sexta-feira, 15 de julho de 2011

Administração da ULS da Guarda faz mal à saúde do concelho de Seia




É sabido que há falta de médicos no Distrito da Guarda. É sabido que há graves problemas neste sector para se ultrapassarem dificuldades. Houve engenho e arte para se construir o Hospital de Seia, fruto de muita reivindicação das populações, mais por isso do que pela competência de certos dirigentes, e na cidade capital de distrito, começou a construção do Hospital da Guarda!


Falando concretamente no caso do concelho de Seia, não tenho pejo nenhum em dizer que a actual administração da ULS, presidida por Fernando Girão, foi altamente prejudicial ao concelho, em matéria de saúde. Disse-o várias vezes ao longo dos últimos anos, disse-o a Girão numa reunião em Seia, onde lhe disse também que além das questões técnicas, há a função política que importa colocar no sector da saúde, para corresponder às expectativas e anseios das populações.


Para além de terem passado estes anos a votar quase ao abandono e ao esvaziamento de conteúdo e de comando do Hospital de Seia, eis que surge mais uma machadada à saúde das populações das nossas aldeias. Numa decisão inédita, comunicada de um dia para o outro, encerram 11 extensões de saúde das 19 existentes nas freguesias do concelho. Tudo isto de “supetão”, sem a tal sensibilidade politica, ao arrepio dos autarcas e de forma quase cruel. Um pobre cidadão doente, tantas vezes só e mal amparado, chega agora ao local da sua aldeia onde habitualmente tinha médico e leva com um texto imberbe escarrapachado numa vitrina, a dizer que o serviço está encerrado, e pronto! Que se amanhe a pessoa e as outras, tantas vezes idosas, tantas vezes frágeis!


Cruel é o sinónimo que se pode atribuir a uma decisão destas. Fechar um serviço sem dar cavaco. Sem perceber que estas coisas se negoceiam e se preparam para evitar danos colaterais. Claro que há tempos se falou nessa possibilidade, dada a falta de médicos e a necessidade de gestão de recursos. Claro que tem de haver ajustamentos. Mas para tudo isso é preciso concertar primeiro com as juntas, com as IPSS e com o município formas de compensar os utentes no acesso á saúde e não os deixar desamparados nem por um dia.


Não é de um dia para o outro que se faz aquilo que demora algum tempo.


São exemplos destes que nos levam a dizer que os administradores da saúde no nosso distrito não estão à altura dos lugares que ocupam. São exemplos como estes que ajudam a enterrar ainda mais o distrito da Guarda.


Com amigos destes no desenvolvimento do nosso território, quem precisa de inimigos?


Sou militante do PS com responsabilidades no concelho de Seia, mas para mim o interesse deste território está acima da questão partidária, por isso, independentemente do peso das palavras, o que afirmo é que esta administração da ULS fez muito mal à saúde no concelho de Seia. Tinham tanto para fazer e não fizeram. Os cuidados de saúde primários nunca estiveram tão mal. O Hospital nunca esteve tão entregue a si próprio. E agora tratam deste assunto, assim, de forma superficial e insensível.


Que esforços foram feitos para inverter estas dificuldades? Que diligências? Que conhecimentos utilizaram para trazer mais meios técnicos e humanos qualificados para o concelho?


Conformaram-se e desculparam-se com a falta de médicos, mas todos nós sabemos que há médicos subaproveitados nos horários de serviço público e que por estranhas razões não são chamados à responsabilidade.


Lamentável! Ainda por cima terão ficado escandalizados com o discurso fortemente reivindicativo feito pelo Presidente da Câmara de Seia frente à então Ministra da Saúde, quando veio a Seia em período de pré-campanha eleitoral. Já nessa altura Filipe Camelo colocou o interesse concelhio acima do partidário, independentemente dos votos, mas não adiantou nada, pelos vistos. Decidiram, sem ter em conta a opinião e a parceria da Câmara.


Agora, tem de ser mais uma vez o município, a Assembleia Municipal, as Juntas de Freguesia e as populações a sair a terreiro para ver se se muda o rumo da situação. Pela força reivindicativa na rua e noutros actos da diplomacia de influência.


