domingo, 8 de março de 2015

Estranhos dias à janela, comentários ao livro



Intervenção do Presidente da Câmara de Seia
Carlos Filipe Camelo


Fui convidado para convosco partilhar a apresentação do livro “Estranhos Dias à Janela”, do Mário Jorge.

Sabia que me seria pedido para nesta noite proferir algumas palavras.

Por isso, e ao usar da palavra nesta cerimónia, posso correr o risco de, no vosso pensamento, e aprioristicamente, aqui ou ali, ser acometido de alguma tendenciosidade ou parcialidade, dada a relação de forte amizade que cultivo com o autor..

No entanto, mesmo correndo esse perigo, aceitei, como aliás o prova a minha presença aqui.
Devo-o ao respeito e consideração que tenho pelo Mario, mas também por todos aqueles que acharam por conveniente presenteá-lo com a sua presença na noite de hoje.

Como todos sabem tenho com o Mário Jorge privado de forma diária, muito de perto, há cerca de 30 anos.

Têm sido, como todos possamos estar a pensar, e como costumo afirmar, anos de complementaridades e de cumplicidades, nas muitas ações consigo partilhadas.

É sabido que a identidade de cada um de nós se  gera num recipiente onde diversos ingredientes se misturam mais ou menos harmoniosamente, independentemente da ordem em que os possamos citar: a família, a terra, os amigos, a cultura, a profissão, os valores, o respeito pelos costumes e tradições, as motivações fundamentais de uma vida, a busca da verdade sobre si próprio.

Perante nós temos uma pessoa serrana, do Sabugueiro, das Beiras e Serra da Estrela, numa terminologia muito atual, de origem familiar de cultura clássica, pessoa firme e convicta dos seus ideais, pródiga em amizades duradouras, amante da vida e do respeito pelo próximo.

São, pois, muitas as dimensões observadas que nos oferece a sua personalidade e que dá sentido à sua vida onde encontrei, em continuidade, o sorriso, a amizade, o conselho, a disponibilidade, a solidariedade, a seriedade, a camaradagem e o altruísmo.

No entanto, e para além de tudo, todos aqui na sala conhecerão, certamente, o autor, da sua relação com a escrita, na imprensa, no cinema e nas artes, na cultura, no associativismo, na política ou na economia social.

Não vou por isso prender-me em mais considerações diretas relativamente ao Mário Jorge…

Antes, e como é meu hábito e preocupação, lembrar-vos que são momentos como este, que o nosso concelho produz felizmente de forma abundante, nas mais diversas áreas, que nos inspiram a celebrar a nossa comunidade e a assinalar as suas virtuosidades.

No fundo, evidenciar aquilo que temos de genuinamente bom: a capacidade e o conhecimento das nossas gentes, das nossas pessoas. Elas são sem dúvida o nosso maior ativo, porque despertam a energia cívica e social do nosso Concelho.

E o Mário Jorge é, sem dúvida, uma dessas pessoas singulares, que contribuem, com o seu empenho, para o crescimento e afirmação da nossa terra.

O seu percurso cívico, marcado por uma cidadania ativa é, de resto, bem revelador e um exemplo que é replicado um pouco pelos diferentes setores da nossa comunidade, que permitem que o Concelho se mantenha na linha da frente, reafirmando, simultaneamente a sua identidade.

Ao autor, os maiores êxitos, pessoais e profissionais saldado com um abraço forte e solidário do tamanho da nossa Serra da Estrela.

Muito Obrigado a todos.




Comentário 
de Maisa Antunes *

Estranhos dias à janela dá a ideia de abertura, uma abertura desafiadora, porque é preciso vencer o desafio de olhar sem culpa, e a astúcia de perceber uma saída aventureira, uma saída que quebra convenções [no sair], torna-se preciso arriscar um pulo para sair, ou arriscar-se assumindo outros papéis para olhar, para olhar-se, e encontrar este estranho que há em nós.

O livro traz a perspectiva de estar na fronteira entre o distante e o íntimo. Estranhos dias à janela contempla o fora para ver o que estar dentro. O ritmo das palavras com seus enunciados trazem os contrários sem estabelecer dicotomias, mas a sensação de incompletudes de complementaridade – quem é o outro que vejo? Eu próprio? E assim se torna um exercício de reflexos, um espelho.

É a janela do inesperado, e da espera paciente...

Estranhos dias à janela – Uma janela que abre fendas na memória para acessar as distâncias, com intimidade, e assim nos leva ao poema pessoano “navegar é preciso viver não é preciso”.

De cada janela em diferentes lugares do mundo: ruminações de perguntas, de questões de todos nós, respostas internas que generosamente inclui o outro, do outro lado da janela.

Estranhos dias à janela é uma janela ampla que se transforma em varanda e nos oferece um lugar para sentar... para tiramos “a pedra do sapato” e arrumarmos o pensamento.  

Estranhos dias à janela convoca filósofos/poetas que através da perfeição literária e poética expõem a imperfeição humana. E assim este livro nos coloca na ciranda da vida, trazendo as reflexões do quem somos e as ilusões que nos salvam.

Uma janela que é retrato, e sendo retrato revela-se também um auto-retrato. Assim este livro parece uma autobiografia de todos nós, digo, de cada um de nós.



*Maisa Antunes é doutoranda em Pós-Colonialismos e Cidadania Global – no CES – Centro de Estudos Sociais, da Universidade de Coimbra, com o projeto “A arte e a educação”; é colunista do Escrítica (www.escritica.com); e do Cidade do Anjo https://cidadedoanjo.wordpress.com; professora do Departamento de Ciências Humanas - Juazeiro, UNEB – Universidade do Estado da Bahia – Brasil.


