Os que dizem que não se passa nada em Seia são aqueles que
não vão a nada e quando por raríssimo fenómeno vão, é para apontar defeitos.
Não os vemos no cinema, num concerto, num espectáculo de teatro ou dança, numa
festa, num bar, etc. , mas dizem que não se passa nada.
Esses tais, que felizmente são poucos e a gente pouco liga,
mas que se alargam em considerandos e mesquinhices, são os mesmos que ao verem
um evento num qualquer concelho vizinho, correm logo a alvitrar que ali é que é
bom e se faz bem e que aqui é tudo um marasmo. Mas dizem que não se passa nada,
admitindo mais tarde, quando confrontados, que haver até pode haver, mas não se
sabe, porque não é bem divulgado. Não dão com um cartaz em montras da cidade, nem
com outdoor’s ou mupis, ou notícia de jornal, nem rodapé de tv, nem sequer
sabem onde fica uma agenda cultural digital do município. E quando dão por ela,
num site ou num facebook bem perto deles, é quase sempre para dizer coisas do
género, - de que é pobre, que é pouco – e quando há de facto um evento maior, -
que é muito e se gasta dinheiro e que o melhor é não fazer.
Esses mesmos que nunca viram um filme do CineEco, um
concerto de Jazz & Blues, mas que falam, por falar. Que desconhecem que há
exposições permanentes em vários espaços da cidade e nunca se vêm por lá. Esses
mesmos que nunca entraram no CISE, mas que o criticam, ou porque lá não se faz,
ou porque o que se faz não presta. Nem uma entrada deles alguma vez foi
registada, num qualquer museu de Seia. Esses mesmos que provavelmente nunca
passaram de Valezim para lá, não conhecem Loriga, Teixeira ou Vide e todas
aquelas belezas naturais do concelho. Esses que só foram à Cabeça, porque
ouviram falar que este ano foi Aldeia Presépio e porque provavelmente viram e
enalteceram o programa que a RTP transmitiu de lá em direto com muita música
pimba. Porque sim, porque dá nome á terra e coisa e tal!
Esses que falam por falar, nunca pegaram num poema e o leram
num qualquer espaço cultural da cidade. Nunca entraram numa biblioteca, ou se
entraram foi para virem dizer que entra lá pouca gente. Esses mesmos que não
contam em qualquer registo numa das mais de 30 mil entradas anuais na Casa da
Cultura de Seia. Esses tais que não sabem da felicidade de disfrutar de arte em
estado puro, de descodificar mensagens ou de alinhar uma conversa em torno de
um qualquer objecto artístico usufruído por cá. Esses mesmos que não conhecem
um palco, mas a localização de todas as lojas de marca num qualquer shopping de
Viseu, Coimbra ou Lisboa. Que não gastam dinheiro num bilhete de cinema mas o
derretem num qualquer comestível supérfluo, ou em farturas e foguetório em
festas populares, que eles também desconhecem mas que frequentam e ninguém tem
nada a ver com isso.
Não vão onde há eventos e por isso não sabem que todos os
fins de semana há acontecimentos culturais, sociais e desportivos, mais ou
menos relevantes no concelho. Que há muitos homens e mulheres envolvidos em projectos
criativos e significativos no nosso concelho. Muito voluntariado, muito
profissionalismo, pedagogia e excelência, a que muitas instituições e
particularmente escolas, emprestam brilho e dedicação.
Como nós os compreendemos e como tão bem os descreveu
Camões, sem os conhecer, quando os apelidou de “Velhos do Restelo” ou quando ao
terminar os Lusíadas, lhe atribuiu esse terrível defeito, que é sempre dos outros
- a inveja. Daí a critica, de que, se se faz é porque se faz e se não se faz, é
porque não se faz.
Os que dizem o que
dizem e felizmente são poucos, pensam que dizendo o que dizem, denigrem, mas julgamos
estarem enganados, porque deles não haverá réstia de incómodo, nem propagação
de má-onda, pela má-língua permanentemente afiada. Deles virá, antes, estimulo
e entusiasmo, para todos nós, enquanto agentes da comunidade e atores do
desenvolvimento local, nos envolvermos redobradamente pela positiva, para dar
cada vez mais dinamismos à nossa terra e fazer das fraquezas paixão e inovação.