domingo, 5 de maio de 2013

ARTIS, emergência criativa


A Festa das Artes, está de volta a Seia. Depois do interregno de um ano, o Festival ARTIS retoma o seu espaço na Casa Municipal da Cultura, lugar de eleição para a emergência de novas correntes de animação artística, ao encontro de diversos públicos.

Ultrapassada a paragem, promove-se esse reencontro feliz de artistas locais e demais convidados, percorrendo caminhos de expressão, brotados de obras, que tanto vão no sentido livre e máximo da sua conceção, como na direção de um tema proposto. Da Fotografia, à pintura, incluindo a escultura, instalações e outras manifestações performativas, este ARTIS, revela novas correntes expressivas, quer de quem se espraia no limbo da obra legitimada, quer de quem tem muito caminho para andar.

Nesses definidos,  delimitados e discutíveis campos de legitimação, constrói-se esta plataforma artística, que se pretende ininterruptamente anual, ora amparada, ora descomplexada, na clara e firme determinação de ser lugar que dá largas à criatividade. Que dá espaço aos criadores locais, na construção de oportunidades, ao encontro de novos encontros, de estímulos e de espirito participativo, resvalando na emergência critica, capaz de não deixar adormecer uma comunidade que se quer cada vez mais interventiva.
Deixando ao visitante a simples tarefa de usufruir e apreciar a matéria criada, à janela de uma atitude reflexiva que se escancara, fica a anotação do tema proposto, que vai de encontro à desformatação que se impõe, num mundo em constante transformação. Num mundo demasiado alinhado e na forma.

Desafiante e ousado, o tema, democraticamente definido, pode levar-nos a caminhos desviantes, de quem sai da norma, de quem invade o espaço que contorna a pintura, de quem pode rasgar contratos, conceitos, tratados, sistemas ou simplesmente desalinha dessa formatura que é a vida de uns atrás dos outros. A arte tem esse dom, de nos transportar a novos desafios e descobertas e enfrentamentos, ora rotulados de descabidos e fantasiosos, ora acarinhados e aplaudidos em êxtases de genialidade.

Comandados no sonho de despertar entusiasmos, em tempos de crise e crentes no permanente pensamento critico e assaz desalinhante, que impele a revoluções inovadoras, sobra a esperança de refundarmos novos mundos criativos. Sobra o que somos e o que criamos. Sobra a ideia desafiante de enfrentamento, que a expressão artística pode construir, fruto dos estímulos como este que o Festival ARTIS proporciona. Com a consciência das limitações e do lugar frágil de onde partimos.

Por isso, importa que em Seia, como em qualquer parte do mundo, prossiga a ideia de inquietação criativa e leve, forte ou tenuemente, a construir, a pouco e pouco, essa consciência de transformação, fora do jargão que tanto condiciona como inibe.
Daí o desafio, daí a festa das artes em perfeita harmonia, a desafiar para novos caminhos criativos, em Seia, como em qualquer parte do mundo!
Mário Jorge Branquinho

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