Olhando assim ao longe, para ver de perto o estado em que o Estado está, parece surgir-nos -nos a ideia da fatalidade longínqua que outros traçaram e traçam aqui e além, ao perto do destino, esse fatídico e ambíguo fardo e quase nem sabemos que mais dizer, senão bem.
O mundo desaba, mas não cai. Dizem que o descalabro ocorre em larga escala, mas não colhe nem consta que colherá, na emoção que ferve e faz andar o mundo. Parece poesia, mas vale a pena ver o estado psicológico da nação pela positiva. Vale a pena desafiar a malta a animar-se, porque como ontem, hoje o que faz falta é mesmo animar a malta!
Se deixarmos correr na corrente, nessa lamúria frequente, cedo secamos às portas desse tamanho fracasso que brota e enxota até cair de morto. E se velhos não somos, nem derrotistas queremos ser, sempre é bom crer na força dos homens que se eleva na verga do marasmo que a apatia pariu.
Vamos aonde podemos ir, no longe e no perto, na eira e na beira e à beira de qualquer risco, a sentir a brisa da garra e o seu contrário, agarrados á fúria que faz furor e nos dá ânimo a continuar, porque o mundo não acaba amanhã e nem tudo vai desabar. E precisamos de acreditar e andar.
Afinal, porque pensamos que não vale a pena, se nunca houve tanto progresso? E de que vale a angústia se a ciência é que nos vale diária e paulatinamente e nos eleva a novos patamares de prazer e nos prolonga a vida? Teremos nós consciência que a consciência do dever cumprido está comprometida? Saberemos para onde vamos, se ontem a felicidade era maior com menos recursos? E de que vale dizermos que temos tudo, se no tudo não cabe tanta alegria, como a simplicidade impõe? E de que vale criticarmos se na interrogação que fazemos não coube nem cabe aquilo que cada um de nós fez ou faz, ou diz que tanto faz, para fazer andar essa roda que entretém a banalidade dos dias e nos leva a lugares melhores?
Enfim, vale a pena não pensar muito no estado em que isto está sem pensar como fazer e o que fazer, para mudar para melhor, que o mundo somos nós e o mundo nos cabe na mão, nessa mão que nos leva a passear, seja na dureza da vida ou no imaginário que nos embala.
Sim, é melhor ir assim.
Seia, 27 de Janeiro de 2011
Mário Jorge Branquinho
Texto para o jornal da EB 2,3 Tourais, Paranhos
3 comentários:
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Fonte: A Comarca de Arganil de 17/2/2011
A. Madeira
Começo, realmente a pensar nos avanços que o mundo fez nestes ultimos 10 anos e nos que fará nos proximos 5. Penso estarmos a dar passos gigantes numa mudança rápida de mentalidades e hàbitos...a meu ver no bom sentido...mas cada um tem o livre arbitrio de avaliar...
eugenio matos
É urgente denunciar que o explorador quer culpar o explorado pela crise actual. MAs isso é ainda mais grave num quadro como o que vivemos, em que o poder político e económico nunca passou pelas mãos do trabalhador e esteve sempre nas mãos do patrão. E em Portugal, tal é o descaramento, já vão longe ao ponto de dizer que a crise é culpa do 25 de Abril!
Dia 19 de Março vamos mostrar que a crise se combate com a valorização do trabalho, da produção nacional e dos direitos! contra a política de direita, marchar, marchar!
M. Almeida
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