quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Instituições sociais em tempo de crise




Um destes dias respondi a uma curta entrevista do Diário das Beiras, de Coimbra, sobre a Associação de Beneficência do Sabugueiro, Instituição Particular de Solidariedade Social a que presido.

Respostas que partilho com os leitores do blogue, dada a pertinência das abordagens feitas, em tempos de crise económica e social:

1- Quais as valências da instituição e se pretende ter mais alguma?
A Associação de Beneficência do Sabugueiro presta serviço nas valências de Lar a 32 utentes, Apoio Domiciliário a cerca de 20 pessoas e ainda serviço ATL para mais de 25 crianças. Para além destes, possui também serviço de apoio médico e de farmácia à população, promove actividades culturais na aldeia, das quais se destaca a Mostra Gastronómica e tem em funcionamento os Projetos ALAVANCA e PONTES DO ALVA, com intervenção no concelho de Seia, no apoio a pessoas com problemas de alcoolismo e toxicodependência.

2- Que dificuldades enfrenta?
As dificuldades que enfrenta são sobretudo financeiras. Basta dizer que os projetos ALAVANCA E PONTOS DO ALVA, que eram financiados pelo IDT, através do programa PORI, deixaram de ter apoio à sua continuidade, pese embora o meritório serviço prestado. No entanto, a nossa instituição não deixou terminar estes projectos e desde fevereiro que assegura os custos salariais dos técnicos envolvidos, com algum apoio da Câmara Municipal. No entanto estamos esperançados de que, para o próximo ano, o IDT volte a apoiar estes projectos, já que as pessoas que beneficiam da nossa intervenção não podem ficar sem retaguarda de apoio.

3- Os atuais cortes orçamentais do governo poderão ou não afetar a instituição?
Para já, o que estamos a sentir mais, é o agravamento dos preços dos produtos consumiveis, que até ao momento ainda não fizemos refletir nas mensalidades dos utentes. No entanto, e dado os elevados aumentos da generalidade dos produtos e sobretudo do IVA da energia elétrica, isso pode levar-nos a graves problemas de tesouraria.

4- Este tipo de instituição é ou não importante para ajudar a combater a desertificação do interior?
Este tipo de instituições é fundamental para ajudar a resolver problemas de desertificação do interior, uma vez que são parceiros privilegiados na intervenção local. Conhecem as pessoas, conhecem as realidades e sabem fazer a ponte entre as mais desfavorecidas e as instituições, além de possuirem mecânismos para estimular e alavancar o desenvolvimento. E numa altura em que se fala da redução do número de freguesias, entendo que a figura do Presidente da Junta se pode manter, como uma espécie de "coordenador da aldeia", mas onde as IPSS locais podem intervir em muitas matérias, para não acentuar ainda mais o vazio que uma reforma desta natureza pode acarretar.


Diário As Beiras, 1o de Setembro de 2011


4 comentários:

Antonio Fernandes Pina disse...

Quero acreditar que a ASSOCIAÇÃO DE BENEFICÊNCIA do SABUGUEIRO e tantas outras espalhadas pelo País que nasceram do quase nada e com o trabalho árduo dos seus fundadores e populações sejam tratadas com a dignidade que merecem.
Os Senhores Presidentes de Junta do País são o garante das populações na forma de tratar os assuntos que querem ver resolvidos.
É um erro histórico que se acabe com essa figura que pertence por direito próprio às populações.
Vou continuar a escrever aquilo que me vai na alma, quer queiram quer não. Eu não tenho vergonha dado que assino os meus comentários e respeito uns e outros-anónimos e não anónimos.

Assina: António Fernandes Pina.

Anónimo disse...

Bem dito Sr. A.F.Pina é assim que se fala, olhos nos olhos.Eu não assino os comentários por vergonha, sou um analfabeto, mas gosto de lêr os seus comentários, mande sempre.

Antonio Fernandes Pina disse...

Sr. Anónimo
Informo-o que a sua humildade é sabedoria. A escolha é sua e só a si diz respeito. Vá em frente desde que tenha a sua consciência tranquila.

Um abraço amigo,

Assina: António Fernandes Pina.

os três pés da troika disse...

A situação no País é mais ou menos assim: há três partidos que subscrevem a política que o Governo executa, mas só dois deles estão no Governo. O terceiro está na «oposição», por muito que isso possa custar a entender.
O congresso do PS teve, assim, uma função muito importante para a fachada democrática do sistema instalado, mas também bastante complicada: confirmar que o PS seguiu e seguirá as mesmas políticas que o PSD e o CDS – agora configuradas no «memorando» da troika – e ao mesmo tempo afirmar-se «oposição» e «alternativa».
Para o PS a palavra oposição carece de ser bem adjectivada. A oposição do PS não é a do «bota-abaixo, do pessimismo, do protesto», garante António José Seguro. É oposição «firme, responsável, construtiva», o que se traduz em assegurar a fidelidade ao memorando da troika que subscreveu com o PSD e o CDS, em votar favoravelmente o orçamento rectificativo do PSD e do CDS, em acordar com o PSD e o CDS a lei das privatizações, em preparar-se para votar com o PSD uma nova lei eleitoral autárquica. É de facto «firme, responsável, construtiva» para a política de direita. O que não é é oposição.
Nem este PS o poderia ser. Todo o conteúdo político do congresso do PS assenta em contradições das quais é incapaz de sair.
Só dois exemplos: enquanto o «projecto europeu» do grande capital se afunda na crise e os trabalhadores, as economias mais débeis e a soberania dos povos pagam os custos, o que o PS tem a propor é novos avanços na via do federalismo. Outro: assumindo como bandeira o «combate à corrupção», Seguro anuncia no congresso a determinação de aprovar, com o PSD, uma nova lei eleitoral autárquica que teria, entre outras consequências antidemocráticas, a de retirar aos executivos camarários a sua dimensão plural e fiscalizadora, potenciando assim a opacidade, as negociatas privadas e a corrupção.
No discurso de abertura Seguro fez questão de confirmar que o seu PS é o mesmo que, de Soares a Sócrates, tem desempenhado um papel central na política que conduziu o País à desastrosa situação actual.
Confirmou que não é nem oposição nem alternativa. É parte do problema, juntamente com os outros dois - PSD e CDS - pés da troika.