domingo, 21 de setembro de 2008

Pensar Seia - Ideias e reflexões à volta do Turismo

Resposta a Pedro Fraga
Antes de mais quero agradecer ao Engº. Pedro Fraga o contributo dado para o debate e sobretudo a forma lúcida com que se debruça sobre as questões do desenvolvimento do concelho de Seia e em particular da cidade, conforme se pode ler nos dois pot's seguintes a este. Neles se revela uma visão estratégica de alguém que é de cá mas que está fora, assinalando, fora de vícios ou dependências, o que entende estar mal, e apontando caminhos a seguir. De alguém com provas dadas pelo projecto empresarial de sucesso desenvolvido, que o coloca, em minha opinião, na galeria dos melhores agentes empreendedores que o país tem .
Quanto às ideias para Seia, obviamente partilho do pressuposto de que a prioridade máxima e primeira deverá ser o turismo e daí as minhas intervenções e participações ao longo dos ultimos anos se terem centralizado neste sector. Foi de resto um vicío que me ficou do Curso de Agente de Desenvolvimento que no início da década de 90 me permitiu conhecer muitas realidades em vários países da Europa em matéria de Desenvolvimento Rural. Naturalmente que só partindo dessa ideia chave - Turismo, sector prioritário - mobilizando tudo e todos, com planeamento, estratégia concertada, determinação e meios, se pode alcançar os objectivos a que nos propusermos. E aí cabem as ideias, todas as ideias suficientemente fortes para implementar e dar resultados visíveis. E no Brainstorming ter-se-à então em conta as múltiplas variáveis: melhores acessos; imagem de marca; pacotes de animação – Museus, CISE, eventos culturais (festivais, jornadas, feiras, encontros, animação de rua); criação de residências artísticas, criação de trilhos, aproveitamento da gastronomia, valorização das tradições, campanhas promocionais, etc, etc.
E para essa chuva de ideias contribuo também com as seguintes, de forma telegráfica:-
- Criação de uma grande praça central na cidade, que poderia passar pela compra do edifício dos Correios para ser demolido, criando-se ali a verdadeira "sala de visitas" que Seia necessita. Com esplanadas e animação, onde se pudesse ao fim da tarde ou aos fins de semana ir tomar uma bebida, ler um jornal, enfim um lugar onde os senenses se encontrassem e os turistas também deambulassem. O edifício do Mercado poderia servir como centro cultural e de exposições e nos baixos para estacionamento.
- Há em Seia o Conservatório de Música que é uma estrutura de excelência no ensino da música e cujas instalações começam a ser pequenas. Poderiam os seus promotores, em articulação com a autarquia, partir para a criação de uma grande Academia, à semelhança do que já acontece em Espinho. Esta é uma ideia que me foi avançada pelo meu amigo António Maximino e que julgo pertinente. E de repente, lembro-me da Escola EB 2,3 da Arrifana, que quase já não se justifica e que poderia albergar esta Academia, sem ter de se estar a gastar mais dinheiro.
- Uma situação que considero gritante e que quase toda a gente fala é o eixo Paranhos / Seia / Sabugueiro / Lagoa / Torre. Aquilo que poderia ter sido ao longo dos anos a jóia da coroa do turismo, é o mais dos miseráveis exemplos do desleixo e da falta de visão estratégica num concelho de apetência turística tão forte.
- Depois há a valorização do património construído, onde se inclui o religioso, etc.
E para tudo isto, como se sabe, não é preciso inventar muito. Há exemplos por todo o lado, Ponte de Lima (onde vou com frequência), Óbidos e por aí fora.
No ano passado, no âmbito do Cine'Eco organizei uma conferência sobre desenvolvimento sustentável na região centro, onde participaram entre outros o Dr. Daniel Bessa e o Dr. Paulo Fernandes. Este último falou de um caso prático de como estas questão foram e estão a ser conduzidas com pés e cabeça – as aldeias de xisto. E sobre isso, porque o texto já vai longo, recomendo apenas uma visita ao site: http://www.aldeiasdoxisto.pt/ . Uma das ideias que ficou já na altura, foi a necessidade de se trabalhar a sério a marca Serra da Estrela, onde haja desde logo uma espécie de "dono da marca" que marque o ritmo, congregue todas as estratégias e sinergias, de autarquias, privados, etc.
Como se vê o assunto tem pano para mangas e nós vamos continuar a falar e à espera de outros contributos, porque é importante PENSAR SEIA.

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