E pronto, cheguei. Não fiquei no FICA. Regressei desse festival de cinema ambiental que se realiza em Goiás, (antiga Vila Boa) no Estado de Goiás, a duas horas de carro de Goiânia e a 4 de Brasília. Fui a convite da organização, a AGEPEL – Agência Goiânia de Cultura Pedro Ludovico, que é o órgão do governo do Estado de Goiás responsável pela gestão do sector cultural, cuja Presidente é Linda Monteiro, e que já esteve em Seia no ano passado.
Cheguei e medito no que vi e de tal darei conta em Relatório ao Município para que daí se possam tirar ideias e ilações. Obviamente que isso pertence ao foro profissional, mas com os leitores do blogue quero partilhar essencialmente a impressão com que fiquei do FICA, como acontecimento aberto ao mundo e suas ligações a Seia.
Trata-se, como se sabe, de um festival que foi inspirado no Cine’Eco, pelos idos de 1997, 98 e que ainda hoje preserva alguns laivos do modelo de Seia. O Brasil é um país que fala muito de ambiente e esta ideia de criação de um evento que permita olhar o tema pela óptica dos documentaristas, é sintomática.
Grosso modo, para o cidadão de Seia, o que me ocorre dizer é que se trata do maior e quase único evento que se realiza em Goiás. Durante o ano, pouco mais acontece nesta espécie de vila alentejana, salvaguardando as proporções e o contexto social e político, com casas pequeninas, muito calor e pouco para fazer. E o facto do município local ter sido reconhecido em 2001 pela UNESCO como sendo Património Histórico e Cultural Mundial pela sua arquitectura barroca peculiar, pelas suas tradições culturais seculares e pela natureza exuberante que a circunda.
E o FICA funciona como uma espécie de Fiagris lá do sítio, com muita festa, tasquinhas, artistas – este ano foi o Martinho da Vila, a Vanessa da Mata, um encontro de Violeiros e outros pequenos concertos – e muito público que vem de todo o lado. As ruas, outrora desertas enchem-se de multidões, que na praça central desfrutam das sombras, das companhias, das caipirinhas, cervejas e outros pretextos.
E o FICA funciona como uma espécie de Fiagris lá do sítio, com muita festa, tasquinhas, artistas – este ano foi o Martinho da Vila, a Vanessa da Mata, um encontro de Violeiros e outros pequenos concertos – e muito público que vem de todo o lado. As ruas, outrora desertas enchem-se de multidões, que na praça central desfrutam das sombras, das companhias, das caipirinhas, cervejas e outros pretextos.
Do festival propriamente dito pode dizer-se que decorre em dois cinemas - o São Joaquim e um Pavilhão de Desportos adaptado, muito elegantemente adaptado para servir como grande auditório, onde são exibidos os filmes a concurso. Ali, além do júri, há muito público a assistir. Não chega a 30 filmes, o que é a dose certa, exemplo que deve ser seguido por Seia para encurtar as grandes maratonas para os Júris. O programa contempla uma mostra de filmes para crianças, oficinas temáticas centradas no ambiente e no cinema, palestras e reuniões com a participação dos realizadores que concorrem, partilhando ideias, falando dos seus filmes.
Registe-se que o orçamento do festival é grande e suportado inteiramente pelo Estado de Goiás e a avaliar pelo que se viu deve ser mesmo astronómico. Os realizadores, todos os realizadores, venham de onde vierem, têm viagem, estadia e alimentação paga. Os prémios têm um montante total de 250 mil reais, que é mais do que o orçamento total do Cine’Eco.
Registe-se que o orçamento do festival é grande e suportado inteiramente pelo Estado de Goiás e a avaliar pelo que se viu deve ser mesmo astronómico. Os realizadores, todos os realizadores, venham de onde vierem, têm viagem, estadia e alimentação paga. Os prémios têm um montante total de 250 mil reais, que é mais do que o orçamento total do Cine’Eco.
Estão envolvidas na organização do festival mais de 300 pessoas, das quais, mais de 80 por cento são recrutadas temporariamente para esta “empreitada”. E engloba jovens das escolas, pessoas mais velhas para a limpeza das ruas, no âmbito do programa “FICA LIMPO”, pessoal de apoio administrativo, tradutores, animadores, guias, etc. O slogan da Agência é – “Desenvolvimento com responsabilidade” e o Fica é um bom exemplo disso; do investimento que é feito para dinamizar a economia local, pelo muito dinheiro que é injectado no circuito – restaurantes, hotéis, cafés, bares, lojas de artesanato e afins, já que nessa semana descem à cidade milhares de pessoas.
