quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A crise na passagem de ano

Chega um ano ao fim e no dealbar de um novo ano fazem-se balanços, do que correu bem, do que foi mal e do assim-assim. Fazem-se balancetes de deve e haver na vida particular, na profissional, no andamento das coisas do desenvolvimento da terrinha onde vivemos, do país que somos e do mundo todo.De uma maneira geral, o que fica nesta passagem sabe a amargo, um sabor desenhado nesse grande ponto de interrogação que se chama futuro próximo. Em Portugal, como lá fora, são os pobres a pagar a crise e isso começa a criar laivos de revolta. Um pobre que não paga uns cêntimos às finanças é “coimado” e os bandidos dos bancos que se fartam de roubar aos pequenos em taxas, aplicações, desvios e outros desvarios, nada lhes acontece.Isto não está bom, o modelo social e económico pode ter as suas fragilidades e tem inevitavelmente de ser repensado, à luz de Marx, Keynes ou outro tipo qualquer, mas a culpa não é só da falta de controlo dos mercados, porque muito controlo também significa burocracia a mais e morosidade processual. A este propósito convém relembrar a visão actualíssima de Keynes que se fundamenta no princípio de que o ciclo económico não é auto-regulador como pensavam os neoclássicos, uma vez que é determinado pelo "espírito animal" dos empresários. É por esse motivo, e pela ineficiência do sistema capitalista em empregar todos que querem trabalhar que Keynes defende a intervenção do Estado na economia. Enfim, aquilo que estamos a assistir. Por isso, tudo está a ser repensado; na forma de poupar, de investir e de viver, na vida de cada um, na empresa e nessa colectividade imensa que é o mundo a todo o cumprimento. Por isso, o que se percebe é que o indivíduo depende cada vez mais de si. Os que têm emprego, nunca como agora se seguraram a ele e percebe-se bem porquê. Quem os tem que os estime, - é uma velha máxima que faz agora muitíssimo sentido. Os outros, labutam e batem corajosa e humildemente às portas na perspectiva de um lugar para o sustento. Mas em tempo de crise a criatividade e a ousadia fazem muito mais sentido. Muitos povos tiveram as suas guerras e dos escombros foram levantando impérios e potências mundiais. E é fácil verificar que aqui e ali já há sectores emergentes a ganhar com a crise. Ainda hoje falava com uma pessoa de uma oficina de automóveis que constatava o aumento de trabalho, porque as pessoas já não compram tantos carros novos, logo vão mais vezes à oficina de reparações. Neste contexto, o que se verifica é que as empresas procuram reagir, soltando-se de práticas antigas e por ventura ultrapassadas para se lançarem em novas frentes. Faz por isso, cada vez mais sentido a expressão de que – “a dificuldade real em mudar uma empresa repousa não no desenvolvimento de novas ideias, mas em conseguir escapar das antigas". Enfim, tudo isto existe, tudo isto é complicado, mas como temos de ser positivos e temos de falar de alguma coisa, formulamos votos de bom ano, com saúde, felicidade e não esquecer, … pontapé na crise!
Nota:
Nós a falar da crise e o Cavaco preocupado com os seus poderes nos Açores.

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