Antevisão, 
de Sérgio Reis *

Doze anos decorridos sobre a publicação de “O Mundos dos Apartes”, fazia já falta um terceiro livro de Mário Jorge Branquinho, reunindo textos recentes, inéditos e dispersos, alguns dos quais publicados no seu blogue, Seia Portugal. Longe de ser uma mera coletânea de textos avulsos, “Estranhos dias à janela” reafirma o autor como perspicaz observador crítico do seu tempo e dos lugares, partilhando generosamente com o leitor o prazer da escrita e o seu entendimento do mundo – no sentido em que Kafka gabava a orientação recebida do seu amigo Oskar: "Tu eras para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer." (Franz Kafka, Carta para Oskar Pollak).

Os últimos anos, de crise económica e aflição social, impuseram temas e reflexões a que Mário Jorge Branquinho não podia ficar alheio, como cidadão responsável e interventivo, preocupado com as condições de vida das gentes da sua terra, região e país. No entanto, não se procure nestes textos aguilhões panfletários para além da reflexão crítica sobre o contexto em que se desenvolve o atual mal-estar social e político, em parte provocado pela crise económica mas também fruto da excessiva confiança geral no funcionamento das instituições democráticas. “Estranhos dias” que cada qual pode observar, analisar e comentar do seu ponto de vista, da sua “janela”, ou de várias perspetivas e outras tantas “janelas” abertas pelos jornais, televisão e Internet para um “país em bolandas”, com toda a gente “a querer pular a cerca da inquietação” (O mundo em bolandas). Basta recordar a importância da imprensa na vida de Mário Jorge Branquinho (fundador, administrador, diretor e colaborador de jornais locais e regionais) e a relevância que concede à escrita, além da sua paixão pela fotografia, para exprimir ideias, sensações e sentimentos, integrando-se pelo mérito no colégio literário senense e na história recente da cultura em Seia.

O que diferencia principalmente este livro dos anteriores, cuja leitura se recomenda para melhor apreciação do caminho percorrido, é a inegável dimensão poética da escrita. Uma escrita apurada, culta, que se desdobra em significados e sentidos. Uma escrita “em arco”, inspirada e inspiradora, cuja musicalidade faz lembrar o jazz poetry e o rap, ecoando ao longo da frase e da superfície do texto. Induzindo viagens, pelas “janelas de emoções” e muito mais além, até ao âmago do problema, ao “busílis da questão”, o “centro da periferia”. “Escrever em arco é partir, andar por lá, em aventuras de escrita (…) e voltar são e salvo, sem hipotecas narrativas. (…) É ir a muitos mundos e voltar (…), tantas vezes sem sair do lugar, sem estagnar!” (Escrever em arco). Viagens no sentido de incursões, observações avançadas, visitações, mas também “desviagens” – esses desvios à vista que permitem encarar novos e velhos problemas de perspetivas inusitadas, emboscando-os mais à frente na curva do tempo, para os resolver, muitas vezes sem querer ou por acaso (como no serendipismo?) pois “nem sempre vamos aonde queremos” (Partir daqui, a partir de agora). Mas quando voltamos de uma viagem, somos ainda nós ou já outra pessoa? Para Miguel Torga, viajar “é deixar de ser manjerico à janela do seu quarto e desfazer-se em espanto, em desilusão, em saudade, em cansaço, em movimento, pelo mundo além" (Diário, 1937) e Mário Jorge Branquinho conclui justamente que “só não muda quem não acompanha nem quer sair do lugar” (E tudo mudou).

As fotografias que o autor articulou com os textos, pontuando o livro, permitem traçar o mapa das suas aventuras periféricas, como cidadão do mundo, “no cruzamento com outros, em ruas plácidas, ou em caóticos labirintos” (Inventário de sentimentos), captando momentos específicos e não apenas a memória dos lugares. Espreitando pela janela da máquina fotográfica as janelas do mundo, através das quais se avistam paisagens humanas, paraísos artificiais e outros abismos, “o paradoxo ilusionista em que se vive” (Olhar langue), os “novelos górdios” do nosso tempo e não apenas do nosso espaço e lugar. Os artistas, grosso modo, pintam as janelas nas fachadas, como olhos na cara das casas, mas os fotógrafos têm essa vertigem especial de perseguir imagens através de vidros, lentes de máquinas e janelas, aproximando-se imprudentemente da realidade – e por isso a fotografia é mais objetiva que a pintura. Mário Jorge Branquinho é fotógrafo amador (no mais autêntico sentido do termo “amador”, ou seja, “aquele que ama”) com diversas exposições e prémios no currículo, e as imagens soberbas que pontuam os espaços mentais do livro vão muito além do simples registo fotográfico ilustrativo, espicaçam a imaginação e a interpretação, desdobram-se em sugestões de narrativas.

Cada uma dessas imagens vale autenticamente por mais de mil palavras, procurando as legendas nas frases dos textos, tudo articulado com a engenharia possível numa obra desta natureza. Dois livros num só, como dois autores num só, que se completam e esclarecem mutuamente – um pouco à semelhança de Fernando Pessoa, poeta admirado por Mário Jorge Branquinho, que o evoca discretamente ao longo de “Estranhos dias à janela”.

