segunda-feira, 25 de abril de 2011

o meu discurso do 25 de Abril na Assembleia Municipal de Seia



25 de Abril sempre!

Começo, como acabarei este discurso, com esta frase, que lança o mote do que penso e da disposição que tenho em relação aos ideais de Abril: LIBERDADE, VERDADE e DESENVOLVIMENTO!

E começo por aqui, porque os tempos que atravessamos, são dos mais difíceis da nossa história mais recente, onde liberdade, verdade e desenvolvimento continuam a ser paradoxos que nos fazem pensar, num quadro de preocupações cada vez mais latente.

Liberdade de acção em tempos de novas ditaduras, subjugadas aos interesses económicos, dos mais ricos sobre os mais fracos.

Verdade, que é a verdade que falta, tantas vezes nos actos, nos relatórios e nas palavras das instituições onde se ancora a subsistência das comunidades das nações.

E Desenvolvimento, que é uma permissa que tem de estar permanentemente em vigor, sobretudo em regiões desfavorecidas dos países, seja de que continente for.

Lembrar Abril é lembrar estes conceitos simples e por vezes gastos, mas essenciais às democracias e à sã convivência dos cidadãos.

Evocar Abril é lançar esperança e abrir caminho para novos desígnios, assente nestes três pilares, mas onde o cidadão é, e terá de ser sempre, o centro das preocupações.

Comemorar Abril, significa partilhar ideais de progresso e de modernidade, num tempo que não tem contemplações para atrasos culturais e inércias estruturantes.

Comemorar Abril significa acreditar no futuro e não embandeirar nem em desânimos, nem em laxismos. E se há alturas em que faz mais sentido apelar aos sentimentos que fizeram o 25 de Abril, este é o momento!

Porque é preciso remar contra o desalento e o desânimo, o país precisa de todos e de cada um! E todos não somos muitos.

O país, que não está perdido, mas em situação aflitiva, precisa de pequenas revoluções diárias, que todos nós, quer no nosso dia-a-dia profissional, quer na nossa comunidade, enquanto espaço aberto á cidadania.

Não vou lastimar o momento que vivemos nem enveredar pelo discurso moralista e politicamente correcto, que uma ocasião como esta propícia. Vou antes seguir o caminho da reflexão que leva ao ânimo e ao desejo de lutar por um país que resiste, um país que tem potencialidades e oportunidades suficientes para se afirmar no quadro das nações. E tanto é válido um discurso numa assembleia, como um lamento na rua ou uma observação num qualquer lugar que frequentamos - porque tudo faz corrente e quem governa tem de saber interpretar as correntes e os sinais das populações, independentemente da firmeza e da determinação que se impõe aos governantes.

Neste quadro, muito tem sido feito para o progresso do nosso país, com destaque para o crescente indice de exportações, para a aposta nas novas tecnologias e nas ciências em geral, mas muito mais há para fazer, sobretudo quando a conjuntura internacional desfavorável se abate sobre nós!

E num tempo como o tempo que atravessamos, aos políticos pede-se verdade e trabalho e aos cidadãos, trabalho e … trabalho.

E no quadro da governação, há uma altura em que os partidos em geral terão de colocar os interesses do país, á frente de qualquer interesse eleitoralista e querelas partidárias, particularmente agora, com o Estado num estado preocupante.

A conjuntura não tem sido favorável e os mercados poderosos têm condicionado os países pequenos como Portugal.

No entanto e pese embora todas as vicissitudes, o Partido Socialista, como partido que mais tem contribuído para o progresso do país nestes anos de democracia, continua a ser o melhor posicionado para defender o interesse nacional e negociar medidas difíceis.

Com o devido respeito, não são, em nosso entender, os partidos de extremos ou outros de líderes fracos e inexperientes, que serão capazes de conduzir o país num momento tão difícil. No pouco tempo de serviço, o líder do principal partido da oposição em Portugal já deu mostras preocupantes da sua fragilidade, da sua incoerência e da sua impreparação, para o desempenho de um cargo tão exigênte como o de ser Primeiro-Ministro de um país pequeno territorialmente, mas grande em complexidade.

