Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes
4 comentários:
gostava de saber se nesta fotografia de seia está entegrada a vila de S.ROMÃO. Um bom NATAL.
Quanto ao poema não está mau de todo mas já vi melhor, no entanto, o blogger foi criado para resolver os problemas de Seia, e não, para recitar poesia. Um Natal Feliz.
Olá Amigo Mário Jorge.
Mais uma vez parabéns e bem vindo à blogosfera.
Fiquei estupefacto com o último comentário anónimo, a este post, que apenas revela a qualidade cultural e cívica de quem o produziu.
Além de denegrir um poema lindo, do saudoso Vinicius, o "comentarista" até se roga no direito de formular os objectivos editoriais do blog ao seu próprio criador....
É preciso ter lata!
Ora aqui está um bom tema para debate: "o analfabetismo torna as pessoas ainda mais imbecis"...
o comentarista não se roga no direito de nada,qualidade cultural e cívica também a tem,o que não tem é, obrigação de gostar do mesmo que os imbecis gostam, e faça os debates que quizer.
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