domingo, 21 de setembro de 2008

Pensar Seia - Contributo de Pedro Fraga (2)

O Blogue feito pelos leitores
Opinião de Pedro Fraga
" Mas, nada há de positivo ?
Mas então, mesmo sem olhar para Seia como “Ó Seia querida” não consigo encontrar nada de positivo ? Claro que há, mas é possível ir mais longe, desde que haja um projecto de cidade, uma visão de futuro que é algo que garantidamente não existe em Seia há várias décadas. - 3 projectos interessantes e que, de forma inacreditável, estão espalhados pela cidade : CISE, Museu do Brinquedo e Museu do Pão. São 3 referências da cidade e que têm alguma repercussão nacional. Não pretendendo uma MuseumInsel (Ilha dos Museus) como em Berlim, será que nunca foi considerado juntar as 3 entidades no mesmo local, agregar-lhe uma série de serviços e criar uma marca senense a esse nível, que trouxesse turistas que, sem saírem do mesmo local, conseguissem estar uma manhã/tarde/dia em Seia ?
Será que é mais lógico criar o Museu do Brinquedo num local absolutamente “atravancado”, sem estacionamento decente, sem hipótese de crescer e, por outro lado, ir criar o CISE de uma forma anónima, com acessos miseráveis (mais um tipo de acesso que lembra o beco acima citado, junto ao Museu do Brinquedo) ? Estamos a falar de 3 entidades com menos de 10 anos (não estamos a falar de entidades centenárias) que “nasceram” em sítios diferentes !!! Mas, ao invés de se fazer um investimento único, com um Plano de Negócios decente, achou-se mais lógico espalhar museus a esmo por uma cidade que não tem acessos decentes, não tem sinalização decente, não tem estacionamento decente. - existe esforço na vertente cultural (Jornadas Históricas, Cine Eco, etc) e independentemente de todos quererem sempre mais e melhor, deve ser claramente realçado como algo de notável;- … pois, não me lembro mesmo de algo mais.

Obs : não referi a Fiagris, que tanto o poder local como a oposição consideram um sucesso, porque acho o modelo intelectual e economicamente pobre, muito ao estilo “pão e circo”. É uma mera questão de opinião. Acho esse tipo de eventos perfeitamente desnecessário, pois as cidades ou investem em vários pequenos eventos locais/regionais ou num grande evento de projecção nacional. Investir e insistir em modelos daqueles em cidades pequenas é algo que não compreendo.

A culpa
Mas se eu entendo que algo está mal, de quem é a culpa ? A resposta normal é : da Câmara.
Esta é a explicação mais simplista. A culpa é de todos os senenses, incluindo o signatário :- é dos senenses que votam a nível nacional e que têm escolhido sucessivamente o centrão que nos governa há 34 anos (aqui estou ilibado); - é dos senenses que votam a nível local e que têm escolhido sucessivamente o centrão que governa a cidade há 34 anos (também estou ilibado); - é dos senenses que apenas criticam e nada fazem directamente pela sua cidade (Mea culpa, mesmo vivendo fora); - é dos sucessivos poderes autárquicos que nunca tiveram o “golpe de asa” que retiraria Seia do marasmo; - é do poder autárquico e das estruturas locais dos partidos que discutem as suas ideias (?) em circuito fechado, sem nunca se abrirem sociedade civil (a este nível não falem naquele conceito “à la PS” de Estados Gerais e afins.
Seia é um assunto demasiadamente sério para vir com piadas e mistificações … Um independente bom não é aquele que diz bem do meu partido, um independente bom é alguém que diz bem e mal do meu partido e isto é algo que o PS e o PSD nunca perceberão)- é dos senenses residentes em Seia que nunca se associaram para combater a estagnação que os partidos do centrão trouxeram, trazem e continuarão a trazer à cidade
3 ou 4 ideias básicas
- Apostar em 1º lugar no turismo, em 2º lugar no turismo e em 3º lugar no turismo. Em 10º podem apostar nos contact/call centre … - Para isso há questões básicas a cumprir :
- à rasgar a cidade, deitando ao chão o que impede que os senenses e os turistas circulem de forma decente e agradável;
- à criar/fomentar a criação de mais um ou dois museus (penso que há algo nesta zona que é o Queijo da Serra, os pastores, etc, tenho ideia, mas não tenho bem a certeza !!!) e juntar o que há, num único local e apostar numa marca própria para cativar turistas, começando no ensino básico;
- à racionalizar o orçamento autárquico. Como calculam, teria que se mexer (e muito) naquilo que nenhum presidente da Câmara tem coragem para mexer. Pois … o problema é que após pagar os salários, pouco dinheiro fica para obras. Mas, se pouco dinheiro fica para obras e para a gestão corrente ….. é isso mesmo, temos depois centenas de funcionários autárquicos, pessimamente pagos, ao invés de termos um número racional de funcionários autárquicos muito bem pagos e altamente motivados e envolvidos numa MISSÂO;
- à apostar nas parceria público-privadas à semelhança do que algumas câmaras já fazem, tentando com que uma parte significativa do investimento seja feita pelo investimento privado (normalmente construção civil), havendo imaginação para criar garantias de retorno;
- à ter a coragem para não apostar em candidatos autárquicos com perfil exclusivamente político, sem capacidade de gestão. Tenho para mim a ideia clara, há largos anos, que em muitas autarquias, após as eleições, haveria claros benefícios em irem ao mercado, a uma empresa de head hunting, contratar um DG com plenos poderes, que trabalhasse com uma componente salarial fixa, mais uma componente variável agressiva, dependendo da Avaliação de Resultados. Porque não termos um presidente da CMS que teria apenas a componente de representação institucional (para a qual era democraticamente eleito), deixando depois toda a gestão executiva suportado num DG profissional ? Parece absurdo ? Mas, será ?
Independentemente de tudo isto e muito mais que poderia passar para o papel, acho que o panorama actual é tão negativo, que serão preciso décadas para o melhorar. Poder-se-á sempre dizer que é uma questão de interioridade, de crise macro-económica, etc, mas … é pobre, é curto. Permito-me citar dois exemplos de pequenas localidades que estão nas mãos de partidos políticos nos quais nunca votei em 34 anos (ou seja a minha análise nada tem a ver com a componente político-partidária) : Esposende e Ponte de Lima.

Pedro Fraga

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