Espécie de criativa
Sabe a mar, a conversa que corre,
nos dias que passam, entre férias e trabalho, entre trabalho e sorrisos, assim,
a modos que a avaliar o que fizemos, onde estamos e onde a onda que passa nos
leva.
Sabe a mar, como pode saber a
serra, nesta ou noutra terra qualquer, porque somos de onde estamos e estamos
onde podemos, até querermos e podermos. Os trilhos são estreitos, e tanto levam
a metas de luz e felicidade como a lugares lúgubres. Os trilhos, esses caminhos
vãos, por onde vamos e vimos, são cada vez mais para ir, a menos que
resistamos, neste lugar onde moramos.
Nunca se viu nada assim, ou não
nos lembramos, ou não queremos pensar que este é o tempo da pouca esperança que
os novos tempos nos trazem. Dobrar cabos bojadores de aventura ou contornar
esquinas de tédio, não é nem deve ser o mesmo, mas no tanto faz como tanto fez,
até parece normal.
Nos dias que correm, sabe a
indiferença o crédito e a generosidade e no meio de tanta moral, não há
conceito que valha, de tanto sabermos como somos feitos de massa frágil, de
tanto aquiescermos à vã sina que nos envolve, na praça de valores vãos.
Nos dias que correm, por entre
sorrisos e um estar que não está bem, por entre incertezas e vai que não vai,
entre angústias e meias palavras e assim por diante - neste mar da leveza das
coisas – quase sucumbimos à vulgaridade que vemos.
Nos dias que correm, espreitamos
e não vemos e só não vê quem não quer. Há mar a mais, mas não mergulhamos, há
recursos a menos, mas compramos. Depois logo se vê. É sempre assim, é só uma
vez, da próxima é diferente, como se da próxima nos lembrássemos de um décimo
do que decidimos atabalhoadamente, por conveniência. Como se o mundo acabasse
amanhã. Toca a embrulhar, porque nos dias que passam, tanto faz como tanto fez
e nós acreditamos que, mesmo não indo ao fundo, não empenhando tudo, haveremos
de conseguir e de chegar lá. Não importa aonde, porque também convém parecer e
a mim parece-me que andando à volta, no regateio de valores e princípios, hei-de
aportar, pousando na pausa e na ponta, sem me importar do que dizem.
Nos dias que correm, só de julgar
que consigo, consigo. Depois logo se vê, não precisamos sofrer por antecipação,
que a vida é curta e o que é preciso é curtir o momento. Ir ou não ir, pegar ou
largar, é sempre a questão central, mas vamos indo, nos dias que correm.
MJB, Seia, agosto 2013
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