No entanto, como todos já verificámos, todos os partidos, terão de assumir o seu compromisso e a sua responsabilidade, com sentido de estado e espírito de missão, para que daí resulte uma melhor governação e a salvação do país. Porque o que se fizer nos próximos 3 anos, será determinante para o nosso futuro. Para o bem e para o mal.

Atendendo sempre à necessidade de salvaguarda do Estado Social, como garante da sobrevivência mínima e apoio indispensável a uma melhor qualidade de vida dos cidadãos em geral, importa por isso, aproveitar a actual situação desfavorável que o país atravessa, para que se façam as reformas necessárias ao seu desenvolvimento.

As dificuldades devem ser usadas para nos fazer crescer e não para nos desencorajar. Somos dos que acreditamos que o espírito humano cresce mais forte no conflito, que é quando se faz das fraquezas forças e se vence!

Porque, como sempre ouvimos falar, - a verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafio.

O país, este país que teimosamente tem vivido acima das suas possibilidades, tem de se levantar, como noutros períodos díficeis da sua história se levantou.

O país, este país, como tantos outros, vítima do capitalismo selvagem, tem de seguir novo rumo.

O país, este país dominado por lobbies, tem de fazer da JUSTIÇA uma bandeira e agitá-la de modo a evitar convulsões sociais e uma maior degradação do sistema político e económico. Ninguém resiste ao sentimento de impunidade de alguns, quando se é forte com os fracos e fraco com os fortes!

Em Abril é tempo de dizer basta a certos desvarios, que não são um exclusivo da classe política, mas de tantas classes que minam e mamam na teta do e Estado!

Em Abril é tempo da união de esforços de todos e de sacríficios repartidos. É tempo de colocar em marcha um desígnio mobilizador, que nos ponha a todas a remar para o mesmo lado, com os partidos á frente, para sairmos da situação em que nos encontramos.

Neste dia em que comemoramos a revolução dos cravos, devemos erguer a nossa voz e juntá-la às demais, e ajudar a fazer a corrente necessária para ajudar o governo a fazer o que é preciso.

A gravidade do momento não nos dá margem para manobras eleitoralistas e apela á intervenção de cada um de nós, a partir do lugar onde nos encontramos, para contribuir para o salto que o país tem de dar.

É num quadro cinzento que a Europa e o mundo tentam ultrapassar novas crises e novas fronteiras, num permanente confronto com os avanços tecnológicos, onde a máquina e o virtual se substituem ao homem.

Onde o global chega ás nossas terras, com o que de bom a ciência proporciona, mas com todos os efeitos colaterais que a mesma produz. Os efeitos colaterais das guerras de mercados financeiros, comandados por homens sem escrúpulos e tudo o mais que escapa tantas vezes ás boas intenções governativas.

E assim se aplica ao nosso concelho a mesma visão do mundo: de problemas, de controvérsias, de dificuldades, mas também de soluções.

E assim se pode dizer com toda a propriedade que, também localmente, aqui em Seia, a melhor alavanca para o progresso é, desde logo, o entusiasmo, a dedicação e o gosto que as pessoas põem naquilo que fazem e o espírito de iniciativa que empreendem.

Na mobilização coletiva que é preciso fazer, deve por isso conjugar-se experiência e juventude, conhecimento técnico e científico com sabedoria popular.

É tempo de todos sabermos separar o essencial do acessório. De todos nos mobilizarmos em torno desse grande desígnio camarário, que é o da criação de postos de trabalho, para o aumento da riqueza no nosso concelho. Sem nos desviarmos um milimetro dessa grande prioridade por demais evidente e por todos reconhecida.

Não é fácil criar empregos, mas o nosso rumo não pode sair dessa linha. Muito tem sido feito neste sector, como se tem verificado na ténue mas crescente criação de postos de trabalho, mas temos de fazer ainda mais e melhor.

Para lançar desafios permanentemente, porque este trabalho nunca está feito.

Para pedir ajuda aos que estão fora e que podem contribuir, e que podem influenciar!

Para dar novas pistas para criação de riqueza.