O livro termina com palavras de incentivo, encerrando com a curiosa sugestão do fim de ano em agosto, um mês de calmaria propício a balanços, para começar do zero depois das férias, frescos e com ganas de refazer tudo um pouco melhor. “Afinal, porque é que não vale a pena, se nunca houve tanto progresso?” (O estado psicológico da nação. Pela positiva). “Em tempo de crise, de falta de muito, sobra a criatividade e a ousadia de fazer mais para fazer sentido” (Balanços). Assim seja.

*Professor e artista plástico, de Seia



 À janela amanhece
  por Alexandre Sampaio*


à janela amanhece
e o dia regressa
num turbulento esplendor

as sombras recolhem aos pés
primitiva casa de penhor
furtivas e insinuantes
e toda a noite trémula
orvalha

amanhece
irremediavelmente

a mesma luz cintila
e refracte
mas não reconheço em que tempo incide
a janela medeia o silêncio atraiçoado
e já o rouxinol que o canto segue

também tu querias que eu fosse pássaro
nascente
água desmedida que sobe ao olhar
e se desmancha sobre a mesa

mas partiste
ainda Endimião dormia

na primeira névoa
hiberna ao longe o estio da cidade
e são estranhos os dias à janela
que pairam sem florir

por isso o centeio dança com as mãos
no vidro frio da retina
e quando negras nuas se descobrem
são já as vozes dos camponeses
que as colhem

é o novo dia coroado
novo mastro peitoril

o vento ondula docemente o milheiral
(ressoa um sino na memória)
o pinhal emerge sumptuoso
(brisa de rosmaninho sobre a pele)
o rio espreguiça o seu ofício líquido
(verbo que humedece)

desenho no mapa embaciado
efémeros continentes
novas atlântidas e constelações
gestos e rotinas
que a claridade consome

gente que ri
gente que vê
gente que dá
gente que crê
gente que dorme
gente que morde
gente amontoada
a paisagem sua

abro a janela
(e digo-me adeus)



* Alexandre Sampaio, encenador, performance



quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

XI SEIA JAZZ & BLUES DE 18 A 22 DE MARÇO NA CASA DA CULTURA



Monica Ferraz, em versão jazzistica será uma das atrações da XI edição do Seia Jazz & Blues que decorre nesta cidade da Serra da Estrela, de 18 a 22 de Março.


A ex-vocalista dos Mesa subirá ao palco da Casa da Cultura de Seia no Sábado dia 21 de Março, para proporcionar ao público do festival um concerto diferente, correspondendo ao um desafio que já não é novo para a contora, conhecida por temas como ‘Go Go Go’, ‘Golden Days’ e ‘Have a Seat’, líderes de airplay nas rádios nacionais e em programas de televisão como o Blue Top, da MTV Portugal.

No dia anterior, sexta-feira será a vez de André Indiana Blues Band. Influenciado por Stevie Wonder, Jimi Hendrix, bem como pela cultura negra americana, André Indiana é seguramente um dos mais versáteis artistas da sua geração, firmando a sua carreira como cantor, compositor, guitarrista, multi-instrumentista e também produtor.

Na quinta-feira dia 19, o palco será da Big Band da Escola Profissional da Serra da Estrela. Presença habitual no Seia Jazz & Blues, a Big Band da EPSE é um projecto que nasce no âmbito da disciplina de “Projectos Colectivos de Improvisação” do Curso Profissional de Instrumentistas de Sopro e Percussão da Escola Profissional da Serra da Estrela, em Seia. Com o objectivo de iniciar os seus alunos na área da improvisação, desenvolve um repertório baseado em standarts do Jazz e do Blues, incentivando-os ainda ao desenvolvimento da criação artística.

Esta formação, orientada por Helder Abreu irá deslocar-se a várias escolas do concelho no primeiro dia do festival, para levar o jazz a cerca de 300 crianças, numa iniciativa integrada na rúbrica agora designada “Escolas com Jazz”.

No âmbito do festival, será ainda exibido Whisplash – Nos Limites, filme de Damien Chazelle, que conta a história de um jovem que sonha fazer carreira no mundo do Jazz. Uma obra que, das 5 nomeações que tinha para os Oscares, venceu 3, entre elas a de melhor ator secundário, J.K. Simmons.

O Seia Jazz & Blues, é um dos eventos “ancora” do municipio de Seia, por onde têm passado grandes nomes do jazz e do blues e que este ano se apresenta dentro de uma linha de forte contenção orçamental. 


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

“Estranhos dias à Janela”, livro de Mário Jorge Branquinho, apresentado a 7 de Março na Casa da Cultura de Seia



“Estranhos Dias à Janela” é o título do livro de escrita criativa de Mário Jorge Branquinho, cuja cerimónia de apresentação terá lugar no próximo dia 7 de Março, no Cineteatro da Casa Municipal da Cultura de Seia.

Editado pela Sinapsis, do grupo Elêtheia Editores, o livro de 158 páginas, “leva-nos a viajar pelo mundo, numa dimensão suavemente poética”, segundo o artista plástico Sérgio Reis, que assina um dos textos introdutórios. O mesmo responsável acrescenta que se trata de “uma escrita apurada, culta e criativa, que se desdobra em significados e sentidos, levando a universos reais e imaginários, de fragâncias e fantasias, para dar que pensar”.

O livro será apresentado pelo professor Silva Brito e haverá ainda intervenções, de amigos do autor.

No foyer do cineteatro estará patente uma exposição das 25 fotografias que fazem parte do livro, feitas a partir de janelas de vários países, “remetendo a olhares reflexivos de horizontes diversos e ao interior de cada espetador”.