Por estas e por outras é que o Distrito da Guarda se tem afundado ao longo dos anos porque não tem tido dirigentes à altura que saibam aproveitar os lugares que ocupam para desenvolver o território em índices satisfatórios.


Depois queixamo-nos que as cidades de média dimensão aqui à volta – Viseu, Covilhã e Castelo Branco crescem a olhos vistos, em detrimento do atraso da Guarda!


Assim não!

Mário Jorge Branquinho
Líder da bancada do PS na Assembleia Municipal de Seia

artigo publicado no Jornal Porta da Estrela, de 15/07/2011



7 comentários:

Lusitano, professor disse...

Bravo, Mário!
Não posso estar mais de acordo. Há poucos dias, Mário Soares afirmava que havia muita gente no PS, que não tinha a noção do que era o serviço público e se serviram do partido e dos cargos que ocuparam para se darem bem na vida, para se servirem e não para servir.
Quando assim é, a sensibilidade para com problemas desta ordem, não existe e, de facto, o nosso distrito, vai ficando cada vez mais pobre, porque a maior riqueza, que são as pessoas, os recursos humanos, vai sendo cada vez mais escassa. Há que inverter esta situação. É urgente, o quanto antes, dar uma vassourada nestes "quadros políticos" de meia tigela.

Antonio Fernandes Pina disse...

É caso para perguntar onde para o Senhor Deputado Carlos Peixoto? Credo abernuncia?!...

Assina: António Fernandes Pina.

Anónimo disse...

Porque culpar os outros para lá de Seia. Os culpados são de Seia, mas agora estão "plantados" na intitulada EPE.

M. Almeida disse...

Ao contrário do que por aí se diz, principalmente através dos mastigadores de opinião oficiais do regime, o pacto de submissão - também chamado por esses de "memorando" - assinado por PS, PSD e CDS prostrados perante a tal troika, não é um plano de pagamento de dívidas ou de empréstimos.

O Pacto de submissão é um Programa Político de Classe, uma Constituição da República subterrânea e golpista.

A pretexto da situação económica do país, desde sempre, tem o Capital reconstruído os privilégios dos grupos económicos e dos grupos monopolistas, tal como se verificavam no fascismo.

A questão agora, perante o agravamento da situação económica e o pacto de submissão entre as troikas (a doméstica e a ocupante), é mais de ritmo do que de substância.

E já agora permita-me as perguntas: Porque é que não publica todos os comentários? Ofendi Alguém? Não gosta das pessoas que não têm a sua opinião? Faz lembrar os "critérios editoriais" da dita comunicação social de referência...

M. Almeida

Mário Branquinho disse...

Senhor M. Almeida. Identifique-se e eu terei gosto em publicar as suas verborreias. Se o senhor tem o direito em dizer coisas anonimamente eu também tenho o direito de publicar o que quiser, naquilo que é meu. Percebe?

Mário Branquinho disse...

Caro M. Almeida
envie-me o seu e-mail, se faz favor! Acho que temos muito que conversar e como sabe, não fujo ao confronto de ideias. Nunca assim foi, nem nunca assim será.
MJB

disse...

INTERESSANTÍSSIMA SUA COLOCAÇÃO FRENTE AO QUE ACREDITA E LUTA !NADA SE VENCE SEM UMA GUERRA E NÃO HÁ VITÓRIA SEM LUTAS!
TENHO SEU BLOG LINKADO NO MEU, POIS SOU NETA DE PORTUGUESES DA REGIÃO DE AVEIRO, MAIS PRECISAMENTE AINDA TENHO FAMÍLIA EM CALVÃO!JÁ CONHEÇO A TERRINHA E ACOMPANHO TUDO NO QUE SE REFERE A ELA,FICO MUITO TRISTE AO SABER AQUI NO BRASIL COMO ESTÁ CAÓTICA A SITUAÇÃO DE PORTUGAL! QUE DEUS ACENDA UMA LUZ NO CÉREBRO DOS LÍDERES DESSE PAÍS, PARA QUE NÃO SE REPERCUTA NOTÍCIAS TÃO NEGATIVAS DE PORTUGAL, FICO REALMENTE CHATEADA MAS SÓ ME RESTA ORAR !