domingo, 21 de fevereiro de 2010

O arrogante intelectual


O Arrogante Intelectual (AI) é aquele que pensa que é o centro do mundo. Aquele que julga que só ele é que sabe tudo e os outros são todos burros. É aquele que um dia diz uma coisa e no outro o seu contrário, se for preciso, só porque quer estar sempre no contra, para dar a ideia de que pensa pela sua cabeça e os outros são todos uns atrasadinhos, tugas e tal, que não sabem nem pensam.

Uma coisa é a atitude crítica e a outra é o achincalhanço vulgar e barato que por norma caracteriza o arrogante intelectual, que tem sempre ânsias de se fazer “parecer” um verdadeiro intelectual.

O arrogante intelectual arroga-se dono de todo o conhecimento, quase como se fosse porta-voz de toda a sabedoria. Não há nada que não saiba com irretorquível profundidade. Sabe tudo e tem as melhores ideias do mundo.
Por norma, digo eu, que também não quero cair na tentação, o Arrogante Intelectual e inteligente, fez ou faz um trabalho notável numa área, e depois extravasa essa ideia de bom para tudo. Julga-se especialista em tudo e que eu saiba, não há especialistas gerais.
Humildade e contundência, não consta que não se dêem bem.
Se houver um hino do intelectual arrogante, será mais ou menos assim:

Ó ignorância do mundo que não ilumina santas cabeças. Ó alminhas penadas que não vêm para além do óbvio! Ó catano, que isto parece que vivemos no obscurantismo e não produzimos mais do que vulgares ideias. Ó trovas do mundo, que nas trevas embalam os pategos que não passam disso mesmo, fundados e afundados no hino da pateguice, sem que olhem para o que nós iluminados dizemos ou desdizemos! Blá-blá, blá-blá,…
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Ser peremptório e implacável é uma coisa, como diz o Hermínio, outra é julgar que só nós é que sabemos e somos os donos de toda a verdade. Com frequência o AI até tem razão no que escreve, mas perde-a pelo estilo acintoso e irritantemente mal-criado com que se faz à causa das coisas e aos intervenientes do dia-a-dia. A legitimação dos actos, como das obras de arte, faz-se pela apreciação feita por aqueles que usufruem e não apenas pela verve de um putativo intelectual que arrasa tudo em nome da sua verborreia estereotipada. A mim os AI estimulam-me. Levam-me a estudar sempre mais e a formar melhor o meu pensamento e a minha visão do mundo. Quando não me apetecia estudar para os exames do curso, pensava neles e ganhava logo estímulo para estudar. A sério! Agora que vou partir para outro curso, vou voltar a inspirar-me neles, para me artilhar de conhecimento e não de sentimentos ressabiados, porque gosto de aprender pelo lado positivo da coisa e não pelo catastrofismo. Que eu até cultivo amizades no seio de alguns AI’s, só que sei conviver, porque sei que estamos condenados a aturar-nos uns aos outros.
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Nunca fui de seguidismo, nem de ideias, nem de causas. Segui e sigo pelo meu próprio pé (e cabeça). Nunca fui conformista. A minha folha de serviço demonstra isso. Também não sou daqueles que só falam. Tenho obra feita, em vários domínios e suportes. Mas pronto, vou levando com os tais arrogantes, mesmo quando não se dirigem a mim. Mas porque se dirigem ao universo que frequento, sempre os vou tolerando, embora às vezes irritado. Controladamente irritado, mesmo não sendo nada comigo.

3 comentários:

Anónimo disse...

bom texto quem será o destinatário

Anónimo disse...

o contrário do arrogante intelectual, que pelo menos exerce o espírito crítico, é o humilde seguidista indiferenciado que não suscita o debate nem levanta a dúvida metódica. O primeiro arranja opositores dentro do status quo, mas até por isso vale alguma coisa. O segundo não vale nada.

Anónimo disse...

Não é muito difícil saber quem é o destinatário. Basta ler com atenção o texto.