Hoje lembramos os mortos. Lembramos muita vez e às vezes
todos os dias, ou quase todos. Mas hoje, dia de todos os santos, vamos ao
Cemitério, os que podem e os que querem. E de uma maneira ou de outra, indo ou
não indo, lembramos os que um dia partiram.
Por mim, lembro-me de meu pai, de meus avós, outros
familiares, parentes e amigos.
Mas porque este é assunto de recato, que faz parte da parte
intima de cada um, pouco mais se diz do que isto. Disto e da saudade que temos
e da falta que nos fazemos os que partiram. Da cadeia de afetos que se quebrou
e da enorme dor que se apoderou de nós, felizes por ficarmos, mas do desconsolo
de ver partir quem tanta falta fez ou faz. Porque afinal a vida é isto mesmo, e
quando falamos dela, assim ao contrário, do lado da morte, até parece conversa
tabú. Assunto melindroso que nem convém abordar, por ser do domínio do obscuro
e quase misteriosamente indecifrável.
Hoje e pelo menos uma vez no ano, crentes ou descrentes,
lembramo-nos dos que partiram e tantos tão cedo, cumprindo-se tantas vezes a
profecia de que “o bom acaba e o mau atura”! E neste entretanto em que ainda
nos colocamos, do lado de cá a espreitar quem partiu, vamos colocando flores na
lembrança e inquietude, na esperança de não chegar a nossa vez. Vamos ignorando
que a vida é feita de passagem, sem perceber bem a origem e o fim, ou sequer ao
que viemos, se afinal, quase não temos tempo para quase nada. Sobra-nos o
consolo de viver a vida sem pensar nisso e só procurar lembrar-nos uma vez por
ano, dos que partem de nossas vidas. É a vida, essa roda que gira na efémera
passagem que marca um ritmo que não dá sequer para retardar, quanto mais para
parar. Porque o tempo passa, a vida corre e amanhã já nem sabemos se vamos cá
estar. E assim, vamos lembrando os que partem e a falta que nos fazem.
É a vida!
1 comentário:
A imagem está errada, pertence a outro SIG, também da Serra da Estrela que é o GeObserver (www.geobserver.org)
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