Do que vi, ressaltou-me também a impressão de que o Fica é um festival de afectos - como o Cine’eco - e que Goiás é uma cidade de gente acolhedora como Seia, que sabem receber.
Do que vi, percebi que o Fica é um caso sério no panorama dos festivais de cinema de ambiente e que tem o contributo de várias comunidades científicas, sobretudo de escolas e centros de investigação e desenvolvimento. Constatei também as fragilidades de um evento que depende de um financiador que é o Estado Federal.
Do que vi, deu-me para trazer ideias e sugestões e uma delas e que já alguns anos me faz meditar, é a de que o Cine’Eco deve mudar de data. Quando há 15 anos sugeri que se realizasse em Outubro, tinha na ideia de que este era o mês mais amorfo e mais fraco do ponto de vista turístico e cultural e que por isso, se devia lançar um evento forte que fosse capaz de trazer algum dinamismo, contrariando esse cinzentismo. Agora concluo que será melhor realizar-se em Maio, por exemplo, trocando com a ARTIS, porque em Maio há melhor tempo e podem desencadear-se mais facilmente outros mecanismos que ajudem a mobilizar melhor a comunidade de Seia, que é um caso sério em matéria de apetência para aquisição e fruição de bens culturais.
Por mim, além da participação em várias sessões, conferências e concertos, fiz contactos com os realizadores presentes, oriundos da Índia, França, Itália, China, com tradutor, do próprio Brasil, entre outros, a quem distribui informação do Cine’Eco, convidando-os a enviar os seus documentários para Seia. Surpreendente, ou talvez não, foi a reacção de alguns, de que já conheciam o festival, havendo mesmo alguns realizadores brasileiros a reagirem assim – “Ah, o famoso Cine’Eco!”
Depois de passado o Fica, fica de novo uma cidadezinha vazia de multidão e cheia de tédio, no braseiro quente brasileiro, instalado na terra de Cora Cora Linda, a poetisa do povo, que o povo consagrou e que é hoje um ícone de Goiás.
Por mim, além da participação em várias sessões, conferências e concertos, fiz contactos com os realizadores presentes, oriundos da Índia, França, Itália, China, com tradutor, do próprio Brasil, entre outros, a quem distribui informação do Cine’Eco, convidando-os a enviar os seus documentários para Seia. Surpreendente, ou talvez não, foi a reacção de alguns, de que já conheciam o festival, havendo mesmo alguns realizadores brasileiros a reagirem assim – “Ah, o famoso Cine’Eco!”
Depois de passado o Fica, fica de novo uma cidadezinha vazia de multidão e cheia de tédio, no braseiro quente brasileiro, instalado na terra de Cora Cora Linda, a poetisa do povo, que o povo consagrou e que é hoje um ícone de Goiás.
Seguem algumas imagens do FICA, das muitas que trouxe.
Cine-teatro São Joaquim, onde decorre o Fica, em pleno centro de Goiás. O outro auditório é o Cinemão.
imagem de uma das palestras, ao ar livre, no pátio da casa Cora Cora Lina.
Imagem de uma das várias reuniões de realizadores de todo o mundo, onde cada um fala da sua obra.
... O de verde sou eu, (!?) o outro é o Martinho da Vila.
Não sou destas coisas, nem de autografos nem de fotos ao lado de celebridades para a fotografia, mas não resisti ser fotografado ao lado de uma lenda viva, de um homem simples, de um cantor que vai devagar, devagarinho, cantando e rindo e por aí fora.
2 comentários:
Olá Mário. Gostei muito do que escreveu neste post. Porque entendo que os blogues devem "mostrar" a quem não esteve presente, aquilo que se passa, neste caso pelo FICA, lanço-lhe o desafio de colocar mais fotografias, nomeadamente da localidade, uma vez que entre outras coisas me despertou a atenção quando diz "E o facto do município local ter sido reconhecido em 2001 pela UNESCO como sendo Património Histórico e Cultural Mundial pela sua arquitectura barroca peculiar, pelas suas tradições culturais seculares e pela natureza exuberante que a circunda.".Gostava de ver mais fotografias. Abraço
Eu Tambem gostava de ver mais fotografias. Acho uma excelente ideia a alteração do Cine- eco para o mes de Maio.
JD
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