PS aqui significa “Pensar Seia” e é uma iniciativa do PS
local. E foi assim que aconteceu este Sábado, 5 de Maio, no Auditório da Casa
da Cultura, o Fórum Pensar Seia: que futuro para o seculo XXI? Organizado pela
Comissão Politica Concelhia, o debate, decorreu durante a manhã, porque era a
única disponibilidade para Basílio Horta poder vir e afinal, não pode
comparecer, por compromisso de última hora com o Presidente da República.
A Vice-Reitora da Universidade de Coimbra, Helena Freitas,
que pertence também ao Laboratório de Ideias do PS, à última da hora também não
pode comparecer, por doença familiar, mas mesmo apesar destes contratempos, a
organização conseguiu para este primeiro debate, um modelo aceitável com
resultados proveitosos, em termos de esclarecimentos e da procura de rumos para
o desenvolvimento do nosso concelho.
Primeiro, Filipe Camelo, Presidente do PS de Seia falou dos
propósitos deste Fórum, que será o primeiro de vários que se seguirão, devendo
o próximo ser lá para Julho, em Loriga. A ideia é trazer pessoas de fora, mas
também dar oportunidade aos agentes locais, para falarem e apresentarem ideias
e sugestões. Perspetivas num concelho que tem procurado enveredar por políticas
em que a economia e o ambiente tendem a rumar no mesmo sentido, conforme
referiu o autarca Presidente de Câmara, especificando que está previsto um investimento em Seia na
área do turismo que ascende a 150 milhões de euros, para além de ter dado
outros exemplos do que está a ser feito neste e noutros setores.
Entretanto as intervenções dos dois oradores convidados,
pautaram-se, um, numa perspetiva de visão macro e outra com um cariz mais micro
em termos de abordagem aos temas.
Eurico Dias, do Secretariado Nacional do PS falou da evolução
da economia portuguesa e as políticas públicas de internacionalização,
centrando desde logo a tónica na necessidade de captação de investimentos e
criação de empregos, sobretudo em territórios como os de Seia, com pouca
população. É que, os cidadãos, precisam de continuar a viver nestes
territórios, satisfazendo as suas expetativas, procurando ser felizes.
Eurico Dias fez uma alusão ao investimento estrangeiro que vai
rodando e que coloca os territórios em competição para escolher o que melhor o
serve, procurando o território que lhe permite um investimento mais eficiente. Por
isso, há características desses territórios que serão determinantes para a
captação desses potenciais investimentos. Seia tem o exemplo da Ara, fábrica
Alemã de calçado, mas pode pensar noutros similares.
Este responsável falou ainda de exportações e do seu peso no
PIB, lembrando que em 1986 as exportações eram de 40% e dependiam sobretudo dos setores têxtil e
calçado. Mas este cenário foi sendo alterado e o caminho que fizemos, não foi o
melhor. Mesmo assim, em 2011 ouve uma pequena evolução e os valores situaram-se
perto de 35% no que se refere a exportações em geral.
As Exportações mais significativas são para Espanha (25%),
França e Alemanha, seguindo-se Angola e Brasil, mas este último com muitas
barreiras burocráticas. No entanto há 17.700 empresas exportadoras e dessas,
quase 8 mil exportam para Angola. Temos exportações muito concentradas.
Estas questões são contrapostas pelo lado abrupto da procura
interna. A balança de transações é muito deficitária e não se vislumbram
melhorias. Mas esse é o desafio do país nos próximos tempos.
Por isso, temos de preparar os nossos territórios para
inverter esta situação, para implementarmos um caminho de progresso, através do
investimento. É que nos últimos 10 meses, a situação tem-se agravado imenso,
com a política que tem sido seguida e isso não augura nada de bom para o país,
quanto mais para regiões deprimidas como a nossa.
As Empresas vivem uma situação muito difícil no acesso ao
crédito e a apoios financeiros, agravado com o fato de há um ano não haver
incentivos para PME’s.
O Turismo está ligado aos recursos endógenos de que dispomos
e que podemos valorizar, abrindo-se aqui uma porta de oportunidade.
