de fazer espanhóis” é um livro optimista ao tornar possível no nosso pensamento a ideia de que podemos, através de uma catarse, expulsar alguns dos males com que vivemos, mas que fazem parte da nossa herança social e cultural do século passado.
“A máquina de fazer espanhóis” é o quarto romance do autor, os outros três são – “O Apocalipse dos trabalhadores” (2008); “O Remorso de Baltazar Serapião” (2006) e “O nosso reino” (2004).
Para quem nunca leu Valter Hugo Mãe, a primeira impressão que fica é a de que não há letras maiúsculas. É tudo seguido, num estilo novo e porventura controverso, mas não menos interessante e refrescante. José Saramago, chamou à escrita de V.H.M. um “tsunami” não no sentido destrutivo mas da força”. Por isso, não é de estranhar o facto do romance “o remorso de baltazar serapião” ter sido o prémio literário José Saramago - 2007. Ou seja, estamos perante um fenómeno novo na literatura portuguesa, com esta inovadora forma de escrita, polida, refrescante e rica, de Valter Hugo Mãe, um jovem de 39 anos, nascido em Angola, morador em vila do Conde, Caxinas, terra de sofrimento, ali, onde uma mãe vê os filhos e o marido levados pelo mar, para sempre, mas que não desiste de viver, de lutar e resistir.
Valter Hugo, que vive em Vila do Conde desde 1981, é licenciado em direito, é pós graduado em literatura portuguesa moderna e contemporânea.
 
* Crítica literária feita no âmbito da cadeira de Processos de Criação Artística, no Mestrado de Animação Artística, sobre o livro de Valter Hugo Mãe, que ganhou agora o grande prémio Portugal Telecom