Espécie de Criativa
Do frio nasce o frio, que faz do frio que se vê através da janela, parecer ainda mais frio do que é. Mas porque o frio que faz lá fora, nestes tempos de festa, nos faz lembrar mais frio, como frias as relações dos homens, fingimos ou fazemos que vemos no coração das pessoas o calor que nos faz falta a todos, pelo menos nestes dias de frio e de festa.
E querendo fazer do frio, o frete que faz frente á fúria que fura o sentimento das pessoas nesta altura do ano, largamos frondosas frases, feitas de propósito, a formular votos de boas festas, em tempos de fracos recursos e de fracos farnéis.
E fundados no frio que faz, afundados em dívidas fecundas e soberanas, frequentamos faustosos lugares, acima das posses, periclitantes, frontais e faltosos e duplamente contraditórios entre o ter e o poder. Que ainda para mais, o frio aperta, como tudo o que demais aperta. E tudo em apertos, como no frio que aperta.
E fecundados iremos, como vamos em fugazes fúrias, facilitando o querer, como que a fazer frente á frente fria, que em desatino se abate sobre nós e nos faz passar maus bocados.
E nós rogados, frequentamos na fraqueza os dislates das fortes correntes que impelem as modas, e nas molas que nos forçam os feitios, deitamos a perder a fina flor que fingíamos ser, sem fornecer dados confidenciais. De fígados fracos e fortes suspiros, espirramos no défice que sobe mais do que desce, na fila financeira que não engana. E de filigrana vetusta, é a fatiota vestida no desfile de infiéis que passam a fugir, sem cuidar de ver do frio que faz nos mercados do ser e do parecer, fazendo-se amiúde forte, mas falsamente rico.
E fraco rei faz fraca a forte gente, daí que a famosa frase se esbata no frio que faz e tanto fez como tanto faz. E assim se faz fogo no frio das ideias á espera que o tempo passe.
E pronto, faz frio e faz tempo que adivinhávamos o vendável que vemos, em todas as frentes, em todos os mercados e a falta que faz não termos feito trabalho de casa e seguido recomendações da farta fartura que não tínhamos. Mas pronto! Fazemos agora das tripas coração e vamos em frente, ao frio e com frio, fazendo votos que isto mude. E assim ficam as frases e a conversa fiada e assim vamos, sem fadas, neste fado falado, que cantado ninguém acredita!
Fosca-se!
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