segunda-feira, 21 de julho de 2008

Na politica como no resto, o que nos salva é,... não ter medo e contribuir para a mudança

Eu entendo a politica e sempre a entendi, como uma forma de contribuir para o bem estar colectivo, necessitando para tal de se desenvolver estratégias e adoptar mecanismos de modo a verificarem-se acções práticas.

Dentro das minhas possibilidades e limitações enquanto autarca, procuro dar seguimento a esse desígnio, ciente das dificuldades. Exerço um cargo de deputado municipal, que é um órgão que, de forma ordinária reúne 5 vezes por ano e segundo a lei, para fiscalizar a actividade da Câmara, participar na votação de um conjunto de documentos importantes para a governação concelhia e pouco mais, além do "debate em torno de questões locais".

Em Seia como se sabe, o PS é o partido maioritário, quer na Câmara, quer na Assembleia, para não falar das freguesias. Esta realidade pode ser confortável para o Partido Socialista e é, do ponto de vista político, no entanto exige um redobrado empenhamento, sobretudo para aqueles que como eu se interessam em desempenhar o seu papel de modo a influenciar o rumo da governação e assim ver implementar acções práticas no quadro do desenvolvimento. É que, como se sabe, há várias formas de intervir na política e uma delas é sem dúvida a arte da influência.

Não está em questão, dizer aqui se tenho muito ou pouco êxito nessa matéria, tão simplesmente cabe lugar à reflexão sobre o que é que cada um de nós tem feito ou pretende fazer para mudar o rumo, estando dentro ou fora das maiorias. Uma coisa é certa, eu faço política com sentido de missão e postura “activista”, que julgo suficiente para, partindo do humilde lugar que ocupo, ajudar na empreitada deste concelho. E não me inibo de o fazer, seja em situações favoráveis ou em ambientes adversos.

Porque acredito que é possível melhorar cada vez mais e porque continuo a entender que todos somos poucos para a “empreitada”, não desarmo. Na Assembleia, como noutro qualquer lugar, exercendo a democracia saudável e uma cidadania cada vez mais aliciante, procuro sempre ser produtivo, construtivo, criativo e dinâmico. E digo isto porque entendo que é necessário dizermos o que pensamos, sem receio de interpretações obtusas. Eu sou daqueles que luta pelos seus ideais e não se inibe com o terror do “dia seguinte” porque o que faz é de cara levantada, ainda que por vezes remando contra a maré.

Entristece-me, por exemplo ouvir um jovem dizer que falta em Seia alguma liberdade (entrevista de Luís Monteiro em http://oceanodepalavras.blogspot.com ) e não me inibo de o dizer. Pode parecer uma tirada sem valor, uma expressão infeliz ou uma frase inocente mas surge carregada de um simbolismo atroz, que nos deve fazer reflectir a todos. Daí o peso desta curta declaração, já aqui e ali ouvida e transmitida. E Seia não pode ir por aí, daí eu entender que não podemos nem devemos inibir-nos de intervir na causa pública, independentemente dos interesses de cada um. Os interesses são legítimos. A sociedade move-se de interesses e isso não é condenável, o que pode ser censurável é não haver declaração de interesse! Se cada um disser ao que vai, ninguém pode levar a mal.

Quanto ao resto, acredito no futuro e por isso acredito na mudança que nos leva a um dinamismo empenhado e alastrado no combate ao marasmo.
Por isso eu digo e finalizo: "Na política como no resto, o que nos salva é,... não ter medo e contribuir para a mudança!

3 comentários:

Luís Monteiro disse...

Boa tarde,
Começo por dizer que o texto que se segue não é dirigido a ninguém em particular, mas a todos aqueles que interpretaram mal as minhas palavras.
Acabei de ler o seu texto e sinto-me no dever e também no direito de esclarecer algumas dúvidas que possam existir. O conceito de liberdade é muito amplo, e como tal, quando afirmei que denoto alguma falta de liberdade em Seia, não me referia a nível político e muito menos partidário. Não tenho qualquer tipo de contacto directo com a vida partidária do nosso concelho e, portanto, não me posso pronunciar. Se o fizesse, aí sim estaria a falar sem saber.
Quando me refiro a falta de liberdade, falo unicamente na nossa esfera social. E falo com conhecimento de causa. Estive presente em inúmeras ocasiões onde pude comprovar que não se pode fazer isto ou aquilo porque fulano x não se dá com fulano y. Chamem-lhe conflito de interesses, “politiquices” ou “marretices”, mas a verdade é que estes atritos retiram liberdade às iniciativas. Principalmente àquelas vindas de jovens como eu, que se vêm muitas vezes inibidos por causa de relações tempestuosas que nada nos dizem respeito.
Por acaso fui eu o entrevistado. Por acaso fui eu que tive a coragem de dizer o que disse. Lanço um desafio: perguntem a mais jovens senenses se sentem o mesmo, mas apenas aqueles que não carregam com o fardo da censura partidária.
Devo dizer ainda que, felizmente, nunca dependi de nenhum partido político e nem sequer me sinto na obrigação de “pensar” segundo ideais alheios.
Tudo o que dizia era o que pensava, achando-me um privilegiado por poder dizer o que sentia, sem ferir susceptibilidades. Agora não tenho tanta certeza…
O facto de ter dado a minha opinião, numa entrevista, e ela estar a ser questionada, isso não demonstrará alguma falta de liberdade de expressão?
Se a minha tirada foi infeliz ou inocente, não estarão a demonstrar alguma falta de abertura a opiniões diferentes? Será esta é a melhor maneira de lidar com as opiniões dos jovens de Seia?
Esta forma de reagir também me dá o direito de pensar que houve uma certa ligeireza no julgamento e demonstrou que não houve qualquer tipo de preocupação em saber o porquê do que foi dito.
Apesar de tudo, continuo a pensar que existe alguma falta de “liberdade” em Seia.

Com os melhores cumprimentos

seia.portugal disse...

Olá Luis
Só tenho de te dar os parabéns por teres suscitado o debate em torno de uma questão que está hoje muito presente na sociedade senense, como no país em geral e por todo o lado que tem a ver com a falta de liberdade. E esta falta, não é um exclusivo da política, é geral, fruto de uma sociedade cada vez mais dependente das oportunidades do muno competitivo. Mas quer queiramos, quer não, tudo acaba por verter na política. Porque se os jovens, socialmente se sentem limitados, há então “qualquer coisa política” que está a falhar.
Em Portugal, no tempo do Estado Novo havia censura declarada, mas hoje como se sabe, e como tu também reafirmas, há falta de liberdade, e essa falta, em meu entender só acontece por duas razões: Uma por nossa culpa, porque julgamos muitas vezes que estamos a ir para lá de um determinado limite e nos inibimos de prosseguir, auto-censurando-nos; Outra porque há de facto, outros valores que, esses sim se levantam e não deixam singrar.
Por isso, o melhor que temos a fazer é combater estes dois fenómenos, um por nossa causa, outro por causa dos outros e seguir em frente, procurando contribuir para o nosso bem estar social, cultural e económico e por consequência, para o bem estar colectivo.
Repara que eu não falo em ditaduras. Falo em combater marasmos e procurar contribuir para mudanças na nossa sociedade, porque sem mudanças não há progresso e o progresso também depende de todos nós e não apenas dos poderes políticos.
Com esta conversa dos dois, julgo que já demos um bom contributo, assim haja outros ajuntar-se ao tema.
Por Seia.
Mário Jorge Branquinho

Anónimo disse...

um jovem promissor esmagado pelo marasmo senense e os lugares cativos no aparelho de determinado partido político.