No palco, vão igualmente registar-se intervenções musicais e dramatização de textos por músicos e atores locais.


Mário Jorge Branquinho é licenciado em Ciências Sociais e Mestrado em Animação Artística. É programador cultural e diretor e fundador do CineEco, Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela. Autor dos livros “Sentido Figurado” e “O Mundo dos Apartes”.

(nota de imprensa)

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A propósito do Orçamento da Câmara de Seia para 2015


O meu discurso na Assembleia Municipal de hoje

Depois de termos debatido internamente nos órgãos próprios do PS, o Orçamento da Câmara e outros documentos relevantes para o concelho, como é habitual, gostaria de partilhar convosco, aqui e agora, algumas ideias que considero pertinentes, relativamente a este documento que vai nortear a vida do município no decorrer do próximo ano.
O que ressalta desde logo, é a continuidade da contenção orçamental, por contingências internas e das obrigações a cumprir no quadro do PRF e PAEL, e ainda sob vigilância da DGAL, baixando de um montante de 21 milhões do ano passado para 19,5 milhões de euros.

Um emagrecimento que mantém no entanto o investimento possível e necessário, tendo em conta outra contingência, que é o facto de nos situarmos entre dois quadros comunitários – um que ainda não fechou em definitivo e outro ainda em preparação.
Neste quadro de dificuldades, o município dá-nos confiança de conseguir conciliar a necessidade de investimento com o esforço suplementar de diminuição da divida, cumprindo as suas obrigações, como entidade de boa-fé e de boas contas.
Por isso, e muito para além da aritmética dos números, que qualquer um de nós já leu e percebeu, importa falar do rumo político e das opções seguidas no quadro autárquico para 2015.

Uma linha, onde teremos de continuar a dar estímulo e ânimo ao executivo para que possa continuar a promover a procura de desenvolvimento económico como tem vindo a fazer, com parcimónia e persistência. Com a noção de que nem tudo surge de uma hora para a outra. Já começaram as obras da barragem de Girabolhos, que vem dar algum dinamismo temporário, mas é preciso persistir e alargar o esforço nos outros domínios de busca de investimento. Um caminho e um esforço que tem de ser ancorado na disponibilidade de todos, de quem governa e de quem é oposição. E o que se tem verificado, permitam que o diga, é que se instala em Seia, uma espécie de obscurantismo, por parte de alguns setores, do chamado Banco Mau, que persistem na maledicência e no permanente bota-abaixo, como se o pior para o concelho seja o melhor para o mundo deles.

espírito crítico não pode ser confundido com bota-abaixo, porque só um espirito de discussão franca e construtiva pode fazer mover montanhas e neste caso ser benéfico para o concelho. Estimulo, bom-senso e boas palavras é o que é preciso também!
Voltando ao documento, é importante frisar o empenhamento redobrado nas funções sociais do município, seja na área da educação, saúde, habitação e ação social, sempre na perspetiva de que as pessoas estão em primeiro lugar.
Que as pessoas não são números.

É preciso lembrar os financiamentos para refeições e transportes escolares, a reconstrução de habitações, o apoio e encaminhamento de famílias carenciadas, apoio na compra de medicamentos, isenções de taxas, licenças, etc., etc. Nesta área a Câmara substitui muitas vezes aquele que devia ser o papel do governo no apoio aos mais desfavorecidos.

Naturalmente que compreendemos que as maiores fatias vão para saneamento, resíduos sólidos, água, luz pública e operações de divida e salários, mas isso não impede que a ação social e outras necessidades primárias sejam salvaguardadas.

Num tempo tão difícil, a área cultural tem também contribuído e deve continuar a contribuir para dar notoriedade a Seia, promovendo a inclusão, participação, formação e valorização cultural dos nossos munícipes, reforçando a nossa auto-estima e devolvendo em simultâneo o orgulho da nossa identidade e matriz cultural, um caminho que deve continuar, para que o marasmo nunca se instale no nosso concelho. E sobretudo a ideia de que só o conhecimento e a Inovação são decisivos para a valorização da pessoa e desenvolvimento dos territórios.

Assim como no Turismo, uma área que não aparece nos documentos como rubrica própria, mas que surge disseminada em vários domínios, o que não quer dizer que seja uma aposta menor, pelo contrário.

Quando falamos na melhoria de uma estrada ou na reivindicação de melhorias para o maciço central da Serra da Estrela, falamos de turismo.

Quando falamos de feiras e realização de outros eventos – das aldeias de montanha, das aldeias do baixo concelho e de festivais culturais, falamos de turismo.

Quando promovemos produtos e empresas hoteleiras e de outros ramos do concelho, falamos de turismo.

Quando articulamos com várias entidades, ações promocionais do nosso território, ou quando fomentamos intercâmbios ou promovemos na comunicação social as boas práticas que se realizam no nosso concelho, falamos de turismo e valorizamos este importante setor económico.

Quando reforçamos a marca Seia nas ações desenvolvidas, assim como as valiosíssimas marcas - Serra da Estrela e Queijo da Serra, estamos a apostar no Turismo. Não é por acaso que quando se fala de Seia no exterior, se associa logo ao Queijo da Serra e à Serra da Estrela.

