“Senalonga” é um livro de contos de Avelino Cunhal, o pai do líder histórico do PCP, Álvaro Cunhal, que era de Seia, publicado em 1964 e reeditado em 1996 pela Câmara Municipal de Seia.
São histórias deliciosas passadas em 1900 na vila de Senalonga, com todas as personagens, desde o Adrianinho Melo da Farmácia, o regedor Tónio-do-fogo; a Joana Benta, o Zé Boi, o Jesué Dião, de Coitela; a Maria Pitorra, o sapateiro Lis-Circo; o Juiz Marcos Figueira e outras tantas.
Das mais saborosas histórias, sobressai a que se refere a um grande melhoramento na vila de Senalonga – a construção de um urinol público!
“Um urinol público para quê?” perguntou na altura o senhor Conselheiro Dr. Amâncio. “Toda a vida se passou nesta vila linda sem urinol! Uma parede qualquer ou um recanto serve para uma pessoa se aliviar”. Mas pronto, apesar da polémica, já na altura, a obra lá se fez.
Para o dia da inauguração foi proposto o seguinte alinhamento de programa:
“1º - Que se coloque bem esticada uma fita de seda a vedar o mijadoiro; 2º - que o senhor Presidente entregue ao senhor Governador Civil uma tesoura para ele, em nome Del-Rei, cortar a dita fita; 3º - que o senhor Governador Civil seja o primeiro a ir verter as águas, como se fosse el-rei a vertê-las; 4º - que depois se sigam a fazer o mesmo todos os senhores Vereadores e funcionários camarários pela ordem e grau das suas funções, a começar no senhor Presidente; 5º - Que só depois se abra o mijadoiro ao público” (...)
Diz o autor do livro que as histórias da vila de Senalonga foram escritas em Lisboa nos meses de Janeiro e Fevereiro de 1964, sem apoio de documento escrito, publico ou particular, sem recorte de qualquer jornal da época, sem fotografias de locais ou retratos de pessoas, sendo por isso, tudo, produto da imaginação.
Há histórias dessa época que nos fazem lembrar cenários actuais desta ‘sena’ do século XXI.
É um livro que já li várias vezes e que recomendo para este Natal e deve estar á venda nas melhores papelarias de Seia.
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