Tratou-se de uma jornada importante na aproximação das duas cidades, uma da montanha e outra da beira-mar, através da afirmação do trabalho que é feito em Seia, no domínio da criatividade e da realização de eventos.
Ainda não há muito tempo, que também foi feito naquele espaço museológico da Figueira, uma instalação artística senense, da autoria de Margarida Jerónimo e Alexandre Sampaio, realizada também na sequência da apresentação de “Um Dia Feliz” do grupo de teatro “Sena em Palco”, da Casa Municipal da Cultura de Seia.
A extensão do Cine’Eco já tinha contado com a exibição de outros filmes na semana anterior e continuará na proxima, no CAE, com mais filmes e a presença do realizador Francisco Manso, no próximo dia 26, na apresentação de um dos seus filmes que concorreram ao Cine'Eco 2010.
Sobre a pintura de Luiz Morgadinho, Miguel de Carvalho, da Cabo Mondego Section Of Portugueses Surrealism, escreveu o seguinte texto, com o titulo “ Luz incendiada":
“é tempo de libertar as imagens e as palavras das minas do sonho a que descemos mineiros sonâmbulos da imaginação”
(Tempo de Fantasmas, A. O’Neill, 1951)
Luiz Morgadinho pinta o que denuncia, o que quer combater. Pinta o que ele não é, esclarecendo suficientemente a verdadeira identidade do que quer combater. Recorro a uma imagem arrabalesca para o definir: “ tal como existem arquitectos edificadores de cidades, existem também arcanjos edificadores de bosques e outros lugares poéticos ”. Morgadinho é um desses arcanjos, um poeta da imagem que se aproxima subtilmente da crítica social e política, questionando a pertinência e a capacidade simbólica da vida tradicional, desfigurando profundamente os seus clichés e as suas convenções. É um criador que “imprime” na sua obra um diálogo com uma estética de descontinuidades e de rupturas recorrendo aos artífices das técnicas plásticas em que é mestre. O princípio supremo da sua intenção artística é o choque dos receptores , leitores da sua imagem plástica. Ele visa a subversão perante as formas instituidas, lutando contra a tradição e contra o conformismo da cultura burguesa. Com efeito, utiliza o Humor Negro - “disciplina” recorrente e tão querida entre os surrealistas - como a sua principal ferramenta e como revolta superior do espírito, ultrapassando a intencionalidade satírica e moralizadora. Um humor sinónimo de denúncia, revolta e libertação. Mas refiro-me também aqui a uma subversão particular: a do sistema artístico em que a arte é vista uma mercadoria.
Entendo que em Morgadinho, a pintura é uma missão social. Sem pretensão alguma uma justificação de encontros, de formas e de imagens, entendo que o seu homónimo na literatura é Mário Henrique Leiria. Embora distanciados em cerca de quarenta anos com uma imagética verbal muito actual (aliás ad eternum), as raízes pictóricas de Morgadinho parecem encontrar-se nas mesmas origens e convertem em novidade as imagens leirinianas, ou seja, um renovar órfico das tradições, devorando e renascendo em si mesmas, como constantes limitações ilimitadas do Homem.
1 comentário:
Coisas muito boas de Seia; Portugal e da "vida".
eugenio
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