Mas claro, é sempre pouco, porque este setor é vital para o nosso concelho, por isso necessitamos de captar mais investimento privado nesta área;

Necessitamos de melhorar o que está a ser feito, sobretudo através de projetos que contribuam para a diferenciação, acrescentando novos valores;

Necessitamos ser ambientalmente ainda mais cuidadosos;

Necessitamos de ter um site exclusivamente turístico de Seia, em complemento ao site da Câmara; de continuar a valorizar a rede de museus e espaços culturais, reforçando a promoção das nossas potencialidades, à medida que desenvolvemos mecanismos que aperfeiçoem a qualidade dos serviços que prestamos.

Para além da aposta no Turismo, é imperioso seguir o rumo do desenvolvimento económico noutras áreas e isso está espelhado nos documentos:

Quando se criam mecanismos de incentivo e atratividade para instalação de novas empresas;

Quando se requalifica a zona industrial, se disponibilizam lotes, se faz levantamento de antigas fábricas para poderem vir a receber novas indústrias;

Quando se elaboram dossiers de investimento e de atratividade concelhia;

Quando se prosseguem ações alinhadas com os parceiros sociais locais – Associação Empresarial, Associação de Artesãos, ADRUSE, etc.;

Quando se preparam projetos para o novo quadro comunitário de apoio, através da CIM das Beiras e Serra da Estrela, num espirito intermunicipal, de modo a podermos potenciar várias infraestruturas, como sejam – o Aeródromo da Serra da Estrela, um Living Lab no CISE, um Cowork nas antigas instalações da MRG, a reconversão do Planalto da Torre, o modo de funcionamento da limpeza de neve nos acessos à serra, etc.;

Uma palavra também para os Presidentes de Junta, que têm sabido interpretar o esforço do município, procurando também eles contornar as dificuldades com imaginação e empenhamento. As Juntas de Freguesia e demais instituições do concelho – Escolas, IPSS, coletividades, etc. são e devem continuar a ser molas impulsionadoras de progresso, ancorando a ação da Câmara, independentemente das cores partidárias de cada dirigente.

A dureza da realidade não permite grandes veleidades nem demagogias balofas. Este não é o Orçamento que todos queríamos, é o Orçamento possível, dentro da realidade que se nos depara. Por isso, resta-nos que o município continue a ser governado com sentido de responsabilidade e rasgo político, para ultrapassar barreiras e enfrentar desafios, procurando o melhor para o concelho, numa lógica de proximidade e de verdade. Só se diz o que se faz e só se faz o que se pode, sem falsas demagogias e reivindicando, reivindicando muito junto do Poder Central, esse monstro insensível que não tem dado sinais de sensibilidade para os problemas do Interior do país.

A realidade é dura e nenhuma conjuntura ajuda! E não há varinhas mágicas para resolver grandes problemas em poucos minutos. Por isso, e com base no que li na imprensa local, acho que a coligação Pelo Valor da Nossa Terra ou futuro Movimento Autárquico Independente de Seia - MAIS, como já vão insinuando, tem de ser realista e apresentar propostas concretas para a solução dos problemas financeiros da autarquia. Só isso!

Nós acreditamos nas pessoas e nas potencialidades do nosso concelho, assim como acreditamos que o PS é o Partido mais preparado para continuar a governar o nosso território.

Precisamos por isso, de continuar a trabalhar afincadamente, cada um no seu patamar e grau de legitimidade, porque Seia tem futuro e nós esperança em dias melhores!

Seia, 24 de Novembro de 2014
Mário Jorge Branquinho, PS


domingo, 23 de novembro de 2014

Tempo livre dedicado à politica, acreditando em melhores dias



Nos tempos livres estou na política. Ainda estou, porque desde pequeno acredito na nobreza da política, do espírito de missão que deve nortear os agentes políticos. Estou até ir embora! Mas enquanto estou e não desanimo, procuro responder aos desafios, na putativa esperança que isto melhore. Quase numa utopia a dissipar-se, mas pronto! Pelo menos até ver.


Assim, e num momento particularmente negro para o sistema político português, irei estar nestes dias em vários palcos, modestamente a ver e a contribuir, para a dignificação dos lugares que ocupo e valorização das acções que se entendem ser as melhores para levar à prática.

Esta semana estarei em duas Assembleias. Segunda-feira, dia 24 na Assembleia Municipal de Seia, que decorrerá no CISE a partir das 9:30 horas, para discussão e votação do Plano e Orçamento do Município de Seia para 2015, entre outros pontos e sobretudo Regulamentos Municipais. Num momento de grandes constrangimentos, em tempos difíceis, que se exige dinamismo, criatividade e persistência e ânimo.

Na sexta-feira, dia 28 de novembro estarei a presidir à Assembleia da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE) que decorrerá no Auditório da Casa Municipal da Cultura de Seia, a partir das 15 horas, e para a qual, todas as pessoas interessadas estão convidadas. Ali será apresentado o Plano Estratégico de Desenvolvimento Integrado da CIM-BSE e discutido e votado o Plano e Orçamento para 2015, entre outros assuntos. Um momento importante, numa altura em que estão a ser alinhavadas as principais linhas dos projectos que serão financiados pelo próximo quadro comunitário de apoio e que será por ventura a ultima grande oportunidade para a nossa região se desenvolver.

No sábado e domingo serei um dos congressistas do PS em Lisboa, onde espero que António Costa anuncie uma “varredela”, para limpar o partido e dar oportunidade a outros fora de esquemas, negociatas e vícios. Para dar a Portugal um novo rumo e concretizar uma esperança, num dos tempos mais negros da política portuguesa, minada pela corrupção, à esquerda e à direita.

