sábado, 5 de maio de 2012

PS - PS

PS aqui significa “Pensar Seia” e é uma iniciativa do PS local. E foi assim que aconteceu este Sábado, 5 de Maio, no Auditório da Casa da Cultura, o Fórum Pensar Seia: que futuro para o seculo XXI? Organizado pela Comissão Politica Concelhia, o debate, decorreu durante a manhã, porque era a única disponibilidade para Basílio Horta poder vir e afinal, não pode comparecer, por compromisso de última hora com o Presidente da República.
A Vice-Reitora da Universidade de Coimbra, Helena Freitas, que pertence também ao Laboratório de Ideias do PS, à última da hora também não pode comparecer, por doença familiar, mas mesmo apesar destes contratempos, a organização conseguiu para este primeiro debate, um modelo aceitável com resultados proveitosos, em termos de esclarecimentos e da procura de rumos para o desenvolvimento do nosso concelho.

Primeiro, Filipe Camelo, Presidente do PS de Seia falou dos propósitos deste Fórum, que será o primeiro de vários que se seguirão, devendo o próximo ser lá para Julho, em Loriga. A ideia é trazer pessoas de fora, mas também dar oportunidade aos agentes locais, para falarem e apresentarem ideias e sugestões. Perspetivas num concelho que tem procurado enveredar por políticas em que a economia e o ambiente tendem a rumar no mesmo sentido, conforme referiu o autarca Presidente de Câmara, especificando que está previsto um investimento em Seia na área do turismo que ascende a 150 milhões de euros, para além de ter dado outros exemplos do que está a ser feito neste e noutros setores.
Entretanto as intervenções dos dois oradores convidados, pautaram-se, um, numa perspetiva de visão macro e outra com um cariz mais micro em termos de abordagem aos temas.
Eurico Dias, do Secretariado Nacional do PS falou da evolução da economia portuguesa e as políticas públicas de internacionalização, centrando desde logo a tónica na necessidade de captação de investimentos e criação de empregos, sobretudo em territórios como os de Seia, com pouca população. É que, os cidadãos, precisam de continuar a viver nestes territórios, satisfazendo as suas expetativas, procurando ser felizes.
Eurico Dias fez uma alusão ao investimento estrangeiro que vai rodando e que coloca os territórios em competição para escolher o que melhor o serve, procurando o território que lhe permite um investimento mais eficiente. Por isso, há características desses territórios que serão determinantes para a captação desses potenciais investimentos. Seia tem o exemplo da Ara, fábrica Alemã de calçado, mas pode pensar noutros similares.
Este responsável falou ainda de exportações e do seu peso no PIB, lembrando que em 1986 as exportações eram de  40% e dependiam sobretudo dos setores têxtil e calçado. Mas este cenário foi sendo alterado e o caminho que fizemos, não foi o melhor. Mesmo assim, em 2011 ouve uma pequena evolução e os valores situaram-se perto de 35% no que se refere a exportações em geral.
As Exportações mais significativas são para Espanha (25%), França e Alemanha, seguindo-se Angola e Brasil, mas este último com muitas barreiras burocráticas. No entanto há 17.700 empresas exportadoras e dessas, quase 8 mil exportam para Angola. Temos exportações muito concentradas.
Estas questões são contrapostas pelo lado abrupto da procura interna. A balança de transações é muito deficitária e não se vislumbram melhorias. Mas esse é o desafio do país nos próximos tempos.
Por isso, temos de preparar os nossos territórios para inverter esta situação, para implementarmos um caminho de progresso, através do investimento. É que nos últimos 10 meses, a situação tem-se agravado imenso, com a política que tem sido seguida e isso não augura nada de bom para o país, quanto mais para regiões deprimidas como a nossa.
As Empresas vivem uma situação muito difícil no acesso ao crédito e a apoios financeiros, agravado com o fato de há um ano não haver incentivos para PME’s.
O Turismo está ligado aos recursos endógenos de que dispomos e que podemos valorizar, abrindo-se aqui uma porta de oportunidade.
Em matéria de Politicas públicas de internacionalização para o futuro, este responsável indicou 3 objetivos:  Alargar base exportadora; Diversificar mercados (Magreb e Norte do Mediterrâneo, África subsariana, etc.) e Mais valor acrescentado (mais produtos / serviço com recurso a conhecimento).
