Quando se tomou esta posição de força, de manter as atuais
29 freguesias do concelho, depois de muitas reuniões de análise e discussão,
depois de abaixo-assinados, manifestações diversas, etc., todos os
intervenientes sabiam que mais tarde ou mais cedo chegaria a hora do confronto
da tal “posição de força”. Agora chegou a hora! Veio a deliberação da Unidade
Técnica e portanto até aqui não há novidade. Todos dissemos por unanimidade que
nenhuma das 29 freguesias devia ser agregada e mantemos essa posição, como dois
terços das assembleias municipais do país. Só um terço aceitou, na grande
maioria em cidades de grande dimensão, como é o caso de Lisboa.
Chegados aqui, dois caminhos poderemos nós agora seguir. Um
é o da demagogia e do jogo político rasteiro, arranjando bodes expiatórios para
a deliberação da Unidade Técnica que decidiu de uma maneira, como poderia ter
decidido de outra.
O outro caminho, será o de continuarmos unidos nesta luta,
mantendo a mesma “posição de força”, como estão a fazer os restantes dois
terços dos municípios, muitos deles a preparar-se inclusivamente para interpor
providências cautelares. E num cenário desta natureza, o mais certo é o assunto
arrastar-se nos tribunais e fazer com que não haja tempo para tudo estar pronto
para as eleições autárquicas que se realizam lá para setembro, outubro. E em
paralelo, tanto o Presidente da Associação de Municípios Portugueses, o
Social-democrata Fernando Ruas, como o Presidente da ANAFRE, continuam a
manifestar-se contra este atentado ao poder local!
Neste capítulo, enalteço a posição do Presidente de Junta de
São Romão, que ciente da luta que está a travar, reagiu de forma lúcida e
peremptória, no comunicado veiculado pela agência Lusa. Luciano Ribeiro, admite
ele próprio interpor uma providência cautelar, para impedir a agregação da sua
freguesia.
Posto isto, podemos no entanto abordar a questão concreta da
putativa criação da União das Freguesias de Seia, São Romão e Lapa dos
Dinheiros, a maior aberração ditada pela Unidade Técnica. E sem nos perdermos
em mais delongas, poderemos sintetizar desta maneira: O Estudo Técnico aponta
Seia e São Romão como um lugar urbano, contrariamente ao que diz a Lei 22/2012,
que fala em 2 lugares urbanos – Seia e São Romão.
Resulta daqui que o Estudo está errado, porque de fato se
trata de dois lugares urbanos distintos. Ou seja, no espaço urbano da cidade de
Seia não há mais nenhuma freguesia, como acontece por exemplo em Gouveia ou
Manteigas, em que dentro do perímetro da cidade e vila, há duas freguesias e aí
poderá fazer sentido agrega-las. Mas não é o que se passa em Seia, onde só há
uma freguesia dentro da cidade. A Vila de São Romão, pese a proximidade à
cidade de Seia, é um lugar urbano autónomo. Possui dinâmicas socias, económicas
e culturais próprias. Tem os seus próprios serviços e colectividades como sejam
posto médico, correios, corporação de bombeiros, banda, rancho folclórico,
oferta escolar até ao 3º ciclo etc… A opção de agregar as freguesias dos dois
lugares urbanos além de uma dúbia abordagem da Lei, cria naturalmente
sentimentos de revolta na população, sobretudo de São Romão, que vê a sua
identidade e matriz histórica ameaçadas.
Muito mais se pode dizer e argumentar sobre esta e outras
situações, mas o melhor nesta altura é adoptar a prudência e tudo fazer nos
lugares próprios e pelas vias oficiais, para defendermos os interesses das nossas
populações, quando ainda faz falta a Junta de Freguesia para o desenvolvimento
do concelho. Quando ainda é decisivo manter a identidade das nossas comunidades,
um bem cultural precioso de que não abdicamos.
De resto, muita tinta ainda vai correr.
1 comentário:
não tem logica nenhuma a agregação de freguesias.. entao seia com s romao nem se fala.. e a cabeça com a vide.. deixem a cabeça estar sossegada pois é pequena em habitantes mas grande noutras coisas.. um exemplo de com pouco se faz muito.. tem mostrado obra a junta freguesia, para tentar melhorar as condições de vida dos seus habitantes e a quem os visita.. ja vide é um caso de estagnação, a perder serviços e muita coisa para se fazer mas vontade é pouca da junta, que se apoia sempre na camara que ta em crise..
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