No fim-de-semana seguinte integrarei uma comitiva socialista da Federação da Guarda ao Parlamento Europeu, para reivindicar ajudas para esta região Interior do país. Um Distrito marcado pela desertificação e permanentemente ostracizado pelo Poder Central.

E assim vou continuar, uma espécie de voluntário político, que vive do seu salário e que nos tempos livres ainda sonha poder dar pequenos contributos para a política, local, regional e nacional. Pelo seu próprio pé e convicção sua. Assim vou, pelo menos, por enquanto. Enquanto não desisto e vou na ilusão de melhores dias.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O CineEco de Seia na Amazónia



O CineEco como imagem de marca de Seia, na qual o município tem vindo a apostar, contínua o seu percurso de afirmação no mundo, consolidando-se como festival de cinema ambiental de referência. Por ser assim, continua a ser convidado para realizar mostras de filmes das suas secções competitivas em vários pontos do globo, porque como temos vindo a dizer, juntamos em Seia “o melhor da produção mundial”. Isto deve orgulhar-nos, enquanto senenses, enquanto pessoas que vibram com as vitórias. E por tão pouco, poupando o erário publico. Mesmo assim, o CineEco de Seia continua a disputar a “champions”. Ainda recentemente foi convidado para assumir a liderança da rede de festivais que fundamos - GFN e aceitámos apenas continuar a dar contributos no núcleo duro dessa rede networking de 26 festivais de todo o mundo.



Desta vez chegou-nos o convite do FestCineamazonia e dos seus diretores Fernanda Kopanakis e Jurandir Costa para integrar o Júri da competição e para realizarmos uma pequena mostra de filmes CineEco. E o resultado foi muito positivo. Por aqui tivemos oportunidade de ver um festival “impactante”, pelos filmes exibidos na competição e nas Mostras, assim como pelas atividades paralelas desenvolvidas – Debate sobre poesia, concertos, animações, homenagem ao ator Osmar Prado, etc. Várias atividades culturais com enfoque no cinema, com sessões para as quais também é mobilizado público escolar e público em geral. 




Enquanto em Seia o símbolo do festival é a campânula hermínii – planta endémica da Serra da Estrela, aqui o símbolo é o Mipinguari, uma criatura que faz parte de uma lenda da amazónia. Mipinguari cujo grito foi várias vezes entoado pelo apresentador Cácá Carvalho nas sessões de abertura.
Foi bonito ver a reação do público ao filme de Jorge Pelicano Ainda há Pastores?, e de ter o grato privilégio de ter sido portador de um filme que passados 8 anos continua a ser muito solicitado e debatido.



Foi igualmente gratificante estabelecer contatos com responsável do Instituto de Cinema Cubano, na perspetiva de realizarmos uma Mostra em Seia. Ou de estabelecer contatos com diretores e realizadores peruanos, diretores e jornalistas brasileiros, actores e diversas personagens do mundo das artes. Porque, como dizia há dias o Xavier, “vale mais um bolso de contatos que um bolso de dinheiro”! E no FestCineamazónia, valeu muito também pelos contatos, além de termos constatado que o CineEco é conhecido, reconhecido, estimado e admirado.




Com trabalho e saindo do nosso pequeno universo, conseguimos valorizar e alargar horizontes. Como se impõem em qualquer projeto, para valer a pena, porque a alma não é pequena. Nem pode! Para crescer, quase sem limites, como se faz nos grandes eventos, como fazem os festivais, como fazem os responsáveis do FestCineamazónia.



O festival decorre em Porto Velho, capital da Rondónia, que faz fronteira com a Bolívia, uma cidade com cerca de 500 mil habitantes e um clima muito quente e muito húmido, quase sempre acima de 80%. Durante 5 dias, e depois de uma longa e atribulada viagem de quase dois dias, tive oportunidade de estabelecer contatos, ver filmes, ver como se faz, falar do que fazemos, e sobretudo falar do CineEco e de Seia. Da tarefa bonita de explicar onde fica Seia, na Serra da Estrela, no Centro de Portugal. Um festival que não se realize em Lisboa!


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Adesão e fruição nos primeiros dias do CineEco



Mais de mil espetadores passaram nos dois primeiros dias no Auditório e Cineteatro da Casa Municipal da Cultura de Seia, no arranca da 20ª edição do CineEco. Adesão maciça e espontânea, para filmes em competição e para sessões especiais, revelando que o festival cria o seu público e faz o seu caminho. Ou seja, no fim-de-semana, quando as pessoas não trabalham, encontram mais disponibilidade para ir ao festival e marcam presença nas várias sessões realizadas. Durante a semana, naturalmente que as escolas marcarão maior presença, o que não quer dizer que os outros públicos não marquem igualmente presença, sobretudo ao fim da tarde e inicio de noite. Na perspetiva de que a comunidade se revê e vai ao CineEco, sempre que pode, usufruindo. Apesar dos recursos limitados, quer pelas iniciativas paralelas, quer pela promoção na imprensa, incluindo a parceria com a SIC Noticias, o festival tem sido falado e tem feito caminho em vários canais de comunicação.
Deste primeiro fim-de-semana, destaca-se o facto de pela primeira vez ter sido exibido na sessão de abertura oficial, um filme em competição e com sala quase cheia. Mais de 300 pessoas viram em estreia mundial Love Thy Nature, de Sylvie Rokab, um filme soberbo do ponto de vista ambiental. Que fala de tudo um pouco – da ligação do homem à natureza, de hábitos de vida saudável, de alimentação, de espiritismo e acima de tudo, da importância de uma boa relação do homem com a natureza, num tempo que corre muito depressa. Uma sessão que contou também com o documentário de Eduardo Amaro, encomendado pelo Município e que assinala a 20ª edição do CineEco.


