Espécie de criativa
E o que é que se pode fazer num tempo destes?
Novembro é chuva e vento. É frio e cinzento. É melancolia. Ás vezes apatia. Apetência para o aconchego, á espera do Natal. Á espera de qualquer coisa.
Neste tempo, sente-se que anda tudo trocado. De manhã dizem-nos umas coisas, á tarde outras. Já não temos pachorra para os políticos que passam na televisão. Sejam do governo ou da oposição. Perde-se tempo a ouvir inutilidades e inúteis.
Neste tempo em que o tempo corre rápido, o que é preciso é ir ao essencial. Ao concreto. E o tempo que é para o lazer, começa a ser tempo de vaguear cada vez mais pela internet e cada vez menos pela televisão. Dantes dizia-se que havia falta de massa crítica, agora começa a haver demais mas de duvidosa intenção. Todos dão palpites e nas televisões ainda chateia mais porque normalmente vai tudo em carreirinha.
No tempo em que o tempo parecia andar devagar, a coisa era diferente. Apetecia ouvir política. Debate a sério, tipo fogo cruzado. Agora que o tempo tem tanto tempo como o tempo tem de tédio, nem apetece ouvir certas coisas. E também para quê se a repetição dos dias e das horas nos leva á exaustão?
E vamos levados a preferir não ter nada para comentar.
E hoje o tempo é de chavões e de poucas convicções.
Fala-se de mercados, de dívidas. Dívidas soberanas! E de escândalos e das façanhas dos senhores grandes. E no tempo que corre, corre-se atrás de ideias feitas. Perde-se o rumo, perde-se o tempo e encontra-se tantas vezes a inabilidade que teima em passar e a gente sem sequer querer acreditar.
No tempo que se faz ao tempo, fazemos tantas vezes de conta que não damos conta, e fingindo, vamos dando azo a que não nos mordam e discorremos assim, meio descontraídos, alheios ao que não nos interessa, porque afinal o tempo não está para grandes embates. Basta deixar correr o marfim, não ligar a televisão e assim!
Sem comentários:
Enviar um comentário