Ei o texto que fiz para a apresentação do filme de Luís Silva e que ocorreu no passado Sábado à noite no Cineteatro da Casa da Cultura, perante uma plateia de mais de 300 pessoas.
"Lanificios.doc", de Luís Silva é um documentário de 53 minutos, onde o realizador aborda várias questões relacionadas com a indústria dos lanifícios na região da serra da Estrela.
Mostrar através de depoimentos e imagens actuais e antigas a força que esta industria tinha na região e os motivos pelos quais se instalou aqui. Depoimentos de autarcas e ex-autarcas, sindicalistas e ex-trabalhadores, empresários e ex-empresários, que em diálogo simples e corrente desfiam também, cada um por si, as contas do rosário do declínio desta importante mono-industria na região, nas décadas de 60, 70 e 80.
Lanificios.doc dá-nos conta, pela voz dos intervenientes, de uma visão desse passado, outrora rico, sem que no entanto o documentário assuma uma perspectiva de levantamento histórico, remetendo isso sim, para os tais testemunhos vivos.
Não é um filme da história dos lanifícios da serra da Estrela, é isso sim, uma amostra do muito que há para ver, sobre a riqueza de um sector que marcou uma geração. Uma obra que abre a janela a mais trabalhos sobre o tema, pelo muito que fica por contar.
Como documentário, Lanificios.doc remete para um compromisso de exploração de uma realidade passada, mas, como no cinema de ficção, acaba por ter também laivos de representação parcial e subjectiva da realidade. Mas tanto numa, como noutra perspectiva, o fio condutor leva o espectador a reflectir sobre uma temática importante, que dominou uma região, cumprindo e fazendo cumprir uma função do género documentário. Assim como se inscreve outra missão, que é a de valorização do património histórico e cultural reportada à ancestralidade de uma indústria rica de valores sociais e humanos.
Enquanto pessoa que se dedica à realização de documentários nos tempos livres, Luís Silva, que em 2009 recebeu uma menção honrosa no Cine’Eco pelo seu filme “Os Últimos Moinhos”, surge agora com Lanificios.doc, num registo mais elaborado e cuidado. Mais maduro, numa obra que, enquanto objecto artístico assinala progressos pontuais, ora por planos cuidados, ora por recortes fotográficos ou sonoros, já que desta vez há uma equipa constituída e funções repartidas.
Obviamente que há aqui ou ali pormenores a emendar, mas mesmo assim não esmorecem a intenção e a obra – esse trabalho que fica para registo presente e memória futura no panorama do vídeo amador local, que quer dar o salto. E por assim ser, aqui está, na Casa Municipal da Cultura de Seia, local onde se acede, mas onde também se faz cultura. Num espaço que o Município disponibiliza cada vez mais aos seus cidadãos que no campo artístico se destacam e se dispõem a partilhar com os diversos públicos.
Por isso, o Luís Silva, enquanto realizador, a Marta Correia, que assina o argumento, o Nuno Pinheiro que é fotógrafo, o músico David Fidalgo e o Wilmer da Silva, que fez a montagem, são dos muitos artistas locais que vão deixando marcas performativas nesta casa, que é o palco privilegiado do concelho de Seia e onde está constantemente a acontecer cultura. Agentes que ajudam a cumprirem a missão deste espaço cultural municipal em constante dinamismo.
Parabéns!
Seia, 19 de Novembro de 2011
Mário Jorge Branquinho
Mostrar através de depoimentos e imagens actuais e antigas a força que esta industria tinha na região e os motivos pelos quais se instalou aqui. Depoimentos de autarcas e ex-autarcas, sindicalistas e ex-trabalhadores, empresários e ex-empresários, que em diálogo simples e corrente desfiam também, cada um por si, as contas do rosário do declínio desta importante mono-industria na região, nas décadas de 60, 70 e 80.
Lanificios.doc dá-nos conta, pela voz dos intervenientes, de uma visão desse passado, outrora rico, sem que no entanto o documentário assuma uma perspectiva de levantamento histórico, remetendo isso sim, para os tais testemunhos vivos.
Não é um filme da história dos lanifícios da serra da Estrela, é isso sim, uma amostra do muito que há para ver, sobre a riqueza de um sector que marcou uma geração. Uma obra que abre a janela a mais trabalhos sobre o tema, pelo muito que fica por contar.
Como documentário, Lanificios.doc remete para um compromisso de exploração de uma realidade passada, mas, como no cinema de ficção, acaba por ter também laivos de representação parcial e subjectiva da realidade. Mas tanto numa, como noutra perspectiva, o fio condutor leva o espectador a reflectir sobre uma temática importante, que dominou uma região, cumprindo e fazendo cumprir uma função do género documentário. Assim como se inscreve outra missão, que é a de valorização do património histórico e cultural reportada à ancestralidade de uma indústria rica de valores sociais e humanos.
Enquanto pessoa que se dedica à realização de documentários nos tempos livres, Luís Silva, que em 2009 recebeu uma menção honrosa no Cine’Eco pelo seu filme “Os Últimos Moinhos”, surge agora com Lanificios.doc, num registo mais elaborado e cuidado. Mais maduro, numa obra que, enquanto objecto artístico assinala progressos pontuais, ora por planos cuidados, ora por recortes fotográficos ou sonoros, já que desta vez há uma equipa constituída e funções repartidas.
Obviamente que há aqui ou ali pormenores a emendar, mas mesmo assim não esmorecem a intenção e a obra – esse trabalho que fica para registo presente e memória futura no panorama do vídeo amador local, que quer dar o salto. E por assim ser, aqui está, na Casa Municipal da Cultura de Seia, local onde se acede, mas onde também se faz cultura. Num espaço que o Município disponibiliza cada vez mais aos seus cidadãos que no campo artístico se destacam e se dispõem a partilhar com os diversos públicos.
Por isso, o Luís Silva, enquanto realizador, a Marta Correia, que assina o argumento, o Nuno Pinheiro que é fotógrafo, o músico David Fidalgo e o Wilmer da Silva, que fez a montagem, são dos muitos artistas locais que vão deixando marcas performativas nesta casa, que é o palco privilegiado do concelho de Seia e onde está constantemente a acontecer cultura. Agentes que ajudam a cumprirem a missão deste espaço cultural municipal em constante dinamismo.
Parabéns!
Seia, 19 de Novembro de 2011
Mário Jorge Branquinho
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