Outro momento alto do fim-de-semana foi a exibição em sessão especial de Trama, uma curta-metragem de Luísa Soares, que também quase esgotou o Cineteatro, com a presença de muitas pessoas ligadas no passado à indústria têxtil. E este constitui mais um forte contributo do festival para a valorização do património histórico-cultural do concelho de Seia. Um contributo para a evidência criativa dos agentes culturais locais. Um filme da região, assente num aspecto cultural identitário, que diz muito às comunidades locais – a memória dos têxteis – numa abordagem de excelência, fora de hipotéticos amadorismos e com conta, peso e medida, capaz de emocionar.

A presença do Secretário de Estado do Ambiente também chancelou importância e notoriedade ao festival, numa cerimónia onde o Presidente da Câmara reiterou o desejo da autarquia em manter no seu calendário cultural a realização do CineEco. 

O contributo dos parceiros e patrocinadores, que são cada vez mais, revela igualmente o interesse no festival e no seu simbolismo, enquanto espaço de afirmação e de encontro de plataformas criativas e de reflexão.  Assim como a presença de diretores, realizadores, jornalistas e espetadores de outras paragens, que vão despontando e vêm espreitar este pequeno fenómeno na Serra da Estrela.


Um excelente começo de festival, em Seia que faz do CineEco uma imagem de marca e que acrescenta à cidade mais notoriedade e afirmação no plano cultural e ambiental. Que acrescenta um pouco mais ao ego de cada um dos seus habitantes, em tempos difíceis marcados pela dureza das conjunturas e da estigmatizante interioridade alapada a estes territórios ditos de baixa densidade.

MJB

domingo, 5 de outubro de 2014

Seia e o Interior têm de voltar a apostar nas indústrias tradicionais para se salvarem


A minha Crónica de Seia no Jornal Terras da Beira, Guarda


Do que o Concelho de Seia, o Distrito da Guarda e o Interior do país mais precisam para se salvarem, é mesmo de fixação de empresas para criar postos de trabalho. Parece demasiado evidente, mas há evidências que têm de se escrever as vezes que forem necessárias para fazer prevalecer este questão e despertar os atores do desenvolvimento. Como tenho vindo a defender em vários fóruns e ainda na última reunião da Assembleia Municipal de Seia sublinhei, a juntar ao esforço que tem vindo a fazer-se, tem de dar-se mais passos em frente. Particularmente numa altura em que as indústrias de calçado e têxtil voltam a ter grande impacto na economia portuguesa, registando bons níveis de exportação.

É por isso urgente a inventariação de instalações de antigas fábricas desativadas no concelho e ver de quem são e seus custos, para que se junte ao dossier que é entregue a potenciais empresários, para que saibam que neste concelho há vários fatores de atratividade. Instalações baratas, que podem ser adaptadas para se instalarem empresas, sem ter de se construir pavilhões de raiz, caras e com burocracias de licenciamento demoradas. Há um Centro de Formação, há tradição e know-how no têxtil e calçado e há fundos comunitários disponíveis para as empresas.

Várias vezes tenho igualmente usado a velha frase de que – “já foram inventadas todas as frases para salvar o mundo, falta mesmo salvá-lo”. Neste caso, também já todos os projetos e soluções foram e são diariamente invocados por todos nós. Todos sabemos e dizemos como se salva o Interior, mas tarda a sua salvação, acentuando-se a desertificação e abandono. Por isso, precisamos todos de fazer contatos, de estimular eventuais empresários e sobretudo, despertar um governo que só tem ajudado a enterrar o país com o encerramento de serviços públicos e de não ter impulsionado qualquer incentivo. Nem encaminhamento de investimentos, nem baixa de fiscalidade, nem nenhuma descriminação positiva.

Temos de contar com os nossos municípios, as diversas instituições e com cada um de nós e só assim poderemos trilhar novos caminhos de progresso, para salvarmos o Interior. E sem termos de andar permanentemente a lamentar-nos de que somos esquecidos e ostracizados, mas a tomar em mãos iniciativas que levem a resultados práticos.




sábado, 4 de outubro de 2014

Assim vai o país

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Neste país de brandos costumes, sofre-se da asneira, sofre-se do mal e não há consequências.

Há um Ministro da Educação que faz asneira atrás de asneira, pede desculpa, continua a errar e a desrespeitar quem devia estimar – os professores e a chamada culpa, vai morrendo solteira”. E de consequências, nada!

Há uma Ministra da Justiça que parece não andar boa de boa saúde, a fazer asneiras políticas, a pedir desculpa, a bloquear o sistema e a derreter dinheiro, numa trapalhada sem fim, num bloqueio da justiça sem paralelo e nada!

Um Primeiro-Ministro enredado no seu passado duvidoso, muito mal explicado no que recebeu e não recebeu e nada. Que, ainda por cima, jura não baixar impostos, e nada.
Um outro Ministro da coligação, em rota de colisão a dizer que sim, que há margem para compensar o sacrifício dos portugueses e nada!

Há ainda o Presidente da República que não diz nada, nem se está de boa saúde.

Há submarinos a afundar, dinheiro dos contribuintes a ser consumido e derretido em negociatas, sem explicações e nada e nada, mil vezes nada.

Pelos vistos há também empresas do Estado que não servem para nada, a não ser pagar chorudos ordenados a quadros amigos e também nada se faz para cortar tais gorduras.

