Artigo de opinião publicada na edição de hoje do Jornal Porta da Estrela
Seia sempre apostou na Cultura como um
fator de desenvolvimento local, dentro das suas limitações de território do
interior do país. Essa aposta tem-se acentuado ao longo dos tempos, e mesmo
agora, em tempos difíceis, essa mesma aposta continua a dar alento às nossas
comunidades.
Este é um caminho difícil, de
resultados nem sempre muito visíveis e às vezes esperados, mas a persistência
deve prevalecer.
É pois, por isso verdade que Seia não para,
não pode parar e com pouco se faz muito. Basta ver o conjunto de iniciativas
que vão decorrendo, semana após semana, nas várias estruturas da cidade ou
pelas nossas aldeias. Ora valorizando o nosso património cultural, ora
proporcionando o encontro do público com vários bens culturais que se inscrevem
na agenda do município.
Seia não para, nem pode parar! Dentro
de todas as suas limitações, sobretudo financeiras, o município deve continuar
a ser a mola impulsionadora do desenvolvimento, continuando a chamar os agentes
locais para esta onda de dinamismo que se instala. E todos devemos entrar,
independentemente das instituições que representamos, dos partidos a que
pertencemos ou das diferenças de pontos de vista que porfiamos. O orgulho de
ser senense deve sobrepor-se a eventuais divergências e procurarmos dar o nosso
contributo. Como se tem visto e se tem feito e por isso a nossa comunidade está
de parabéns.
Senão veja-se o conjunto de iniciativas
que começam a consolidar-se no quadro de animação das aldeias de montanha!
Veja-se o sucesso que tem sido tantas destas iniciativas, envolvendo as
comunidades, gerando coesão, promovendo o concelho e valorizando o nosso
património. E sem custos para os organizadores – instituições e município.
Veja-se a brilhante ideia vencedora do
concurso promovido pela Câmara e que agora é posta em prática – a Cabeça,
Aldeia Natal, que está a atrair as atenções ao nosso concelho e a dinamizar
fortemente este território.
O conjunto de programação cultural que
ano após ano é proporcionado na Casa Municipal da Cultura, por onde passam por
ano mais de 30 mil pessoas, apesar das limitações. Programação financiada em
85% de fundos comunitários que ainda recentemente permitiu a realização de
master classes e concertos com a Orquestra de Câmara Portuguesa, envolvendo
músicos das nossas bandas filarmónicas, numa experiência inesquecível.
As Jornadas Históricas que ainda
recentemente terminaram, e que trouxeram à cidade cerca de 200 pessoas de todo
o país, ficando por aqui 3 dias, numa iniciativa de grande prestígio científico,
que tanto quanto sei, se paga a si próprio.
Antes, tinha decorrido o CineEco, que
pouco custou ao município e que se afirmou uma vez mais como um dos festivais
de cinema de ambiente mais prestigiados no mundo, mobilizando mais de 6 mil
espetadores. Um festival que decorre todo o ano, por todo o país, divulgando
Seia.
Atente-se no trabalho notável dos
técnicos do município junto de crianças, idosos e deficientes, do qual resulta
uma grande valorização das suas prestações, sobretudo no teatro amador e na
musicoterapia.
No trabalho do grupo Senna em Palco,
que ainda agora foi selecionado para um festival Arte e Comunidade, no Porto,
onde deixou uma marca da excelência do trabalho feito por atores amadores de
Seia.
No Festival ARTIS que ano após ano
proporciona aos artistas locais a oportunidade de mostrar os seus trabalhos e
mais uma vez sem custos para os organizadores.
O Festival Jazz & Blues, que apesar
de tudo se tem mantido no calendário, com financiamento da Cultrede a 85% e que
tem mobilizado muito público à sala e crianças nas escolas.
O vasto conjunto de eventos promovidos
pelas coletividades, onde se destacam os festivais de Orquestras, da Canção, de
música coral, de folclore, de bandas filarmónicas e tantas outras manifestações
artísticas multidisciplinares.
A Casa da Cultura, com cinema ou com
outras atividades culturais, todos os fins de semana tem atividades, envolvendo
agentes locais e públicos diversos.
As escolas são também grandes molas
impulsionadoras no quadro cultural do concelho. O Conservatório, pela
excelência de ensino artístico e pela intervenção comunitária. A escola
Profissional da Serra da Estrela pelas iniciativas que organiza e pelas
formações musicais que faz descer à cidade – concertos de ano novo, participação
de orquestra no CineEco, no Seia Jazz & Blues, no dia da cidade, etc. A
Escola Superior de Turismo, que é uma escola com um nível de empregabilidade
superior a 80%, tem sido igualmente um parceiro importante na dinamização do
nosso território, assim como os dois agrupamentos escolares através de ações
pontuais. Assim como as coletividades de cultura e recreio e as IPSS, que dão
também um forte contributo ao desenvolvimento local.
Ou seja, todos colaboram, e quando
assim é, não custa tanto e tudo tem mais valor. E Seia precisa disso, Seia
necessita continuar a apostar neste e noutros setores para se afirmar no quadro
de desenvolvimento. Seia pela positiva, longe de aves agoirentas que ao invés
de colaborarem, pretendem fazer definhar.
Precisamos mobilizar cada vez mais
publico para as iniciativas, mais agentes para processos de criação artística e
de organização, porque Seia não pode parar.
Mário Jorge Branquinho
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