Em matéria de Politicas
públicas de internacionalização para o futuro, este responsável indicou 3 objetivos:
Alargar base exportadora; Diversificar
mercados (Magreb e Norte do Mediterrâneo, África subsariana, etc.) e Mais valor
acrescentado (mais produtos / serviço com recurso a conhecimento).
Por último evidenciou a importância da ligação das
universidades às empresas, rematando que sem uma lógica de crescimento, não
podemos continuar a manter o Estado Social.
Por sua vez Armando Carvalho, que está de saída da
coordenação do ICNB, que gere também o Parque Natural da Serra da Estrela,
focalizou a sua intervenção nos processos
de desenvolvimento em territórios do Interior do país.
Nessa perspetiva,
realçou a importância da pequenas ações e do Marketing territorial, num país com
imensas qualidades e potencialidades, mas onde há muitos constrangimentos. Onde a forma de decidir está muito
centralizada e onde as soluções que são apresentadas são pouco discutidas. Um
país em si, muito desorganizado; que tem rendimento muito baixo, comparando com
outros países e que precisa de maior eficácia naquilo que vai fazendo.
Este responsável referiu ainda que as politicas públicas
para estes territórios de Interior têm sido incipientes e que há grandes
constrangimentos de fronteiras administrativas, além da existência daquilo a
que chamou decisões sobre “geometria variável”, uma vez que há sempre um ajuste
para enquadrar e que joga em desfavor das zonas mais pobres. Neste sentido,
rematou dizendo que há um grande divórcio da Administração com a sociedade
civil / agentes económicos.
Sobre questões concretas e caminhos a seguir, Armando
Carvalho apontou os trunfos que zonas como o concelho de Seia têm: o único; o genuíno;
o desconhecido; o fato de tudo estar disponível; tudo facilmente acessível; territórios
de oportunidades; territórios de qualidade de vida; territórios para novos
lifestyle.
Por isso, sublinhou a necessidade de não esquecermos: que o
país muda todos os dias; que o país vai mudar muito mais rapidamente e que o
dinheiro não é o fator determinante. Neste caso, apontou o Projeto “Aldeias de
Montanha” como um exemplo de que para ter um bom projeto, não são necessários
milhões de euros.
Em linhas gerais, destacou ainda a importância da postura
pró-ativa para o processo participativo; da gestão de expetativas; da escala (perceção
interna e perceção externa) e do fator risco.
Como fatores determinantes para o caminho a seguir, indicou
a necessidade de se ter ideias claras e de se definir a identidade local na
perspetiva da diferenciação (a importância de ter projetos que sejam diferentes
de outros territórios e que nos distingam). Sublinhou também a identidade
local, na perspetiva da necessidade de Autoestima e da urgência da criação de
uma “coligação poderosa”, de modo a congregar vários agentes, com um denominador
comum de interesses. Nesse sentido, disse que também é necessário haver “uma
cara”, para se saber quem é quem e quem responde pelo serviço ou projeto, para
além da necessidade de haver uma boa articulação institucional.
Disse que é bom colocar os territórios no mapa, daí o
desafio de Seia se colocar permanentemente neste desígnio, no contexto da Serra
da Estrela, onde o património natural, é um elemento chave do desenvolvimento.
Na sua perspetiva, o Marketing
Territorial é muito importante, uma vez que estamos numa sociedade da
Comunicação. E por último reforçou a importância da competitividade
inter-territorial, como fator preponderante para o desenvolvimento de concelhos
como o de Seia, onde a questão da ‘marca’ é fundamental neste quadro de
marketing territorial, onde 30% é de
potencial, de execução, de produtos, de disponibilidades, de capacidades e de conhecimento e 60% de Comunicação e 10% de sorte.
No caso da comunicação, deu o exemplo caricato que acontece
frequentemente, quando é dada mais importância à notícia de um treino de uma
equipa de futebol, do que ao que se passa nos nossos territórios.
A terminar, rematou com uma frase célebre - “contra o
pessimismo da razão, devemos lutar com o otimismo da nossa vontade”.
Depois das intervenções, registou-se um período de debate
profícuo, que andou em torno destas questões abordados pelos oradores
convidados, recolhendo-se assim vários contributos para os planos futuros em
matéria de desenvolvimento para o concelho de Seia e que abre as portas para
outros debates.
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