sábado, 20 de agosto de 2011

Manifestações artísticas de Seia na Figueira da Foz




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No passado dia 17 de Agosto, Seia escreveu com letras grandes o seu nome na Figueira da Foz, com a realização de uma jornada cultural que se assinala. Tratou-se da organização de uma extensão do Cine’Eco, com a passagem de filmes do Festival da edição do ano passado e da inauguração de uma exposição de pintura de Luiz Morgadinho.

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As iniciativas, que decorreram no Núcleo Museológico do Sal, contaram com a presença dos Presidentes da Câmara de Seia, Carlos Filipe Camelo e da Figueira da Foz, João Ataíde.





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Tratou-se de uma jornada importante na aproximação das duas cidades, uma da montanha e outra da beira-mar, através da afirmação do trabalho que é feito em Seia, no domínio da criatividade e da realização de eventos.



Ainda não há muito tempo, que também foi feito naquele espaço museológico da Figueira, uma instalação artística senense, da autoria de Margarida Jerónimo e Alexandre Sampaio, realizada também na sequência da apresentação de “Um Dia Feliz” do grupo de teatro “Sena em Palco”, da Casa Municipal da Cultura de Seia.



Para mim, neste dia 17, foi particularmente feliz, porque constituiu mais um corolário do trabalho que é feito em Seia, quer no que se refere à criação artística propriamente dita, neste caso través da obra de um dos seus mais reconhecidos artistas, o Luiz Morgadinho; quer na realização de eventos que visam a afirmação do território no contexto nacional, neste caso o Cine'Eco, como festival de Cinema de prestígio nacional e internacional.


A extensão do Cine’Eco já tinha contado com a exibição de outros filmes na semana anterior e continuará na proxima, no CAE, com mais filmes e a presença do realizador Francisco Manso, no próximo dia 26, na apresentação de um dos seus filmes que concorreram ao Cine'Eco 2010.



Sobre a pintura de Luiz Morgadinho, Miguel de Carvalho, da Cabo Mondego Section Of Portugueses Surrealism, escreveu o seguinte texto, com o titulo “ Luz incendiada":





“é tempo de libertar as imagens e as palavras das minas do sonho a que descemos mineiros sonâmbulos da imaginação”
(Tempo de Fantasmas, A. O’Neill, 1951)


Luiz Morgadinho pinta o que denuncia, o que quer combater. Pinta o que ele não é, esclarecendo suficientemente a verdadeira identidade do que quer combater. Recorro a uma imagem arrabalesca para o definir: “ tal como existem arquitectos edificadores de cidades, existem também arcanjos edificadores de bosques e outros lugares poéticos ”. Morgadinho é um desses arcanjos, um poeta da imagem que se aproxima subtilmente da crítica social e política, questionando a pertinência e a capacidade simbólica da vida tradicional, desfigurando profundamente os seus clichés e as suas convenções. É um criador que “imprime” na sua obra um diálogo com uma estética de descontinuidades e de rupturas recorrendo aos artífices das técnicas plásticas em que é mestre. O princípio supremo da sua intenção artística é o choque dos receptores , leitores da sua imagem plástica. Ele visa a subversão perante as formas instituidas, lutando contra a tradição e contra o conformismo da cultura burguesa. Com efeito, utiliza o Humor Negro - “disciplina” recorrente e tão querida entre os surrealistas - como a sua principal ferramenta e como revolta superior do espírito, ultrapassando a intencionalidade satírica e moralizadora. Um humor sinónimo de denúncia, revolta e libertação. Mas refiro-me também aqui a uma subversão particular: a do sistema artístico em que a arte é vista uma mercadoria.

Entendo que em Morgadinho, a pintura é uma missão social. Sem pretensão alguma uma justificação de encontros, de formas e de imagens, entendo que o seu homónimo na literatura é Mário Henrique Leiria. Embora distanciados em cerca de quarenta anos com uma imagética verbal muito actual (aliás ad eternum), as raízes pictóricas de Morgadinho parecem encontrar-se nas mesmas origens e convertem em novidade as imagens leirinianas, ou seja, um renovar órfico das tradições, devorando e renascendo em si mesmas, como constantes limitações ilimitadas do Homem.


1 comentário:

Anónimo disse...

Coisas muito boas de Seia; Portugal e da "vida".

eugenio