Mais de mil espetadores passaram nos dois primeiros dias no
Auditório e Cineteatro da Casa Municipal da Cultura de Seia, no arranca da 20ª
edição do CineEco. Adesão maciça e espontânea, para filmes em competição e para
sessões especiais, revelando que o festival cria o seu público e faz o seu
caminho. Ou seja, no fim-de-semana, quando as pessoas não trabalham, encontram
mais disponibilidade para ir ao festival e marcam presença nas várias sessões
realizadas. Durante a semana, naturalmente que as escolas marcarão maior
presença, o que não quer dizer que os outros públicos não marquem igualmente
presença, sobretudo ao fim da tarde e inicio de noite. Na perspetiva de que a
comunidade se revê e vai ao CineEco, sempre que pode, usufruindo. Apesar dos
recursos limitados, quer pelas iniciativas paralelas, quer pela promoção na
imprensa, incluindo a parceria com a SIC Noticias, o festival tem sido falado e
tem feito caminho em vários canais de comunicação.
Deste primeiro fim-de-semana, destaca-se o facto de pela
primeira vez ter sido exibido na sessão de abertura oficial, um filme em
competição e com sala quase cheia. Mais de 300 pessoas viram em estreia mundial
Love Thy Nature, de Sylvie Rokab, um filme soberbo do ponto de vista ambiental.
Que fala de tudo um pouco – da ligação do homem à natureza, de hábitos de vida
saudável, de alimentação, de espiritismo e acima de tudo, da importância de uma
boa relação do homem com a natureza, num tempo que corre muito depressa. Uma
sessão que contou também com o documentário de Eduardo Amaro, encomendado pelo Município e que assinala a 20ª edição do CineEco.
Outro momento alto do fim-de-semana foi a exibição em sessão
especial de Trama, uma curta-metragem de Luísa Soares, que também quase esgotou
o Cineteatro, com a presença de muitas pessoas ligadas no passado à indústria
têxtil. E este constitui mais um forte contributo do festival para a
valorização do património histórico-cultural do concelho de Seia. Um contributo
para a evidência criativa dos agentes culturais locais. Um filme da região, assente
num aspecto cultural identitário, que diz muito às comunidades locais – a memória
dos têxteis – numa abordagem de excelência, fora de hipotéticos amadorismos e
com conta, peso e medida, capaz de emocionar.
A presença do Secretário de Estado do Ambiente também
chancelou importância e notoriedade ao festival, numa cerimónia onde o Presidente
da Câmara reiterou o desejo da autarquia em manter no seu calendário cultural a
realização do CineEco.
O contributo dos parceiros e patrocinadores, que são cada vez mais, revela igualmente o interesse no festival e no seu simbolismo, enquanto espaço de afirmação e de encontro de plataformas criativas e de reflexão. Assim como a presença de diretores, realizadores, jornalistas e espetadores de outras paragens, que vão despontando e vêm espreitar este pequeno fenómeno na Serra da Estrela.
Um excelente começo de festival, em Seia que faz do CineEco
uma imagem de marca e que acrescenta à cidade mais notoriedade e afirmação no
plano cultural e ambiental. Que acrescenta um pouco mais ao ego de cada um dos
seus habitantes, em tempos difíceis marcados pela dureza das conjunturas e da estigmatizante
interioridade alapada a estes territórios ditos de baixa densidade.
MJB
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