A serra é alta, enigmática e a
sua aparência é tão suave como o canto do mocho em vias de extinção. A serra é
fria e a brisa que sopra por entre as penedias desta escrita é leve e leva-me a
procurar descrevê-la. Por outro lado, a serra apresenta-se vestida de mil
cores, pintada por inúmeros pintores, à espera de curiosos turistas ou de
pessoas locais, que sem sair para fora, podem viajar cá dentro!
A curiosidade é sempre boa
conselheira, bailando connosco nas andanças verdejantes nos extensos campos da
serra, onde serpenteiam surpresas vivas e saudáveis sensações. Saber o que está
para lá dos montes, por baixo das pontes, no fundo das lagoas, nas encostas
empedradas, no fundo dos rios ou nas vulvas das flores que brotam do
rosmaninho, são prazeres que extasiam.
No servum que serve de
acolchoado, saltitam gafanhotos de contentamento em dias primaveris, sem chuva
e sem vento, já que a maior parte do tempo, o manto branco da neve cobre tudo.
Articulado entre paz e natureza, está a leve harmonia de sensações capazes das
maiores atracções e libertações.
São belezas atractivas adjacentes ao supra citado
articulado e que aqui se realça, com a mesma profundidade com que se eleva a
grandiosidade desta serra imponente. E não se pode dizer que não há grandeza na
simplicidade destes fenómenos naturais, com a mesma transparência com que
correm as águas cristalinas dos ribeiros atrevidos. É imensa a força da raiz
desta tela pintada, onde também
há pessoas que vivem e sentem o pulsar que
marca o compasso da natureza. Enfim o quadro é lindo e a pintura não pode ser
borrada!MJB, in O Mundo dos Apartes, Seia, Maio 2002
@MárioBranquinho