O Poder Local tem sido ao longo das últimas quase 4 décadas
uma grande mola impulsionadora do desenvolvimento das regiões do nosso país.
Com o passar dos anos, as vicissitudes vão-se alterando. Hoje, por exemplo, governar uma Câmara Municipal, como é o caso de Seia, é em minha
opinião, assentar a ação política em 4 vetores fundamentais: gerir, conservar,
reivindicar e abrir novos caminhos.
Apesar do município ter um orçamento da ordem dos 20 milhões
de euros, face à situação financeira, com pagamento da divida e de outros
encargos fixos, como sejam ordenados, águas, resíduos, eletricidade e outros,
sobra pouco mais de um milhão de euros. Neste sentido, quase que se pode dizer
que o Presidente será um gestor de pouco mais de 1 milhão de euros em Opções do
Plano. Ou seja, é preciso procurar fazer muito, com pouco dinheiro e muita
imaginação, como se tem visto até aqui.
Outro vetor importante é o da conservação dos equipamentos
existentes, bem como a sua dinamização. Essa é uma tarefa complexa, face à
escassez de recursos, mas mesmo assim, importa continuar a desenvolver
mecanismos de dinamização e de incremento de atividades, para dar vitalidade ao
concelho. Falamos de equipamentos importantes no quadro de dinamização cultural
e desportiva como sejam museus, CISE, Biblioteca, Casa da Cultura, Pavilhões,
etc.
Em simultâneo, julgamos de elementar importância o peso
politico na reivindicação junto do Governo para manter serviços da Administração
Central, como sejam o Hospital, o Centro de Emprego, o Tribunal, a Escola de
Turismo e Hotelaria e outros serviços, com a qualidade que os cidadãos deste
concelho merecem. Ou reivindicando vias de comunicação em falta, como os
Itinerários da Serra da Estrela ou novos serviços da administração central.
Por aqui o Município de Seia liderado por Carlos Filipe
Camelo também tem feito o seu caminho, embora esbarre muitas vezes no muro do
silêncio dos vários Ministérios. O que na atual conjuntura se verifica é que os
Ministros ou não recebem os Presidentes de Câmara ou nem sequer lhes dão
respostas a solicitações, tal tem sido a estratégia de afunilamento de
governação do país e em particular do Interior. Não bastava o forte ataque que
este governo tem feito ao Poder Local, para se constatar esta falta de abertura
ao que é reivindicado, independentemente das cores partidárias de cada
município.
Mesmo assim, a luta tem de continuar e as reivindicações
devem acentuar-se, em defesa das populações destas regiões deprimidas, pelo seu
isolamento.
Por último, cabe às autarquia abrir novos caminhos para
captar investimentos e gerar riqueza, face a desafios surgidos num quadro de
mudança de paradigmas. As receitas de ontem não são mais as mesmas para os
problemas de hoje e os erros do passado devem servir para corrigir estratégias.
É preciso captar investimentos e embora a indústria têxtil e calçado deem
sinais de solidez no mercado atual, há outros caminhos que devem continuar a
ser seguidos, no quadro estratégico rumo ao ano 20. E um dos caminhos será
certamente pela via da valorização do setor primário, com incremento de
produtos agroalimentares e de pastorícia, associados ao setor turístico, a
precisar de novo empurrão. Iniciativas incrementadas numa lógica de partenariado
e viradas para o resultado, assentando sobretudo nos efeitos diferenciadores,
em lógicas de competitividade saudável e coesão territorial indispensável.
É certo que vamos ter nos próximos 4 anos algum dinamismo na
economia local com a construção da barragem de Girabolhos, mas em simultâneo
teremos de continuar a procurar novos investimentos, que é quem nos pode
salvar, travando a saída de pessoas, fixando-as pelo emprego. Porque hoje, já
não é só o Interior do país que sofre o flagelo da saída de pessoas para o
estrangeiro, mas o país todo, com a debandada de mais de 120 mil pessoas por
ano e uma grande parte com cursos de formação superior.
Neste contexto, de várias frentes de combate, há ainda que
ter coragem e resistir, resistindo, para continuar a viver no Interior, para
continuar no país!
Artigo publicado na última edição do Jornal porta da Estrela.
Sem comentários:
Enviar um comentário