segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Serra da Estrela, esta serra que se escreve assim


A serra é alta, enigmática e a sua aparência é tão suave como o canto do mocho em vias de extinção. A serra é fria e a brisa que sopra por entre as penedias desta escrita é leve e leva-me a procurar descrevê-la. Por outro lado, a serra apresenta-se vestida de mil cores, pintada por inúmeros pintores, à espera de curiosos turistas ou de pessoas locais, que sem sair para fora, podem viajar cá dentro!

A curiosidade é sempre boa conselheira, bailando connosco nas andanças verdejantes nos extensos campos da serra, onde serpenteiam surpresas vivas e saudáveis sensações. Saber o que está para lá dos montes, por baixo das pontes, no fundo das lagoas, nas encostas empedradas, no fundo dos rios ou nas vulvas das flores que brotam do rosmaninho, são prazeres que extasiam.

No servum que serve de acolchoado, saltitam gafanhotos de contentamento em dias primaveris, sem chuva e sem vento, já que a maior parte do tempo, o manto branco da neve cobre tudo. Articulado entre paz e natureza, está a leve harmonia de sensações capazes das maiores atracções e libertações. 

São belezas atractivas adjacentes ao supra citado articulado e que aqui se realça, com a mesma profundidade com que se eleva a grandiosidade desta serra imponente. E não se pode dizer que não há grandeza na simplicidade destes fenómenos naturais, com a mesma transparência com que correm as águas cristalinas dos ribeiros atrevidos. É imensa a força da raiz desta tela pintada, onde também
há pessoas que vivem e sentem o pulsar que marca o compasso da natureza. Enfim o quadro é lindo e a pintura não pode ser borrada!

MJB, in O Mundo dos Apartes, Seia, Maio 2002


@MárioBranquinho

Sem comentários: