Julgo que a Assembleia, além de ser o órgão fiscalizador da actividade da Câmara e que aprova os documentos fundamentais, deve ser uma espécie de Think Thank , ou seja um catalisador de ideias relacionadas com o desenvolvimento do concelho.
É certo que vêm aí eleições no final do ano. Um mandato estará a terminar, mas os membros da Assembleia Municipal de Seia devem exercer o seu papel até ao último dia como se fosse o 1º dia.
Exigência e rigor é o que se pede hoje e cada vez mais no exercício da actividade autárquica.
Exigência para novos investimentos, mas exigência também na administração. Na forma de lidar com a burocracia, facilitando o acesso dos cidadãos aos serviços de modo a resolver melhor os seus problemas.
A par da exigência e do rigor, surge também a criatividade e a inovação, - daí a urgência de se procurarem novas soluções a cada dia que passa.
Daí a necessidade da criação de novas oportunidades efectivas, geradoras de riqueza, capazes de proporcionar emprego aos cidadãos.
O mundo está cada vez mais desigual e em Seia não fugimos à regra. Nunca como agora foi tão urgente pensar novas formas de ocupar as pessoas e terem os seus rendimentos.
Porque fecham todos os dias fábricas por todo o lado, assustamo-nos e procuramos reagir, sem esmorecer. E se o trabalho tradicional de laboração de fábricas está em crise, então pensemos em novas formas de trabalho. Em ideias que vão de encontro a novas necessidades, sem deixar de ter os pés bem assentes na terra.
É preciso olhar cada vez mais para as novas Tecnologias e para o empreendedorismo efectivo, como a Câmara está a fazer e que importa ancorar.
É preciso olhar para o ensino e ver de que forma se pode criar mais riqueza para a comunidade local, - lançando por exemplo novos projectos de ensino artístico como tem feito o conservatório de música.
Nas escolas, os professores poderão dedicar-se cada vez mais à “educação criativa”, já que vamos ter modernos Centros Escolares onde os alunos podem dispor de recursos tecnológicos e desenvolver ideias e talentos fora do programa curricular.
As “indústrias criativas” trazem mais conhecimento, mais emprego e mais riqueza como demonstram os resultados no Reino Unidos onde este sector já representa 8 por cento do Produto Interno Bruto.
As indústrias criativas estão na moda, mas há modas que bem exploradas, bem pensadas e bem implementadas dão resultado. Seia já tem hoje um conjunto de empresas dedicadas ao design criativo e à culturapode desenvolver novas frentes neste domínio.
Riscus
L design
Ideias soberbas
Imagem Multimédia
Hoc net – Alojamento e registo de domínios
Museu do Pão
Estúdios fotográficos,…
É preciso igualmente olhar para o terceiro sector, - que é o da área social e incrementar novos projectos para problemas sociais emergentes, dar emprego a recém licenciados, melhorando simultaneamente a vida das pessoas. E não podemos pensar apenas em Lar de idosos, no verdadeiro sentido do termo. Há muito mais caminho a desbravar. Há gente com muita dificuldade. Muita marginalidade e por isso, muito trabalho para fazer e o que falta não é só acção exclusiva do município. A iniciativa privada pode e deve intervir. Já há exemplos bem sucedidos.
O turismo também é outra área privilegiada como todos sabemos, e daquilo que tenho estado a dizer não é nada de novo, como não é surpresa dizer que o turismo é talvez a área mais promissora nesta região da serra da Estrela. É preciso estimular potenciais investidores para a construção de novas unidades hoteleiras. O investimento recentemente anunciado do empreendimento turístico “Estrela Golf Resort” deverá ser uma mola impulsionadora para novos projectos, juntando-se ao novo hotel da senhora do espinheiro e a outros projectos em marcha.
O Triangulo Paranhos – Seia – Sabugueiro - Torre e Alvoco – Loriga é inevitavelmente o eixo que terá de sustentar a nossa orientação estratégica em matéria de desenvolvimento turístico.
A aposta nos produtos gourmet tem de ser acentuada e valorizada – girando em torno do queijo da serra, requeijão, vinho, doces, ervas aromáticas, mel, enchidos, etc. assim como o nosso património histórico e arquitectónico, com enfoque no religioso deverá ser mais explorado e valorizado.
Há uma crise generalizada, mas continua a haver gente com muito dinheiro, que procura produtos e serviços de Excelência. É preciso procurar nichos de mercado em tempo de crise.
E não nos deverá chocar o sentido repetitivo das palavras e a insistência no discurso, porque é por aqui que temos de ir, lembrando a cada momento e insistindo a cada instante, estimulando-nos uns aos outros para acompanharmos os desafios que se nos colocam e termos sempre espírito de iniciativa, porque parar é morrer. Para ver se escapamos à onda que parece querer varrer-nos e que nos entra todos os dias pela televisão.
Não nos devemos importar com chuva de ideias, nem com o eventual ridículo de as expor, porque da discussão nasce a luz e o brainstorming sendo feito de forma saudável, não consta que alguma vez tenha feito mal a alguém.
Também não nos devemos deixar ir na ideia de que é a autarquia que tem de fazer tudo.
É certo que às Câmara se pede cada vez mais que ajudem a fazer, que abram portas, simplifiquem burocracias e agilizem processos. E não basta criar Gabinetes de Apoio ao Investimento. É preciso criar uma rede de agentes de desenvolvimento que vão ao terreno, junto de potenciais agentes empreendedores para estimular e junto dos centros de decisão para facilitar o acesso aos mais variados instrumentos financeiros que se colocam à disposição.
É preciso perder tempo com quem pode e deve investir.
Meus senhores e minhas senhoras
A pouco mais de meio ano de terminarmos a nosso mandato enquanto membros da Assembleia Municipal de Seia, devemos reflectir sobre tudo o que andámos a fazer ou não fizemos na nossa missão enquanto autarcas, e procurar fazer-fazer no tempo que ainda resta para sermos merecedores do voto dos eleitores que nos elegeram e em nós confiaram.
Porque, em meu entender a Câmara tem feito bem o seu papel, cabendo agora perguntar se a Assembleia também tem estado à altura da sua responsabilidade.
Mário Jorge Branquinho