Lá fora, as populações esperam dos políticos locais, acções e politicas concretas, que dêm frutos e de preferência no imediato, porque o tempo não tem contemplações.

Temos de ser críticos de nós próprios e muito exigentes!

Às Câmaras Municipais pede-se acção. Obra!

Às Assembleias Municipais pede-se fiscalização da actividade dos municípios, mas também se pede debate e reflexão sobre assuntos locais.

Por isso, é essencial trazer para este forum o debate necessário e pertinente sobre as questões do concelho.

Por isso também, devemos fazer desta tribuna um lugar para procurar influenciar o executivo para aquilo que entendemos que é o melhor para o nosso concelho, sem tibiezas ou falsos moralismos, porque todos temos esse dever. Aqui é o lugar da palavra e como em Abril, a palavra é uma arma. Saibamos nós utilizá-la. Saibamos nós interpretar as palavras de cada um, neste quadro complexo em que nos movimentamos.

Não podemos pensar que não adiantamos nada em falar. Temos de falar. Temos de nos entusiasmar, de dar animo uns aos outros, para puxarmos pelo entusiasmo e dinamismo e contagiarmos esse dinamismo lá para fora, para o sector económico, cultural e social da nossa comunidade.

Para criticar, mas também para enaltecer o muito que tem sido feito, nas várias áreas e nas mais diversas frentes e em todas as linhas da governação.

E é essa linha de trabalho e dedicação que o executivo camarário socialista tem seguido, dotando o concelho de uma rede de equipamentos de elevada qualidade e que nos colocam na dianteira dos concelhos de interior mais desenvolvidos.

E é essa linha, que através de um esforço sobrehumano, tantas vezes difícil e incompreendido, o actual presidente da Câmara tem seguido, para dar continuidade a uma obra gigantesca, implementada na cidade e nas actuais 29 freguesias do concelho!
Comemorar Abril é isto mesmo. É ter esperança, é querer mais, mas é também reconhecer o que se tem feito. É saber de onde se parte e para onde se quer seguir. E muito tem sido feito, como daremos conta no próximo dia 29, aquando da discussão das contas de gerência do município.

Mas mesmo com muito trabalho feito, há ainda muito caminho para desbravar!

Um caminho onde todos cabemos, dentro do tal desígnio de desenvolvimento económico que está a ser seguido no concelho, e que nos tem mobilizado. Um caminho e uma estratégia que tem e vai continuar a assentar na reivindicação dos Itinerários Complementares da Serra da Estrela.

Haja o que houver, não podemos desistir. Não podemos parar. Seia e esta região, mesmo em tempo de vacas magras têm de continuar a exigir os IC’s, nem que seja para fazer um de cada vez. Temos de lutar e procurar influenciar, para que tais obras se executem. Repito, nem que seja uma de cada vez!

Por isso, é importante que em tempo de campanha eleitoral, todos os candidatos do distrito, sem excepção, digam claramente se apoiam ou não esta justa aspiração das nossas populações.

Cumprir Abril é também abrir caminhos nas zonas mais flageadas do país e mais afastadas dos grandes centros, combatendo assimetrias.

Cumprir Abril é fazer justiça para com as populações que reclamam há decadas, sem ser ouvidas e atendidas, como acontece em matéria de acessibilidades à região.

Mas porque acreditamos e porque reconhecemos que este governo tem feito muito pela coesão territoral – vamos partir para esta caminhada decisiva com esperança e com determinação, no desejo de ver cumprido um outro designio de Abril.

Neste dia histórico em que assinalamos a revolução que conduziu Portugal à liberdade e ao progresso, quero também lembrar o papel do poder local no desenvolvimento do país em geral e do nosso concelho em particular.

E neste registo, sublinho a confiança que deposito no actual presidente Carlos Filipe Camelo, que mostrou já, saber interpretar as novas realidades e os novos desafios a seguir, no cenário mais negro que alguma vez se espreitou desde 1974.

Contamos consigo, senhor Presidente, para abrir as portas que abril abriu, no arrojo e no afinco que lhe reconhecemos, de modo a conduzir o concelho de Seia a um patamar ainda mais elevado.

