sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Nos dias que correm


Espécie de criativa

Sabe a mar, a conversa que corre, nos dias que passam, entre férias e trabalho, entre trabalho e sorrisos, assim, a modos que a avaliar o que fizemos, onde estamos e onde a onda que passa nos leva.
Sabe a mar, como pode saber a serra, nesta ou noutra terra qualquer, porque somos de onde estamos e estamos onde podemos, até querermos e podermos. Os trilhos são estreitos, e tanto levam a metas de luz e felicidade como a lugares lúgubres. Os trilhos, esses caminhos vãos, por onde vamos e vimos, são cada vez mais para ir, a menos que resistamos, neste lugar onde moramos.
Nunca se viu nada assim, ou não nos lembramos, ou não queremos pensar que este é o tempo da pouca esperança que os novos tempos nos trazem. Dobrar cabos bojadores de aventura ou contornar esquinas de tédio, não é nem deve ser o mesmo, mas no tanto faz como tanto fez, até parece normal.
Nos dias que correm, sabe a indiferença o crédito e a generosidade e no meio de tanta moral, não há conceito que valha, de tanto sabermos como somos feitos de massa frágil, de tanto aquiescermos à vã sina que nos envolve, na praça de valores vãos.
Nos dias que correm, por entre sorrisos e um estar que não está bem, por entre incertezas e vai que não vai, entre angústias e meias palavras e assim por diante - neste mar da leveza das coisas – quase sucumbimos à vulgaridade que vemos.
Nos dias que correm, espreitamos e não vemos e só não vê quem não quer. Há mar a mais, mas não mergulhamos, há recursos a menos, mas compramos. Depois logo se vê. É sempre assim, é só uma vez, da próxima é diferente, como se da próxima nos lembrássemos de um décimo do que decidimos atabalhoadamente, por conveniência. Como se o mundo acabasse amanhã. Toca a embrulhar, porque nos dias que passam, tanto faz como tanto fez e nós acreditamos que, mesmo não indo ao fundo, não empenhando tudo, haveremos de conseguir e de chegar lá. Não importa aonde, porque também convém parecer e a mim parece-me que andando à volta, no regateio de valores e princípios, hei-de aportar, pousando na pausa e na ponta, sem me importar do que dizem.

Nos dias que correm, só de julgar que consigo, consigo. Depois logo se vê, não precisamos sofrer por antecipação, que a vida é curta e o que é preciso é curtir o momento. Ir ou não ir, pegar ou largar, é sempre a questão central, mas vamos indo, nos dias que correm.

MJB, Seia, agosto 2013

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