quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Se eu pintasse, baralhava-me



Espécie de criativa



Se eu pintasse, possivelmente baralhava os temas, nas cores e nos traços e em toda a intenção de criação atirada à tela. A sério! Ou não estivéssemos num tempo em que os dias correm e correm, com múltiplos e inacreditáveis pretextos, confundindo qualquer um, com tudo o que é grotesco e colossal.

Se eu pintasse e quisesse transpor para a tela a baralhação dos dias, via-me aflito. Sem ter por onde pegar, com tanta oferta pretexta.

Como não pinto, fico desse lado aliviado, mas preocupado com a perspectiva de caos que espreito nos temas que nos dominam, e se atiram diariamente ao nosso imaginário carregado de ameaças e previsões catastróficas e gigantescas, sem esperança num novo amanhã que cante melhor.

Mas fico a pensar no que leio, no que vejo e no que oiço, incessantemente. Amiúde.
A pensar num louco que mata, inexplicavelmente, nos loucos que roubam descaradamente, da falta de rumo do mundo, de um ideário que não ilumina, de um objectivo comum que não surge, para mobilizar à escala planetária e no dinheiro, sempre o dinheiro, no centro, a fervilhar, porque sem ele não se compram melões!

Penso e não desisto de ficar atónito e roxo de interrogação nesta forja que molda este tempo incerto, onde está tudo à espera que aconteça alguma coisa. Um click, uma bomba, um estrondo, eu sei lá?!

Leio, vejo e oiço e tenho as minhas limitações. Oiço termos caros, nada é barato, nem os termos usados. Rating, mercados, acções, dívidas soberanas e coisa e tal. Vejo e leio e dou comigo em profunda perplexidade.

Penso e concluo que o que me falta em arte - na performance que não concebo nem concretizo - me sobra afinal em conhecimentos superficiais de economia, quando todos os dias, falamos e bombardeamos linguagens cada vez mais técnicas, nesse grande livro de sabedoria que sai das massas dos média. E giramos a ver, entediados pelo que sabemos e julgávamos nem sequer dominar. E assim vamos pensando, sonhando e olhando á volta, espertos, de olhos abertos, mas sobressaltados.

É um mundo inteiro à janela a perscrutar as abundâncias de outrora, na vã esperança que o tempo traga boas novas e eu aqui preocupado com o rumo a dar á minha pintura, eu que nem sequer sou pintor.


Mário Jorge Branquinho

Seia, Agosto 2011

5 comentários:

Anónimo disse...

Apraz me dizer...grande artista, com as palavras,........
grande mestre na arte de refleçao......
Mas acima de tudo; grande pessoa grande amigo.

abraço,,,,contiua.
eugenio

Antonio Fernandes Pina disse...

Quando vejo um Sr. Deputado membro do Comité Central do PCP Engº. Agostinho Lopes a dizer:- "VOLTA MANUEL PINHO QUE ESTÁS PERDOADO" é algo intrigante. Significa arrependimento? Significa traição? Significa que o sr. Dr. MANUEL PINHO era de facto um grande Ministro? Estendi a tela toca a pintá-la pode ser dê um grande quadro.

Assina: António Fernandes Pina.

Anónimo disse...

erro....reflexão.

eugenio

disse...

REALMENTE É UM GRANDE ARTICULADOR, CONSEGUE FAZER POLÍTICA USANDO POESIA ENOS FAZENDO REFLETIR ACERCA DOS PROBLEMAS QUE NOS CERCEIAM NESTE MUNDO GLOBALIZADO.
CONTINUE E CREIA SUA PALAVRAS CHEGAM EM MUNDOS DISTANTES COMO O MEU,MORO DO OUTRO LADO DO OCEANO E POSSO ME DELEITAR LENDO UM COMENTÉRIO DE TÃO BOM GRADO!

REVOLUÇÃO! PRECISA-SE disse...

Os governantes dos vários países da união europeia não estão ao serviço das suas populações mas exclusivamente ao serviço das oligarquias financeiras. As medidas de austeridade sobre os cidadãos, diminuição de salários e pensões, redução do papel social do Estado, aumento de impostos sobre o trabalho, que atingem mais de 80% dos cidadãos de cada país, são a demonstração clara das opções dos governantes. Em vez de procurarem receita, de modo a manter o estado social, taxando as operações financeiras, extinguindo os ofshores e aplicando impostos ao capital, preferem sacrificar os seus povos, numa regressão social sem memória.

Os povos nada têm a esperar destes governantes. A sua manutenção no poder apenas agravará todos os problemas e dificuldades já existentes. Ou os cidadãos encontram rapidamente alternativas políticas capazes de inverter este rumo sem futuro, ou então, uma longa noite sombria e miserável se abaterá sobre os povos europeus.