Por último evidenciou a importância da ligação das universidades às empresas, rematando que sem uma lógica de crescimento, não podemos continuar a manter o Estado Social.
Por sua vez Armando Carvalho, que está de saída da coordenação do ICNB, que gere também o Parque Natural da Serra da Estrela, focalizou a sua intervenção nos processos de desenvolvimento em territórios do Interior do país.
Nessa perspetiva, realçou a importância da pequenas ações  e do Marketing territorial, num país com imensas qualidades e potencialidades, mas onde há muitos constrangimentos.  Onde a forma de decidir está muito centralizada e onde as soluções que são apresentadas são pouco discutidas. Um país em si, muito desorganizado; que tem rendimento muito baixo, comparando com outros países e que precisa de maior eficácia naquilo que vai fazendo.
Este responsável referiu ainda que as politicas públicas para estes territórios de Interior têm sido incipientes e que há grandes constrangimentos de fronteiras administrativas, além da existência daquilo a que chamou decisões sobre “geometria variável”, uma vez que há sempre um ajuste para enquadrar e que joga em desfavor das zonas mais pobres. Neste sentido, rematou dizendo que há um grande divórcio da Administração com a sociedade civil / agentes económicos.
Sobre questões concretas e caminhos a seguir, Armando Carvalho apontou os trunfos que zonas como o concelho de Seia têm: o único; o genuíno; o desconhecido; o fato de tudo estar disponível; tudo facilmente acessível; territórios de oportunidades; territórios de qualidade de vida; territórios para novos lifestyle.
Por isso, sublinhou a necessidade de não esquecermos: que o país muda todos os dias; que o país vai mudar muito mais rapidamente e que o dinheiro não é o fator determinante. Neste caso, apontou o Projeto “Aldeias de Montanha” como um exemplo de que para ter um bom projeto, não são necessários milhões de euros.
Em linhas gerais, destacou ainda a importância da postura pró-ativa para o processo participativo; da gestão de expetativas; da escala (perceção interna e perceção externa) e do fator risco.
Como fatores determinantes para o caminho a seguir, indicou a necessidade de se ter ideias claras e de se definir a identidade local na perspetiva da diferenciação (a importância de ter projetos que sejam diferentes de outros territórios e que nos distingam). Sublinhou também a identidade local, na perspetiva da necessidade de Autoestima e da urgência da criação de uma “coligação poderosa”, de modo a congregar vários agentes, com um denominador comum de interesses. Nesse sentido, disse que também é necessário haver “uma cara”, para se saber quem é quem e quem responde pelo serviço ou projeto, para além da necessidade de haver uma boa articulação institucional.
Disse que é bom colocar os territórios no mapa, daí o desafio de Seia se colocar permanentemente neste desígnio, no contexto da Serra da Estrela, onde o património natural, é um elemento chave do desenvolvimento.
Na sua perspetiva, o Marketing Territorial é muito importante, uma vez que estamos numa sociedade da Comunicação. E por último reforçou a importância da competitividade inter-territorial, como fator preponderante para o desenvolvimento de concelhos como o de Seia, onde a questão da ‘marca’ é fundamental neste quadro de marketing territorial, onde 30%  é de potencial, de execução, de produtos, de disponibilidades, de capacidades e de  conhecimento e 60% de  Comunicação e 10% de sorte.
No caso da comunicação, deu o exemplo caricato que acontece frequentemente, quando é dada mais importância à notícia de um treino de uma equipa de futebol, do que ao que se passa nos nossos territórios.
A terminar, rematou com uma frase célebre - “contra o pessimismo da razão, devemos lutar com o otimismo da nossa vontade”.
Depois das intervenções, registou-se um período de debate profícuo, que andou em torno destas questões abordados pelos oradores convidados, recolhendo-se assim vários contributos para os planos futuros em matéria de desenvolvimento para o concelho de Seia e que abre as portas para outros debates.


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