terça-feira, 3 de abril de 2012

Exposição MEMÓRIAS DO CINEMA, na Casa da Cultura de Seia

Sinais históricos e arqueológicos comprovam que é antiga a preocupação do homem com o registo do movimento. O desenho e a pintura foram as primeiras formas de representar os aspetos dinâmicos da vida humana e da natureza, produzindo narrativas através de figuras. O jogo de sombras do teatro de marionetes oriental é considerado um dos mais remotos precursores do cinema. Experiências posteriores, como a câmara escura e a lanterna mágica, constituem os fundamentos da ciência ótica, que torna possível a realidade cinematográfica.


Pequenos documentários e ficções são os primeiros géneros do cinema. A linguagem cinematográfica desenvolve-se, criando estruturas narrativas. Na França, na primeira década do século XX, são filmadas peças de teatro com grandes nomes do palco, como Sarah Bernhardt. Em 1913 surgem, com Max Linder – que mais tarde inspiraria Chaplin –, o primeiro tipo cómico e, com o Fantômas, de Louis Feuillade, o primeiro seriado policial.


O início do cinema português tem lugar com a exibição das primeiras curtas-metragens de um empresário da cidade do Porto, Aurélio Paz dos Reis. A Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança, de 1896, é uma réplica sua do filme dos irmãos Lumiére (1894/1895), Sortie de L'usine Lumiére à Lyon, que é considerado, depois das descobertas do chamado “pré-cinema”, o primeiro filme da história do cinema e, ao mesmo tempo, o primeiro documentário.


A ficção cinematográfica portuguesa nasce em 1907. E Seia, sendo uma terra audaz e culturalmente inovadora, cedo se preocupou com as artes do cinema e do teatro. De acordo com as referências existentes no Arquivo Municipal, o cinema em Seia é anterior à Implantação da Republica. O jornal Correio de Ceia, de 3 de junho de 1910, noticia a “Inauguração do Salão Cenimatographico "Cenense” e nos números a seguir refere a grande adesão por parte da “população Cenense” às sessões das quinta-feiras e de domingos. Este “salão Cenimatographico” situava-se na Rua da Caínha.




O Ceia Fraternal, de 01 de setembro de 1917, noticia o início da construção de “uma casa própria para o Teatro e Cinema”. Este será o Cinema Avenida, sito na Avenida Dr. Afonso Costa que a 19 de dezembro de 1925, exibiu o filme Max, Rei do Circo, uma produção “original e hilariante” de Max Linder.


A Associação de Socorros Mútuos de Seia criou na Rua 1º de Dezembro um edifício para sala de cinema e espetáculos, devidamente autorizada e “orientada” pela Inspecção-geral de espetáculos do Ministério do Interior do governo de Salazar.


Importa referir que Seia deu sempre um passo à frente na divulgação cinematográfica, permitindo que todos tivessem acesso a esta, que é hoje, a 7ª Arte. Como exemplo relevante regista-se a atividade da empresa Pátria Filmes, pertencente ao Sr. Manuel Toscano Pessoa, que através das suas emblemáticas carrinhas passava filmes não só no concelho mas por todo o País.


Em 1979 o edifício da Associação de Socorros Mútuos foi demolido.




Surgem alguns projetos, até se chegar ao atual Cineteatro, que a 19 de maio de 1984 com o filme Annie, de John Huston, faz a sua sessão experimental. Daí para cá, o “Cinema de Seia” foi sempre dos que registava maior bilheteira ao longo dos anos, nos chamados “cinemas do Interior”. Nos últimos 3 anos registou uma quebra acentuada, a que não é alheio o fenómeno da internet e o fato dos filmes agora chegarem a Seia com 2 ou 3 meses de atraso. No entanto e porque vão desaparecendo os filmes de 35 mm, o Município deverá dotar ainda este ano o “Cinema” com equipamento digital.


A Exposição é organizada pelo Município de Seia, conta com coleções de Rui Veloso e ainda a colaboração do Município de Leiria, através do Museu da Imagem e Multimédia e Município de Melgaço, através do Museu de Cinema

Galerias da Casa Municipal da Cultura de Seia
Abril 2012

Horário: De segunda a sexta-feira: das 10 H às 18 Horas e Domingos das 15 H às 17 Horas



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