quinta-feira, 28 de agosto de 2008

leituras de verão - o apocalipse dos trabalhadores, de valter hugo mãe

nestas férias que estão a terminar, dei comigo a sair das rotinas do dia-a-dia, entrando noutros mundos, através da leitura. e foi o que aconteceu mais precisamente ao ler “o apocalipse dos trabalhadores”, de valter hugo mãe. logo a primeira impressão que fica é a de que não há letras maiúsculas, é tudo seguido, num estilo novo, porventura controverso para os ciosos da perfeição linguística, mas não menos interessante e refrescante. saramago, chama à escrita de valter hugo mãe um “tsunami” não no sentido destrutivo mas da força”. por isso não é de estranhar o facto do romance “o remorso de baltazar serapião” ter sido o prémio literário josé saramago 2007.
é verdade, estamos perante um fenómeno novo na literatura portuguesa, com esta inovadora forma de escrita, polida, refrescante e rica, de valter, um jovem de 37 anos, nascido em angola, morador em vila do conde, caxinas, terra de sofrimento, ali, onde a uma mãe morrem os filhos e o marido no mar, e vive, e luta e resiste; mas dizia eu, neste linguarejado abusivamente sem maiúsculas, o valter hugo vive em vila do conde desde 1981, é licenciado em direito, é pós graduado em literatura portuguesa moderna e contemporânea e quem quiser saber mais pode espreitar no site do escritor em
http://www.valterhugomae.com/
Quanto ao “o apocalipse dos trabalhadores”, um livro que recomendo ainda para este final de verão, o resumo da história que se pode fazer é aquela que vem na capa do livro, de 182 páginas:

“a maria da graça – mulher a dias em bragança esquecida do mundo – tem a ambição, não tão secreta comi isso, de morrer de amor; e por essa razão sonha recorrentemente com a entrada no paraíso, aonde vai à procura do senhor ferreira, seu antigo patrão, que apesar de sovina e abusador, lhe falou de goya, rilke, bergman ou mozart, como homens que impressionam o próprio deus. mas às portas do céu acotovelam-se mercadores de souvenirs em brigas constantes e são pedro não faz mais do que a enxotar dali a cada visita.
tal como a maria da graça, todas as personagens deste livro buscam o seu paraíso; e, aflitas, com a esperança, ou esperança nenhuma, de um dia serem felizes, acham que a felicidade vale qualquer risco, nem que seja para as lançar alegremente no abismo.
“o apocalipse dos trabalhadores” é um retrato do nosso tempo, feito da precariedade e da esperança difícil. um retrato desenhado através de duas mulheres-a-dias, um reformado e um jovem ucraniano que reflectem sobre os caminhos sinuosos do engenho e da vontade humana, num portugal com cada vez mais imigrantes e sobre a forma como isso parece perturbar a sociedade.”

1 comentário:

Tiago M. Franco disse...

Gostei muito desde livro.
Deixo aqui a sugestão que fiz da obra:
http://sugestaodeleitura.blogspot.pt/2013/03/o-apocalipse-dos-trabalhadores-valter.html