Crónica de Seia no Jornal Terras da Beira / Guarda - 12/02/2009
Mário Jorge Branquinho
“A política depende das nossas habilidades de persuadir uns aos outros”, disse recentemente Barak Obama. Parece uma verdade de “La Palice” mas, como em quase toda a linha política discursiva do novo Presidente dos EUA, é de discursos simples e verdades incontornáveis que as mensagens devem ser dirigidas.
Persuadir os outros em política é levá-los a efectuar mudanças, a executar medidas, a tomar atitudes. E isso é o mais elementar na prática política. Para fazer obra, porque governar é resolver os problemas às pessoas. Mudar o rumo dos acontecimentos.
Vem tudo isto a propósito do que eu julgo ser cada vez mais necessário para o Distrito da Guarda – habilidade para persuadir os outros. Por um lado para persuadir os do governo de Lisboa para se efectuar obra, investimento público na Guarda e persuadir os cidadãos em geral a investir, a empreender. E o acto de persuasão tanto se pratica na via diplomática como na “diplomacia do corredor”.
Dito isto assim, desta maneira, também nos soa a “dejá vu”. Ou seja, isto é o que andamos todos a dizer há não sei quanto tempo. Pois, mas o que é facto é que tudo continua a tardar e não há meios de se dar a volta. O caso mais flagrante é o da construção do Hospital da Guarda, que passaram mais 3 anos e praticamente um mandato e só agora no final é que nos anunciam uma parte da obra. Lastimável, tenha a culpa quem tiver, independentemente da cor política, porque a saúde está primeiro.
A verdade é só uma - como diz o povo - as populações não viram resolvida nestes anos uma melhoria reclamada e justa no domínio da saúde.
Na questão do investimento em geral, registam-se também poucos avanços, embora aqui se possa desculpar com o panorama de crise generalizada que atravessamos.
Seja como for, há outra verdade por demais evidente no panorama da nossa comunidade distrital, e que é a de vermos os políticos enveredarem por algum conformismo aparelhístico, e obediência partidária que não se dá com as dinâmicas de desenvolvimento. E não falo só dos partidos que governam, mas também dos que fazem oposição, que raramente cumprem o seu papel de persuasão. De fazer-fazer e evidentemente tirar daí dividendos políticos, porque a política, como é evidente, também é a arte de conquistar e manter o poder.
Evidentemente que tudo isto é corrente e não acrescenta qualquer novidade à perspectiva de desenvolvimento, mas fica cada vez mais claro que só se chega a outros patamares se se fizer o que é básico. Se se cumprir o essencial e se se persuadir quem tem poder, para se ver obra. Se assim não for, não nos podemos queixar, nem vir com desculpas primárias. Nem vir dizer como La Palice nas suas canções militares – “Se ele não estivesse morto, faria inveja”. Se e só se; obviamente evidente!
Sem comentários:
Enviar um comentário