terça-feira, 6 de novembro de 2007

Direcção de Estrada, abandono, gargalhada e publicidade


A aldeia do Sabugueiro, foi desde tempo imemoriais, terra de pastores, perdida na serra da Estrela.
Nos finais da década de 1970 começou a despertar para o turismo, com o surgimento de pequenas lojas de venda de charcutaria e artesanato, impulsionadas na grande maioria por pessoas anteriormente ligadas a outras actividades, nomeadamente ao operariado têxtil.
De então para cá nunca houve uma política de planeamento para este sector turístico, que aos poucos foi emergindo.
Por alturas de Inverno o país inteiro ouvia falar dos acessos condicionados à serra, com a queda de neve a partir do Sabugueiro, ou dos engarrafamentos aos fins de semana na estrada de acesso ao maciço central e pouco mais. Ou seja, esta aldeia turística tem estado ao longo destes mais de 30 anos votada ao abandono por parte das várias entidades responsáveis.
Este lado da serra foi sempre esquecido ao longo dos anos sem que ninguém fizesse nada, a não ser criticar os comerciantes, que foram fazendo pela vida. Comerciantes esses que ainda foram os poucos a animar a economia desta zona, mal ou bem, mas sempre entregues à sua sorte.
Tudo tem passado ao lado desta encosta, quando há muitos anos se pede pelo menos, a valorização do eixo Viseu – Seia – Torre.
Para vermos ao ponto que isto chegou, basta olhar para a estrada da serra – EN 339 - parece um autêntico “caminho de cabras”, agora remediado com a colocação de “railes” de protecção e de uma placa a informar “Piso degradado”. Cosméticas essas quase sempre efectuadas uns dias antes de passar a volta a Portugal em Bicicleta.
Neste quadro terceiro mundista, surge então a gargalhada geral para rematar. A Direcção de Estradas da Guarda notifica os proprietários para pagarem as licenças de publicidade dos seus estabelecimentos. Talvez a verba suficiente para pagar os tais railles de protecção agora colocados numa das estradas mais inseguras do país.
Salvo melhor opinião, as referidas taxas serão cobradas pelo Município, que em devido tempo transferiu tal responsabilidade para a Junta de Freguesia.
Posto isto, os cerca de 50 comerciantes fizeram um abaixo-assinado de protesto e indignação que poderá não ficar por aqui.
O minimo que pedem às diversas entidades responsáveis, é que primeiro se façam as obras mínimas necessárias e se proceda depois aos respectivos pagamentos de taxas e outras licenças, a quem de direito, sob pena de se estar a aniquilar o ganha pão de muitas famílias desta zona.
É caso para dizer que este é um assunto sério de mais para a brincadeira ou,... incompetências políticas!

Mário Jorge Branquinho
In Jornal Terras da Beira, Guarda 23 de Agosto de 2007

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