E um povo que resiste, na tristeza e na miséria, entre dentes cerrados e punhos fechados, à espera de melhores dias e mais nada, a não ser um certo cheiro a fim de ciclo e esgotamento de ideias, com um Secretário de Estado a sair e outros com vontade de ir também embora.

E assim vai o país.


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

CineEco homenageado no Rio de Janeiro



Testemunho na primeira pessoa

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O CineEco, imagem de marca de Seia, foi por estes dias homenageado no Brasil, pela organização do Filmambiente, festival parceiro na rede Green Film Network. Uma distinção por ocasião dos seus 20 anos, na bela, mítica, complexa, rica, imensa e maravilhosa cidade do Rio de Janeiro.

Enquanto responsável do festival ao serviço do município de Seia e convidado a participar nas iniciativas, apraz-me dar testemunho público da experiência, relatada na primeira pessoa.

A homenagem constou de uma Mostra retrospetiva dos 20 anos do festival de Seia, que decorreu no Instituto Moreira Sales, onde participei no comentário aos filmes exibidos, na presença de alguns portugueses, entre eles o senense José Dinis, a trabalhar naquela cidade brasileira. Um outro senense, a residir no Brasil, Eduardo Pinto, juntar-se-ia igualmente ao festival, por estes dias, revelando dedicação, estima e grande generosidade no acolhimento.

Outro ponto da homenagem foi a realização de um debate sobre a evolução do cinema ambiental nos últimos 20 anos, com o mote lançado a partir da experiência do CineEco. 

Foi para mim uma honra ter sido um dos oradores do referido debate que decorreu no Oi Futuro, um equipamento cultural de referência no Rio de Janeiro. Um momento particularmente importante e impressivo, graças, mais uma vez, ao reconhecimento de Suzana Amado, pelo meu trabalho e pelo desafio que me lançou. Falar no meio de duas grandes referências brasileiras – Paula Saldanha, conhecida no Brasil pelo seu percurso de 40 anos como jornalista da Globo e realizadora de reportagens e filmes ambientais e o professor e economista Sérgio Besserman, um intelectual de renome no Brasil. Num debate moderado pelo também renomado jornalista da Globo, Agostinho Vieira.

Uma jornada rica de conteúdo, valorizada pelo exemplo português de que fui portador, num tempo de grandes preocupações ambientais, e na constatação das apostas necessárias no plano cultural, para a afirmação dos territórios. O exemplo dado por uma pequena cidade do interior de Portugal, onde um município aposta nas áreas culturais e ambientais, à sua medida, com poucos gastos, mas com alcance incomensurável.




Uma admiração partilhada também pelo cônsul de Portugal no Rio de Janeiro, Nuno de Melo Bello e sua esposa, que nos receberam num almoço oferecido a toda a comitiva do festival Filmambiente, em homenagem ao CineEco. Uma surpresa, termos sido recebidos num espaço de Portugal no Brasil e aí reconhecidos pelo trabalho feito na nossa terra, em Seia. Um almoço para o qual foi também convidado o Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio e Industria do Rio de Janeiro, Ricardo Vieira Coelho, a quem falei do festival e de Seia. No meio da surpresa e no momento alto e simbolicamente importante e sem protocolo, aproveitei a oportunidade para lhe transmitir a aposta que Seia faz nos seus produtos regionais e da necessidade de coloca-los noutros mercados, assim como da aposta que está a ser feita para atrair investimentos para este concelho. 


Um pretexto para criar laços e abrir caminho a contactos com o município, à semelhança do que já havia feito no FICA, em Goiás, com o início de contactos com administração de uma grande fábrica de calçado de Franca, do Estado de São Paulo e que lançou os primeiros sapatos biodegradáveis do mundo.

Enquanto director do CineEco, entendo que o festival deve alargar a sua acção à diplomacia e aproveitar as portas que em tempos difíceis se abrem, para que o município possa entrar, procurando capitalizar conhecimentos e acções decorrentes deste seu evento.

Tudo isto pode ser simbólico, vale o que vale, mas é seguramente um caminho a percorrer, fazendo-nos valer de uma marca que temos e do valor que lhe é atribuído no exterior. Porque independentemente das suas debilidades, é um ativo importante do município, e Seia deve orgulhar-se de ter um festival com 20 anos, que é reconhecido no mundo. E não é por acaso que este ano, teremos em Seia uma cimeira de 7 diretores de festivais de cinema de todo o mundo e mais uma vez sem grandes gastos, porque o festival é financiado por programa comunitário. 

Neste contexto, mesmo ainda antes de Seia prestar homenagem ao seu festival pela 20ª edição, que ocorrerá de 11 a 18 de outubro, foi o Festival do Rio de Janeiro, no coração do Brasil, a reconhecer a importância e grandeza do único festival de cinema ambiental que se realiza em Portugal e um dos mais antigos do mundo. Uma homenagem simbólica, pelo que acima se diz e ainda pela integração no Júri Internacional do meu companheiro de jornada neste percurso de 20 anos, Carlos Teófilo. Uma participação de referência na dinâmica do festival, nos laços criados e afetos partilhados.

Por tudo isto e muito mais, reitero enorme agradecimento a Suzana Amado, directora do Filmambiente, pela homenagem ao CineEco, que é uma distinção a Seia e também um agradecimento ao Presidente da Câmara, Carlos Filipe Camelo, por acreditar em mim, na condução do festival que idealizei e ajudei a lançar no longínquo ano de 1995.

http://www.filmambiente.com/