Uma espécie de criativa
A cidade está feliz, por isso podemos falar em feliz cidade. Mas para que a cidade esteja feliz, eu também tenho de estar. Todos temos de estar, senão não há felicidade geral. Eu, tu, ele, nós, vós e eles; todos temos de estar felizes, para que se possa falar de cidade feliz ou feliz cidade e já agora de felicidade plena. Mas felicidade plena é coisa que não conheço.
A cidade está feliz, por isso podemos falar em feliz cidade. Mas para que a cidade esteja feliz, eu também tenho de estar. Todos temos de estar, senão não há felicidade geral. Eu, tu, ele, nós, vós e eles; todos temos de estar felizes, para que se possa falar de cidade feliz ou feliz cidade e já agora de felicidade plena. Mas felicidade plena é coisa que não conheço.
Que conceito é esse? Será sinónimo de alegria? De barriga cheia, ou de muito dinheiro em caixa? E será saúde e boa disposição? E se não é nem uma coisa nem a outra? E se é tudo e não é nada? Nesta, como noutra cidade, felicidade é um mundo desconhecido, que nem por quem nela passa, alguma vez a soube definir com sabedoria e visão plena.
Conceito vago, ou um não conceito. Decifração difícil ou impossível.
Se reúno consensos, fico triste por não haver voz crítica. Se não reúno, triste fico na mesma, por não conseguir com que os outros me entendam. E nem uma nem outra questão, no final das contas, pode contribuir para a minha felicidade. Difícil de contentar, não! Não, claro que não. Difícil é decifrar, como difícil é medir a distância que vai entre um contentamento e um grande grau de felicidade.
Se fazemos alguma coisa de útil, podemos estar a contribuir para a nossa felicidade, mas se não a fazemos, também poderemos estar a dar para esse peditório, já que a preguiça pode dar felicidade. Ou evitar que se faça asneira. E fazer por fazer, não vale a pena, a menos que tudo não passe de treinos para alcançar essa meta desconhecida a que chamam felicidade.
Se eu tenho isto, quero ter aquilo. Se estou aqui, quero ir ali. Se faço esta conquista, a seguir quero outra, querendo estar onde não estamos e sentirmo-nos como nunca nos sentimos. A querer chegar ao invisível.
De embriaguez para embriaguez, quase à vez, chegamo-nos à frente desse inverosímil conceito, que de tão improvável se abotoa com a nossa ânsia e nem nos dá troco. Nem nos permite decifrar. É sempre a andar, ou sempre a aviar e pronto, quase nem vemos onde nos metemos. Em frente é que é o caminho, com todos ou sozinho e por aí adiante.
MJB, Seia, 1 de Dezembro de 2009
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