Por tudo isto, há uma mensagem clara que queremos transmitir á população do concelho de Seia – o PS está a dar o seu melhor para ultrapassar as dificuldades, para procurar melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e para minorar muitas angústias que inexperadamente se abateram sobre várias famílias. A aposta social da Câmara e o empenhamento efectivo na captação de investimento, são algumas das realidades mais visíveis e determinantes. Porque se tudo está a mudar, o PS não se acomoda e por isso, reforça permanentemente o seu empenhamento e o seu esforço, introduzindo cada vez mais exigência naquilo que faz.
Porque acreditamos e porque temos esperança, assim continuaremos a fazer, dia-a-dia, hora-a-hora!

É tradição, as Assembleias Municipais reunirem em sessão extraordinária para evocar o Dia da Liberdade. É assim desde a implementação do Poder local democrático em Portugal. E desde essa altura que há uma outra sessão ordinária também em Abril, para aprovação das contas de gerência do município. Neste município e nos outros de todo o país.

Por isso e antes de terminar, gostaria de fazer aqui uma referência às criticas naturais que se ouviram sobre a pertinência da realização desta assembleia.

Gostaria de dizer que é nesta actual conjuntura que faz todo o sentido reunirmos e falarmos, porque é nos períodos dificeis que devemos falar mais, para não cairmos no desânimo e procurar alinhar estratégias e definições. Procurar desinquietarmo-nos uns aos outros, sem levarmos a mal, fazendo auto-critica e redobrando forças e empenhamento para os tempos adversos e nada facéis que aí vêm.

Sobre os gastos com a realização da Assembleia, julgo que essa é uma questão que terá de ser remetida para o quadro da reforma do sistema eleitoral autárquico, que os partidos nacionais, de uma vez por todas terão de executar. Há muito para fazer neste domínio, e não é uma reunião isolada em Seia, que faz a diferença!

É o próprio papel da Assembleia que está em jogo e que tem de mudar, como a forma de eleger as Câmaras e as Juntas de Freguesia. Deram-se passos na limitação de mandatos, mas não se fez mais nada e é preciso fazer e mudar nesta matéria.

E sobre os gastos com a realização desta assembleia, o que eu posso dizer é que, da minha parte o que me move aqui não é o valor das senhas, como certamente a vós, mas o desejo de participar na coisa pública, como já o faço nas várias acções de cidadania em que estou envolvido. Por isso, e como gesto simbólico, irei entregar o valor da senha de presença da sessão de hoje à Associação de Beneficência do Sabugueiro, que é uma IPSS a que presido e que muito tem feito pelo desenvolvimento social do concelho. Se mais alguém o quiser fazer, a associação agradece!

E termino, como comecei- 25 DE ABRIL, SEMPRE!

Mário Jorge Branquinho, PS
Seia, 25 de Abril de 2011

4 comentários:

Lisandro Nogueira disse...

Parabéns pelo seu discurso/texto. Um abraço, Lisandro Nogueira.

seia.portugal disse...

obrigado Lizandro. abraço. mário

Anónimo disse...

Abaixo com os entendimentos partidários que só nos vão afundar ainda mais... abaixo o FMI e as suas medidas anti-sociais e anti-populares... abaixo com a politica que vem sendo seguida pelo ps, psd e cds há 35 anos que nos conduziu a esta situação e não os "Portugueses/cidadão comum" que não vivem por certo acima das suas possibilidades.

LIBERDADE, DEMOCRACIA, JUSTIÇA SOCIAL, SOBERANIA

25 DE ABRIL SEMPRE, FASCISMO NUNCA MAIS!

A. Madeira disse...

Apesar de muitas das promessas continuarem por cumprir, valeu a pena a Revolução de Abril! 37 anos se passaram e, muitos daqueles que nasceram depois, não sabem nem sonham, como se vivia nos tempos da ditadura.Obrigado aos capitães de Abril e, a todos, que lutaram pela Liberdade em Portugal.
Parabéns a si, Dr. Mário Jorge Branquinho, pelo discurso e, pelo seu empenho, divulgação e dedicação, em prol do nosso Concelho.
A. Madeira